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Altos custos alimentares x Saúde Intestinal

Escrito por: Guillermo Gonzáles Pagano - Gerente de Serviços Técnicos NOVUS, Região Austral. Veterinário, especialista em agronegócio e produção avícola.
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Segundo levantamento da Embrapa Suínos e Aves, em março de 2021 os custos de produção de frango de corte ficaram 52,35% mais caros, comparado a março de 2020

Em relação a março de 2019 o aumento está próximo dos 75%.

Especialistas do setor apontam que, mais do que se adequar a novas formas de aquisição de grãos, como a compra antecipada, os produtores devem buscar outras alternativas para garantir o potencial produtivo das aves.

Veja qui o que diz Guillermo González Pagano, que é Gerente de Serviços Técnicos, Região Austral da Novus.

 

Os nossos animais são trabalhados pelas casas genéticas para entregar maior peso e volume de carne ao produtor. No caso da avicultura de postura, para que produzam melhor e por mais tempo. Mas sabemos que há inúmeras variáveis no meio do caminho, que influenciam no alcance, ou não desse potencial, entre elas, a saúde intestinal.

CONSIDERANDO O ATUAL MOMENTO DE ALTOS CUSTOS DE ALIMENTAÇÃO PELO PREÇO DOS GRÃOS, QUE CUIDADOS, VOCÊ COMO ESPECIALISTA, RECOMENDA AOS PRODUTORES AVÍCOLAS PARA QUE A SAÚDE INTESTINAL DAS AVES NÃO SEJA PREJUDICADA?

 

Guillermo González Pagano – A saúde intestinal das aves é o fator principal no que se diz respeito ao aproveitamento dos nutrientes fornecidos na alimentação e, com isso, a entrega do máximo potencial genético, seja para produção de ovos ou carne.

 

Essa condição de saúde intestinal é baseada em diversos pilares, dentre os quais se destacam:

a própria estrutura da parede do trato gastrintestinal,

o sistema imunológico e

a microbiota que interage com esses dois complexos sistemas.

A condição ideal, ou o equilíbrio entre cada um desses pilares, direciona o metabolismo da ave para o melhor funcionamento do sistema digestório, ou seja, o máximo aproveitamento dos nutrientes. Sendo que o contrário é verdadeiro, um desequilíbrio, ou uma desbiose, um estimulo imunológico desnecessário, ou ainda lesões nas estruturas da parede intestinal levam a uma piora nos processos digestivos e absortivos, desencadeando toda uma série de reações adversas que custam muito caro ao organismo para se reestabelecer, roubando nutrientes que seriam destinados à busca do máximo desempenho.

Apesar do momento, com alto custo de grãos e cereais, que leva o desafio ao nutricionista de buscar diferentes estratégias, incluindo o uso de ingredientes menos experimentados que o milho, a soja e seus derivados; a qualidade dos ingredientes; e os cuidados.

A qualidade dos ingredientes e os cuidados são fundamentais para não se trazer fatores antinutricionais, antagonistas ou contaminantes para a ração.

A redução na qualidade das matérias primas, ou a economia durante o processo de fabricação, visando redução de custo da ração, muitas vezes só aumentam os prejuízos da empresa, através da piora no aproveitamento desses alimentos, que está totalmente ligado a esse complexo saúde intestinal: desempenho das aves.

O PREÇO DO MILHO ULTRAPASSOU A CASA DOS 60% DE AUMENTO NOS ÚLTIMOS 12 MESES E A SOJA MAIS DE 113%. AFORA AS ESTRATÉGIAS PARA COMPRA DESSES GRÃOS, QUE OUTRAS ALTERNATIVAS EXISTEM, DE FORMA MAIS ESPECÍFICA, PARA O PRODUTOR AVÍCOLA?

GGP – O impacto do aumento dos preços das três principais matérias-primas da formulação de ração, tanto o milho, a soja quanto o óleo, refletem diretamente nos custos dos dois principais nutrientes de uma ração (proteína e energia). Desta forma se faz necessária a busca de alternativas nutricionais (DDG, milheto, sorgo, etc.) dentro das formulações, que podem trazer oportunidades de economia, desde de que esses ingredientes estejam disponíveis. E, independente do ingrediente, o conhecimento da composição nutricional e sua qualidade são fundamentais para resultados de economia de forma segura.

