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A Arábia Saudita continuará aceitando envio da carne brasileira de frangos que foram submetidos a processo de insensibilização antes do abate até o dia 1o de setembro. A permissão foi comunicada na última segunda-feira (8/6) ao Itamaraty e ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), pela Embaixada do Reino da Arábia Saudita.
Segundo correspondência da Embaixada, a Comissão Geral de Alimentos e Remédios do Reino concordou com o adiamento, por 90 dias, da aplicação dos novos modelos dos Certificados Sanitários Internacionais para a exportação de carnes de aves, bovinas e seus derivados do Brasil. O pedido de adiamento foi apresentado pelo Mapa e, com o aceite, a nova data limite passou a ser 1/9/18.
O comunicado foi retransmitido no final da tarde do dia 12/6 aos associados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), pelo seu diretor-executivo, Ricardo Santin.
Essa não é a primeira, nem a segunda vez, que o prazo é adiado. Um dia antes de receber o comunicado da Embaixada da Arábia Saudita, o MAPA havia comunicado à Agência de Notícias Brasil Árabe, que os embarques de carne de frango halal do Brasil para a Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos seguiriam liberados pelo atual acordo sanitário até 30 de junho.
Enquanto isso, as informações são de que estariam em andamento as discussões sobre as exigências dos sauditas de que as aves sejam abatidas sem passar pelo processo de insensibilização. Segundo os árabes, o choque elétrico utilizado para atordoamento do frango mata o animal e a tradição halal exige que as aves estejam vivas até o momento da degola.
Porém, estudos desenvolvidos no Brasil demonstram que a insensibilização elétrica de frangos, com baixa corrente e alta frequência, mantém as aves vivas até o momento do abate, apenas assegurando o bem estar das aves. Esses estudos foram entregues às autoridades árabes pela missão brasileira que esteve no país no último mês março.
Informações não oficiais dão conta de que algumas empresas brasileiras que atendem o mercado da Arábia Saudita já estão colocando em prática o abate sem a insensibilização desde o início do mês de maio.
Além da questão do bem-estar animal, a retirada da insensibilização provoca queda na produtividade das linhas dos abatedouros, a partir do momento em que as aves se debatem no momento da degola. Segundo informações de especialistas, essa queda na produtividade pode chegar próximo a 20%.
Há também a questão da condenação de carcaças por hematomas, que atingem, principalmente, a região das asas. Certamente, definir quem vai pagar essa conta, como ficam os contratos que estavam estabelecidos antes das novas normas, são pontos que devem estar permeado os debates e influenciando os consecutivos adiamentos para que as novas normas entrem em vigor.
De acordo com dados do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços), compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, o Brasil teve receita de US$ 293,1 milhões com exportações do produto para a Arábia Saudita de janeiro a abril deste ano, com queda de 27,3% sobre igual período de 2017. Os embarques de carne de frango para Emirados geraram US$ 177,6 milhões e caíram 1,5%.
Em 2017, 14% da carne de frango brasileira foi exportada para a Arábia Saudita.