O cliente cada dia demanda mais qualidade nos pintos que a planta entrega em sua granja. Qualidade medida por uma baixa mortalidade e por um bom ganho de peso nos primeiros dias. A seguir descreveremos cinco manejos que contribuirão para melhorar a qualidade dos pintos.
1.-Preaquecimento uniforme
Este manejo visa que os ovos que estão no quarto frio a 15 -16 °C consigam atingir uma temperatura superior ao zero fisiológico (20-25 °C) da forma mais homogênea possível antes do início do perfil de incubação.
O tempo para chegar aos 25 °C varia conforme a idade das reprodutoras e a raça. Dentro da incubadora de carga única fica em torno de 5 a 6 horas, e no corredor, 12 horas. Confira! Cada planta é diferente!
Com que objetivo se faz o preaquecimento?
- Para que os pintos nasçam ao mesmo tempo e não precisem esperar dentro do nascedouro enquanto nascem os outros, desidratando-se e contribuindo para a desuniformidade dos lotes ao chegar à granja.
- Em carga múltipla, este manejo ajuda a evitar que os ovos a serem carregados reduzam drasticamente a temperatura dos ovos carregados previamente.
- Reduzir a possibilidade de que os ovos suem, com as negativas consequências geradas pela contaminação bacteriana –Foto 1.
Incubadoras de carga única
As incubadoras de carga única são ideais para o preaquecimento, já que, devido à sua ventilação, o calor se distribui em seu interior de forma homogênea e sua ventilação evita que os ovos suem.
No caso de carga múltipla, o preaquecimento pode ser realizado numa sala vizinha verificando que todos os carros com ovos sejam expostos à mesma temperatura ou no corredor em frente às máquinas. Cabe destacar que alguns pesquisadores recomendam preaquecer os ovos de aves maiores a temperaturas menores por um tempo prolongado.
Meijerhof e col –1994 relatou que ovos de reprodutoras de 58 semanas preaquecidos por 16 horas a 20 °C obtiveram um número maior de nascimentos do que os preaquecidos por 16 horas a 27 °C (89% vs 85,1%).
2.-Temperatura embrionária adequada
A temperatura é um fator crucial para a qualidade dos pintos. A maioria das casas genéticas e empresas fabricantes de equipamentos de incubação recomenda temperaturas embrionárias próximas a 100 °F (37,78 ºC).
Cabe destacar que estudos realizados em temperaturas muito menores (36,7 ºC = 98,06 °F) nos últimos dias relataram melhor massa muscular livre de gema e maior proporção de peso do coração em relação ao corpo –Maatjens e col 2014–. Temperaturas embrionárias acima de 100 °F (37,78 ºC) geram mais aves de segunda ou descarte, até 5% mais (Lourens e col., 2005), devido a problemas de patas e umbigos (botões negros); e com menor massa corporal livre do saco da gema.
São aves com bom peso, mas com uma porcentagem de saco de gema sem usar, superior muitas vezes a 20% do peso total do pinto (o ideal é menos de 10%). Em outras palavras, devido à alta temperatura, o embrião que estava crescendo deixou de usar os nutrientes da gema e passou a usar glicogênio muscular –Maatjes e col 2014; Leksrisompong e col 2007–.
Lourens e col 2005 e Joseph e col 2006 relataram que frangos incubados em altas temperatura (38,9-39,5 °C) entre 7 e 2 dias, chegavam a apresentar 13% menos de peso com uma semana de idade.
3.-Umidade adequada
Durante o processo de incubação, os ovos devem perder peso (água) para que ocorra a formação de uma adequada câmara de ar que facilite a saída das aves da casca. O máximo nascimento é atingido quando a perda de peso está entre 12 e 14% na transferência –Ar e Rahn 1980–.
Umidade muito baixa durante a incubação
O nascimento será adiantado devido, talvez, a que o ar tenha menos capacidade de mover o calor, aumentando assim a temperatura do embrião. Ao nascer antes da hora programada, as aves perderão peso durante sua espera.
Umidade alta
Se a umidade for alta, a formação da câmara de ar não será adequada, dificultando às aves a saída da casca –Foto 7–, muitas delas se cansarão e ficarão presas, enquanto outras, depois de esforçar-se, conseguirão sair, mas muitas vezes machucando os cotovelos (cotovelos vermelhos).
Umidade muito alta
Se a umidade for muito alta no nascedouro, após as aves saírem da casca, aumentará a porcentagem de aves de descarte por “fios” umbilicais
4.-Temperatura adequada
Uma vez que os pintos tenham sido submetidos à sexagem e à vacinação, eles serão alojados em um recinto à espera de serem carregados nos caminhões para o envio às granjas.
Esse local deve oferecer as condições climáticas ideais para que as aves encontrem sua zona de conforto sem fazer um gasto metabólico desnecessário. Ca b e lembrar que os pintos, nos primeiros 4 -5 dias após o nascimento, não regulam sua temperatura totalmente e dependem da temperatura ambiental que os rodeia .
A temperatura ambiental da sala de espera varia entre 24-28 °C dependendo da velocidade do ar gerado pelos ventiladores. A melhor maneira de saber qual é a temperatura adequada é verificando a temperatura cloacal das aves, a qual deve estar entre 103-105 °F (39,44 – 40,56 ºC). A concentração de dióxido de carbono na sala de espera deve estar em torno de 2000 ppm.
5.- Acesso ao alimento
No momento do nascimento, alguns sistemas fisiológicos dos pintos não se encontram totalmente desenvolvidos, entre eles o digestivo, o imunológico e o termorregulador.
Durante o processo de incubação, os nutrientes do pinto em formação provêm da gema e da clara, sendo em sua maioria lipídios.
- Vários estudos relataram que as aves que têm acesso imediato ao alimento atingem um peso maior no abate do que as aves que não tiveram alimento nas primeiras 48 horas. Mais importante ainda é a proporção de peito que chega a ser até 10% maior nas aves que não foram submetidas a uma espera no acesso ao alimento –Noy e Sklan 1998.
- Além de promover o desenvolvimento do sistema intestinal, a ingestão de alimento antecipada faz com que a absorção do saco da gema seja mais rápida devido ao aumento do peristaltismo intestinal –Vieira, 1999. Essa absorção do saco da gema é muito importante, já que ali se encontram as imunoglobulinas que deverão proteger as aves nos primeiros dias –Dibner e col 1998.
As aves que ingerem alimento com antecedência têm um desenvolvimento da bursa de fabricio maior até os 21 dias do que aquelas que não ingeriram alimento. Acredita-se que isso se deva à produção de glicocorticoides durante o jejum das aves. Os glicocorticoides comprometem a resposta imune humoral e celular de diversas formas, entre elas a síntese de citocinas, interferon, proliferação de células T que induz as células à apoptose, etc. Adicionalmente, relatou-se a presença precoce de IgA biliar e de centros germinais (órgãos linfoides secundários) em aves que têm acesso imediato ao alimento. Esta imunoglobulina faz parte do sistema imune das mucosas, sendo que sua presença mostra que o sistema humoral está bem desenvolvido.
Os centros germinais são concentrações organizadas de linfócitos T, B e células apresentadoras de antígenos requeridas para as respostas vacinais –Schat e Myers 1991. Adiar o acesso das aves ao alimento faz com que as importantes imunoglobulinas sejam utilizadas como fonte de energia –Dibner e col 1998–, tornando as aves mais suscetíveis a doenças.
As imunoglobulinas maternas atingem até 20% de todas as proteínas contidas no saco da gema ao nascer.
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