Além da qualidade das matérias primas, do adequado processamento da ração, existem outras estratégias nutricionais que podemos verificar sendo praticadas nas diferentes indústrias, como o uso de aditivos na busca da melhoria das condições de saúde intestinal e proteção contra os possíveis fatores antinuticionais.

Estes aditivos são ferramentas muito úteis a serem consideradas neste processo. Desde aditivos tecnológicos visando a qualidade microbiológica e estabilidade oxidativa dos ingredientes e da ração, bem como a escolha de aditivos nutricionais adequados aos desafios de cada sistema de produção, que por seus ativos que agem direta ou indiretamente no trato gastrointestinal e, por isso, são muito importantes, tanto na busca de melhor aproveitamento dos nutrientes através das enzimas, ou na modulação de um perfil ideal de microbiota, quanto no estímulo adequado do sistema imune, ou mesmo na proteção ou estímulo do desenvolvimento de estruturas como os vilos e as criptas, que podem, como exemplo, ser trabalhados através do uso isolado ou associado de ácidos orgânicos e óleos essenciais.

ADITIVOS ALIMENTARES PODEM MINIMIZAR UMA POSSÍVEL MÁ QUALIDADE DOS GRÃOS UTILIZADOS NA FORMULAÇÃO DA DIETA?

GGP – Nenhum aditivo nutricional vai compensar por completo um problema de qualidade de grãos na formulação das dietas. Sempre temos que priorizar o rígido controle de qualidade das matérias primas, independente de quais sejam elas, das mais conhecidas como o próprio milho, a soja, seus derivados e as farinhas de origem animal, ou as que foram menos exploradas no passado recente e acabam recebendo uma enorme oportunidade de mostrar seu valor nesse momento, como os DDG e outros grãos.

Os aditivos nutricionais minimizam os impactos de uma pior qualidade dos ingredientes através de seus diferentes mecanismos, atuando tanto no aumento da digestibilidade de ingredientes menos digestíveis, que ficariam disponíveis para o desenvolvimento de uma microbiota menos desejável no lúmem do trato, ou mesmo inibindo certos fatores antinutricionais que comprometem o processo digestivo de alguns nutrientes, bem como agindo na modulação ideal dos principais pilares da saúde intestinal (estrutura da parede intestinal, sistema imune e microbiota).

 

QUAL O PAPEL ESPECÍFICO DAS ENZIMAS NA GARANTIA DE UMA BOA SAÚDE INTESTINAL? QUAIS OS DIFERENCIAIS DAS ENZIMAS PRODUZIDAS PELA NOVUS?

GGP – Existem diferentes enzimas no mercado, todas focadas no melhor aproveitamento de determinados nutrientes, ou na redução de fatores antinutricionais (inibidor de tripsina, fitatos, etc.), que seguramente terão impacto positivo na saúde intestinal, reduzindo a disponibilidade desses nutrientes para bactérias não desejáveis que podem desenvolver um quadro de desequilíbrio e comprometer toda a estrutura complexa da parede intestinal, sistema imune e o balanço da microbiota.

Lembrando que, as enzimas devem ser utilizadas com base no substrato que está disponível, ou seja, proteases para proteínas, fitases para fitatos, carboidrases para carboidratos. Os efeitos secundários de aproveitamento de cada enzima existem, porém devem ser cuidadosamente avaliados, principalmente quando lançamos mão de estratégias de associação das mesmas.

Dentre as principais enzimas com foco em economia no mercado de hoje, se destacam as proteases, principalmente focando no alto custo do farelo de soja.

As proteases, sendo utilizadas de forma adequada, com matriz nutricional ajustada para o perfil de ingredientes, trazem ótima relação custo-benefício.

Carboidrases como a xilanase e amilases podem auxiliar na redução de inclusão de óleos, dependendo do nível energético das fórmulas, com economia e sem perdas de desempenho.

Fitases hoje são utlizadas em todas as rações e são muito importantes para reduzir o efeito antinutricional dos fitatos.

