Quais as perspectivas para 2022?
Ariovaldo Zani: Sim, o otimismo sempre permanece porque a alimentação animal é um elo essencial na cadeia de produção de proteína animal.
No Brasil, esse problema se acentuou por questões cambiais, desvalorização do real frente ao dólar, o que tornou o custo desses insumos praticamente proibitivo.
De acordo com o MARA, em 2021 já foram confirmados 11 casos em 8 províncias, sendo o último em 9 de novembro. Portanto, é esperado que haja sim um crescimento no próximo ano, porém, menor do que o alçando neste ano de 2021. |
Como você vê esse movimento de busca de novos ingredientes para a alimentação animal? Tem alguma tendência que acredite ser promissora a médio prazo?
No Brasil ocorre uma situação parecida. E os setores privado e acadêmico têm buscado alternativas, entre as quais os cereais de inverno.
Por outro lado, a produção do etanol de milho gera um subproduto, ou produto derivado, que é o DDGS (grãos secos de destilaria com solúveis) ou DDG (grãos secos de destilaria), que tem um coeficiente nutricional apropriado. Dependendo da sua formulação, ele pode ser
Recentemente o Mapa abriu consulta pública para atualizar a legislação sobre a inspeção e fiscalização de produtos destinados à alimentação animal. Como você vê essa questão?
É uma proposta moderna do Ministério, batizada de autocontrole, que eu vejo com bons olhos. A atuação do Mapa era realizada de forma paternalista, determinando ao produtor como executar a produção na agricultura, pecuária, item primário, ou nutrição.
Afora isso, o autocontrole também contempla uma digitalização, modernização e automação dos processos, a exemplo de outros segmentos industriais. Essa modernização irá facilitar e agilizar sobremaneira a emissão de certificados e outros documentos oficiais e o processo de auditoria, pois o fiscal estará acompanhando on-time e on-line o que acontece na produção.
Então, sim, é uma evolução que acontece no Brasil, mas não é uma novidade ou exclusividade brasileira. Diversos países desenvolvidos e maduros já têm essa prática. |
Já a avicultura e suinocultura, embora venham migrando para a região Centro-Oeste, ainda se concentram no Sul. Além disso, há um certo descompasso na região Sul porque quando se colhe, não há tanta demanda e é preciso expedir o excedente pra a armazenagem na região Centro-Oeste. E quando a região chega no ápice da produção de proteína animal, acaba tendo que importar grãos da região Centro-Oeste. |
Existem algumas tendências que já estão em movimento, como a migração da produção pecuária mais ao norte, visando vencer essa distância com os bolões de produção de milho e soja. Também estimular e dinamizar a semeadura dos cereais de inverno no Sul para
Tem um outro fator também, que depende de como a análise é feita. Por muito tempo se insistiu que o Governo abrisse um canal de transporte, distribuição, batizado de Arco Norte. O objetivo era facilitar a saída e desafogar os portos das regiões Sudeste e Sul, atendendo aos clientes externos pelas remessas partindo do Norte, o que de fato aconteceu.
Apesar da iniciativa positiva, de certa forma a nova rota se tornou mais um concorrente à demanda doméstica dos grãos para alimentação animal, pois facilitou o escoamento pelo Arco Norte e isso se torna um fator de preocupação para a nossa produção pecuária. |
Tem um outro fator importante. A atual capacidade de armazenamento do que se produz, infelizmente fica na casa de 30 a 35% e isso é uma preocupação. Na tentativa de reduzir essa discrepância tem havido um movimento do governo para financiar o aumento da capacidade/ área de armazenagem.
Há também a demanda por renovação de frotas, equipamentos e instalações. Do ponto de vista do dinheiro privado, o aumento da taxa de juros vai dificultando os investimentos que, inclusive, precisam ser volumosos, demandam capital estrangeiro e necessitam vencer outras barreias de ordem política, pois demandam decisões legislativas no Congresso Nacional, e até do Judiciário.
Muito embora devamos entender que estamos num momento em que o patamar de preço para os grãos já se posicionou em um outro degrau. E que a indústria tem que se adequar ao novo cenário, que pode realmente levar a um aumento nos preços dos alimentos, algo que já está sendo observado.