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Autoridade religiosa do Egito conhece halal do Brasil

Escrito por: Priscila Beck
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Abbas Shumann, vice-xeque da principal instituição religiosa islâmica do Egito, a Al-Azhar, visitou um frigorífico brasileiro na última terça-feira (7/8) para verificar o abate halal in loco.

Abbas Shumann, vice-xeque da principal instituição religiosa islâmica do Egito, a Al-Azhar, visitou um frigorífico brasileiro na última terça-feira (7/8) para verificar o abate halal in loco. A autoridade religiosa foi trazida ao Brasil pela Fambras (Federação das Associações Muçulmanas do Brasil), que é uma das organizações que faz certificação halal no Brasil, com o objetivo de fortalecer as relações com instituições islâmicas do País.

Nós sabemos que o Brasil é um dos maiores produtores de proteína animal do mundo e a certificação halal tem que ter credibilidade”, declarou Shumann à ANBA (Agência de Notícias Brasil Árabe). Segundo ele, as visitas, seguidas de uma avaliação positiva da Al-Azhar, vão garantir a continuidade do comércio do Brasil com o Egito na área de carnes. “Isso dará confiança aos consumidores árabes e muçulmanos”, destacou.

Antes de visitar o frigorífico, Shumann esteve na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, única entidade no Brasil credenciada para certificar exportações aos países árabes pela União das Câmara Árabes, braço empresarial da Liga dos Estados Árabes. A autoridade religiosa esteve acompanhada do embaixador do Egito em Brasília, Alaaeldin Roushdy, do chefe do escritório comercial do país árabe em São Paulo, cônsul Mohamed Elkhatib, e do presidente da Fambras, Mohamed Zoghbi.

Fiz questão de trazer sua eminência para visitar a Câmara Árabe para ele ver de perto a cooperação existente entre a embaixada e a entidade”, declarou o embaixador. “Al-Azhar é responsável pela parte religiosa do halal, por isso é importante mostrar as duas partes que tratam do assunto”, acrescentou ele, referindo-se ao trabalho religioso e técnico da Fambras, incluindo o abate de aves e bovinos, e ao da Câmara Árabe, que faz certificação de origem, de documentos de exportação e promoção comercial.

Com a visita [ao frigorífico], sua eminência verá a parte técnica, como é feito o abate, assim terá uma visão geral do processo”, concluiu Roushdy.

Já o presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, ressaltou a boa relação mantida com os Ministérios da Agricultura do Egito e do Brasil e destacou a imparcialidade da Câmara. “Eu posso assegurar para sua eminência o papel da Câmara Árabe no sentido de, imparcialmente, ser os olhos dos árabes no Brasil e dos brasileiros nos países árabes”, afirmou Hannun.

Nos sete primeiros meses de 2018, as exportações de carne de frango ao mercado egípcio renderam US$ 34 milhões, representando uma queda de 76,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Carne bovina é o principal produto exportado pelo Brasil ao Egito. De janeiro a junho, as vendas deste produto ao país árabe somaram US$ 246 milhões, um aumento de 19,6% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).

Insensibilização

 

Desde o início de 2018se estabeleceu um intenso debate entre o Brasile alguns países do Oriente Médio sobre a retirada da insensibilização por eletrochoqueno abate de frangos destinados ao mercado muçulmano. As autoridades religiosas, principalmente da Arábia Saudita, alegam que os animais devem estar vivos até o momento do abate.

O Ministério da Agricultura chegou a apresentar estudos científicos que comprovam que as aves não morrem com a insensibilização. Enquanto isso, o prazo de validade da certificação sanitária brasileiro para envio de produtos a base de carne de frango à região está mantido até o próximo dia 1/9.

A aviNews conversou com o diretor-executivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), Ricardo Santin, no final do mês de junho. Segundo ele, a retirada da insensibilização pré-abate reduz a produtividade, em média, entre 30% a 35%. “Em algumas plantas mais antigas chega a diminuir 40% o seu ritmo e quantidade de produção, afirmou Santin.

O diretor executivo da ABPA também destacou o aumento no volume de perdasno abatedouro. “Eu perco de 8% a 15% (por condenação de carcaça) dependendo da planta, do perfil do animal e do mercado para o qual se está produzindo“, destacou Santin, acrescentando que isso representa aumento no custo fixo dos produtos.

“Se eu tenho uma diminuição do volume, da capacidade, da escala de produção, também vai pra dentro do custo fixo. Essa é a regra. Nós estamos falando isso para os nossos consumidores, até porque o Brasil já está fazendo uma produção sem choque. Mas quem está recebendo (esse produto) sabe que vai ter que pagar bem mais caro e ter menos disponibilidade de carne. A longo prazo, você trabalha com segurança alimentar diminuída para os países que têm interesse nisso”, afirmou Santin.

Com informações da ANBA

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