A Novus possui, em seu portfólio, enzimas conhecidas globalmente como CIBENZA®. Dentro dessa linha temos:

 

A fitase de nova geração, especialmente desenvolvida para uso na nutrição animal, chamada PHYTAVERSE®, que libera de forma bastante eficiente e rápida o fósforo do complexo fitato e, ainda, atua sobre a redução do impacto do próprio fitato como fator antinutricional, mesmo em baixas concentrações.

A PHYTAVERSE® possui alta resistência ao tratamento térmico, estabilidade gástrica, alta atividade sob uma faixa ampla de pH, promovendo uma ação bastante rápida já nas porções iniciais do trato, que é fundamental também no aspecto de proteção da saúde intestinal.

Com relação a protease, a Cibenza® DP100 é uma serina-protease subtilisina de origem bacteriana (classificação EC 3.4.21.62), que atua em fontes proteicas de origem animal e vegetal.

Trata-se de uma endopeptidase, ou seja, a quebra das ligações peptídicas de aminoácidos ocorre em pontos não-terminais, reduzindo o tamanho da cadeia de forma mais eficiente, melhorando o aproveitamento de fontes protéicas de alto custo através da melhora da digestibilidade de aminoácidos.

Ao melhorar a digestão de proteínas e aminoácidos, CIBENZA® DP100 torna os nutrientes mais disponíveis para os animais, melhorando seu crescimento e desempenho.

Além disso, possibilita um melhor uso desses ingredientes alternativos (geralmente mais baratos) e controla os riscos da alimentação, minimizando o efeito dos fatores antinutricionais dos ingredientes (inibidores de tripsina, proteínas alergênicas, queratina, kafirina, etc.), ao mesmo tempo que reduz a fermentação e promove melhor qualidade intestinal.

Tanto esses fatores antinutricionais da soja (como inibidores de tripsina), quanto a presença de proteínas de menor digestibilidade, comprometem o aproveitamento dos nutrientes por parte das aves.

Tanto esses fatores antinutricionais da soja (como inibidores de tripsina), quanto a presença de proteínas de menor digestibilidade, comprometem o aproveitamento dos nutrientes por parte das aves.

A fração de proteína não digerida favorece um maior desenvolvimento de bactérias patogênicas no lúmen intestinal, aumentam seu desafio e a viscosidade, comprometendo as estruturas da parede intestinal que são responsáveis pelo processo de absorção.

Como resultado, há comprometimento da saúde intestinal e piora no desempenho das aves.

Diante do cenário de preços de ingredientes atual, cada grama deve ser aproveitada da maneira mais eficiente possível e a Cibenza® DP100 colabora para o máximo aproveitamento de uma ampla gama de substratos protéicos.

COMO OS MINERAIS PODEM CONTRIBUIR PARA QUE AS AVES ATINJAM OS PARÂMETROS PRODUTIVOS PARA OS QUAIS ELAS FORAM GENETICAMENTE TRABALHADAS PARA ATINGIR? E OS MINERAIS, SÃO TODOS IGUAIS?

GGP – O Zinco, o Cobre e o Manganês são microminerais com múltiplas funções, agindo de maneira positiva na capacidade de absorção de nutrientes, redução do gasto energético decorrente da renovação celular, aumento da atividade enzimática, melhora da resposta imune, modulação positiva da microbiota intestinal e estímulo a efeitos sistêmicos que promovem melhor desempenho dos animais.

Sendo que os minerais orgânicos da linha MINTREX® podem fazer parte de uma estratégia nutricional, visando melhora da qualidade intestinal, através da promoção de uma barreira intestinal íntegra e de um intestino com microbiota balanceada.

Os minerais orgânicos não são todos iguais, os minerais orgânicos da linha Mintrex® são resultantes da reação de um sal metálico com HMTBa (hidróxi análogo de metionina) na relação molar de 1 metal para 2 moles de HMTBa, formando ligações covalentes coordenadas e anéis heterocíclicos. Trata-se de um quelato verdadeiro, com estrutura e peso molecular definidos.

Além disso, é o único mineral orgânico do mercado que garante o valor nutricional do ligante (quantidade de metionina a ser considerada na formulação), tornando-o mais atrativo economicamente.

