Apesar de bloqueio temporário, Brasil mantém presença institucional forte na China
Mesmo diante do bloqueio temporário das exportações de aves brasileiras imposto pela China após a confirmação de IAAP (Influenza Aviária de Alta Patogenicidade) em granja comercial no Rio Grande do Sul, o Brasil manteve presença estratégica na SIAL China 2025, uma das maiores feiras internacionais de alimentos e bebidas do mundo, realizada em Xangai entre os dias 19 e 21 de maio.
Organizado pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos ), o Pavilhão Brasil reuniu 53 empresas nacionais e marcou o encerramento da missão comercial do país à China, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma série de agendas institucionais nas últimas semanas.
“A participação do Brasil na SIAL em Xangai encerra duas semanas intensas de atividades, que envolveram centenas de empresas brasileiras e 13 entidades do agronegócio nacional. Foi uma agenda robusta, construída com muito diálogo e cooperação”, afirmou Laudemir Müller, gerente de Agronegócio da ApexBrasil.
Segundo ele, o encerramento da missão na SIAL é também uma demonstração clara da relevância do Brasil como fornecedor confiável e estratégico para o mercado chinês. “Essa presença na feira é mais do que uma vitrine: ela confirma que o Brasil é, de fato, um parceiro estratégico da China. Vinte e cinco por cento das importações chinesas de alimentos e bebidas vêm do Brasil. Isso mostra o papel essencial que desempenhamos na segurança alimentar chinesa e a importância de seguirmos fortalecendo essa relação”, destacou Müller.
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária), Luis Rua, também reforçou a importância institucional da missão.
“Foi uma missão presidencial histórica, com resultados igualmente históricos para o agronegócio brasileiro. Grande parte desses resultados é fruto da parceria entre o Ministério da Agricultura, a ApexBrasil, o Itamaraty e nossa embaixada; todos trabalhando juntos para ampliar a presença do Brasil nos mercados internacionais, especialmente aqui na China, que é um dos maiores e mais estratégicos mercados do mundo”, afirmou.
Participação das proteínas animais
Entre os 53 expositores brasileiros, 28 integram os projetos Brazilian Chicken, Brazilian Egg, Brazilian Duck, Brazilian Beef, Brazilian Pork e Brazilian Breeders, promovidos pela ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) e pela ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), em parceria com a ApexBrasil. Os projetos reforçam o compromisso de longo prazo do setor com a expansão das proteínas animais brasileiras no mercado chinês.
Mesmo com o cenário sanitário atual, a presença institucional de empresas e entidades da avicultura demonstra a aposta em uma retomada estruturada e responsável das exportações, com base em protocolos sanitários rigorosos e ações coordenadas junto às autoridades internacionais.
Além da feira, a missão comercial incluiu o seminário Diálogos Brasil-China para Segurança Alimentar, inaugurou o novo escritório da carne brasileira em território chinês e fortaleceu parcerias como a rede Luckin Coffee, que abrirá 34 lojas temáticas do Brasil na China — iniciativas que beneficiam, direta ou indiretamente, o setor de proteína animal.
Abertura de mercados e reforço institucional
A missão à China teve início no dia 12 de maio com o Seminário Empresarial China-Brasil, em Pequim, que reuniu mais de 700 empresários e resultou no anúncio de R$ 27 bilhões em novos investimentos chineses no Brasil. O evento foi promovido em parceria com o MRE (Ministério das Relações Exteriores) e o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).
No dia 15/5, foi realizado o evento The Beef and Road: Bridging the Brazil-China Beef Routes (https://abiec.com.br/the-beef-and-road-brasil-lanca-nova-estrategia-de-promocao-da-carne-bovina-na-china/ ), reunindo 25 empresas brasileiras e 30 chinesas em rodadas de negócios e ações promocionais. Ainda que o nome destaque a carne bovina, ações como essa ajudam a construir pontes institucionais que também favorecem as demais proteínas de origem animal.
A China permanece como o principal destino das exportações agroindustriais do Brasil. Em 2024, o comércio bilateral alcançou US$ 160 bilhões, com superávit de mais de US$ 30 bilhões para o lado brasileiro — puxado por carnes, soja, frutas e café.