Os produtos são confeccionados em equipamentos exclusivos para sua fabricação e que fazem parte de um sistema fechado contra a contaminação de agentes externos.

A qualidade dos ingredientes utilizados em cada lote fabricado é cuidadosamente avaliada. Os níveis de metais pesados, dioxinas e PCBs são analisados para garantir a inocuidade dos produtos e segurança alimentar.

A organização americana AAFCO (Association of American Feed Control Officials) define a linha de minerais orgânicos Mintrex® como uma classe diferenciada de minerais: Quelato Metal Metionina Hidroxi Análoga.

A classificação especial é suportada por vários anos de pesquisa, conhecimento e comprovações sobre a estrutura da molécula de Mintrex®, que garante biodisponibilidade e resultados produtivos superiores.

Em resumo, Mintrex® é uma fonte de minerais:

Definida: que apresenta estrutura e composição definidas e reconhecidas, o que é determinante para consistência de resultados;

Efetiva: que chega ao intestino em uma forma passível de absorção, sendo de fato utilizada pelo animal (mais biodisponível); e

Segura: para a ração, o animal e o meio ambiente.

 

MUITO TEMOS OUVIDO FALAR SOBRE A UTILIZAÇÃO DE ÁCIDOS ORGÂNICOS EM SUBSTITUIÇÃO AOS ANTIBIÓTICOS PROMOTORES DE CRESCIMENTO. EXISTEM EXPERIÊNCIAS DE CAMPO QUE COMPROVEM ESSA TEORIA?

GGP – Os ácidos orgânicos têm sido apresentados como uma das opções para programas que visam adequar a aplicação de promotores de crescimento aos mercados consumidores, ou seja, na manutenção ainda do uso adequado de uma opção para controle de bactérias, ou mesmo a completa retirada dos antibióticos como promotores.

Vale ressaltar que a retirada completa de antibióticos do sistema de produção como promotores de crescimento, demanda ações em diferentes segmentos da produção que não só estão relacionados à nutrição, mas também a práticas de manejo mais adequadas, busca da ambiência ideal e, principalmente, programas robustos de bioseguridade em todo o complexo produtivo para uma eficiente redução dos desafios sanitários.

Uma vez estabelecidos os protocolos adequados para um programa livre de antibióticos, os ácidos orgânicos têm se apresentado como uma das principais ferramentas.

Existem diferentes tipos de ácidos orgânicos presentes no mercado, no que é importante ter o conhecimento e clareza do seu real modo de ação, seja na forma livre, tamponado, protegido, na forma pó, líquido, associado a outros ácidos, ou mesmo a outros princípios ativos.

Cada qual, dentro de suas características, devem ser utilizados da maneira mais adequada e sempre observando qual o desafio da produção que está sendo visado para uma correta recomendação de uso.

Com isso, é fundamental estudos aprofundados quanto aos mecanismos de ação de cada produto, bem como as validações de campo em condições específicas.

Avimatrix®, a combinação de ácidos orgânicos da Novus, produto com base principal no ácido benzóico (45%), protegido dentro de uma matriz de ácidos graxos, com apresentação física microgranulado.

 

Essa apresentação lhe confere, por um lado, segurança no manuseio e mistura e, por outro, uma liberação gradativa dos princípios ativos por todo o trato gastrintestinal, atingindo altas concentrações mesmo nos segmentos distais do intestino.

O ácido benzóico em sua composição é um ácido orgânico com alto poder bactericida em pH neutro.

A ação do Avimatrix® na modulação positiva da microbiota intestinal ocorre por meio da redução da contagem de bactérias patogênicas e aumento da contagem de bactérias benéficas (cepas de lactobacilos e cepas produtoras de ácido butírico).

Avimatrix®:

reduz com eficiência a proporção de bactérias patogênicas no intestino,

favorece o estabelecimento de microbiota benéfica e

se posiciona como uma excelente ferramenta para contribuir com a saúde intestinal, otimizando a produção e o bem-estar animal.

A atividade do Avimatrix® no trato gastrintestinal inferior confere-lhe as características de um aditivo que melhora os parâmetros de produção, sendo que hoje se encontra validado e registado na European Food Safety Authority (EFSA) como aditivo zootécnico para uso em aves.

 

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