Agentes da síndrome entérica apresentam capacidade de infectar elevado número de hospedeiros senão todos os animais de sangue quente e frio. Um plano de biosseguridade precisa ser planejado e executado corretamente.
Introdução
Na profilaxia de doenças infecciosas em aves no contexto da saúde animal, seja prevenção ou controle, está sempre direcionada para a população de aves de determinada área geográfica e o requisito fundamental para sua execução é o conhecimento da epidemiologia das doenças transmissíveis.
- Trata-se da ciência que estuda os mecanismos de transmissão de doenças em populações animais e as medidas de profilaxia e, para sua aplicação é necessário conhecer o agente etiológico envolvido, o hospedeiro e o meio ambiente.
- É a habilidade de resolver problemas com consciência aprendendo em como pensar e não no que pensar para delinear um programa de saúde avícola.
Objetivo
Sem a epidemiologia não há base cientifica para a prática da Saúde Animal e, sem esta prática, a Epidemiologia torna-se uma ciência acadêmica sem significado (ROSEN, 1972).
- Um programa de controle de doenças deve ser bem delineado tanto do ponto de vista biológico (eficácia) como econômico (eficiência).
- Deve ser também dinâmico para poder evoluir de acordo com as alterações da situação avaliadas pela frequência de ocorrência da doença/infecção, econômica (custo x benefício), política ou sócio climática que requeiram mudança de rumo do programa (HANSON & HANSON, 1983).
Fundamentos para o delineamento de um programa de biosseguridade com ênfase no controle de síndrome entérica
Vamos descrever sobre os agentes etiológicos e hospedeiros que estes são capazes de infectar:
- Como pensar a respeito do agente etiológico (patógeno)?
Significa não pensar o que o agente (grande inimigo da produtividade) é capaz de causar, mas como pensar a respeito de sua capacidade de infectar, provocar doença, a gravidade dos sinais clinico, resistência às condições do meio ambiente e persistência na população para sobreviver e continuamente provocar infecção ou doença.
Assim, agentes de infeções e doenças entéricas apresentam:
2. Como pensar a respeito do hospedeiro?
Este conhecimento nos concede autoridade cientifica para controlar o conjunto de agentes que causam a síndrome entérica em uma população e invalida qualquer procedimento de controle direcionado para um ou alguns poucos agentes etiológicos. Assim, é licito planejar um programa de controle de todas as salmonelas potencialmente presentes em certa área geográfica.
É o responsável pelo desequilíbrio da relação hospedeiro-parasita, principalmente quando as medidas de biosseguridade são frágeis e a contaminação é intensa.
4. Como pensar sobre a cadeia epidemiológica das infecções e doenças que constituem a síndrome entérica?
Como pensar em uma cadeia formada por 5 elos a saber:
Definido como “animais vertebrados que albergam o agente etiológico no organismo e que elimina para o meio exterior”. São todos animais vertebrados de sangue quente e frio. Podem ser doentes ou portadores (eliminam o agente etiológico na ausência de sinais clínicos e reprodutoras são particularmente importantes) ou reservatórios (aves de vida livre, suínos e ruminantes para aves, roedores infectados principalmente pela
S. Typhimurium).
Profilaxia: Eliminação de reprodutoras e aves comerciais infectadas identificadas por procedimentos laboratoriais. Isolamento não procede e tratamento é antieconômico e, portanto, inviável.
- Definido como “acesso do agente etiológico para o meio ambiente”. São as fezes/excretas e aves mortas.
Profilaxia: Destinação adequada de aves mortas e de excretas em local apropriado e de forma a prevenir ou mitigar risco de acesso de aves e animais silvestres ou domésticos de vida livre, de moscas e de roedores (HIMATHONGKHAM et al, 2000).
- Definido como meio ou veículo que o agente etiológico utiliza para acessar um novo hospedeiro e aqui incluído invertebrados.
Profilaxia: adquirir aves de reposição de origem idônea, vacinação contra S. Enteritidis, S. Gallinarum e S. Typhimuriun (IN Nº 41 de 04/12/2017), telagem dos galpões para mitigar acesso de aves e animais de vida livre.
Delineando um programa de controle de síndrome entérica
Biosseguridade
1. Delineamento: definição dos objetivos inicial, intermediário e final. Redigir Manual de Procedimentos, o tradicionalmente elaborado por cada empresa e constituído pelos POPs:
- Objetivo Inicial: introduzir medidas de biosseguridade;
- Objetivo intermediário: reduzir a morbidade e/ou mortalidade e aumentar a produtividade;
- Objetivo final ou propósito: melhorar as condições de saúde das aves.
2. Execução:
- Fase preparatória: reunir todos os elementos para alcançar o objetivo como estimativa de custos, seleção de funcionários, atribuir responsabilidades, treinamento dos funcionários. Recomendável que o treinamento esteja alinhado aos princípios modernos de qualidade incluindo o autocontrole.
- Fase de ataque: aplicação continua e sistemática dos procedimentos. Implica em se avaliar periodicamente para correção de rumos.
- Fase de consolidação: atingido o objetivo final, ajustar as medidas de biosseguridade para que não ocorre recrudescimento das infecções ou doença.
- Fase de manutenção: continuidade da fase anterior, porém integrando ao Plano de biosseguridade do estabelecimento.
- Avaliação: realizar avaliação periódica não apenas realizando provas laboratoriais para avaliação da presença ou ausência do patógeno, mas principalmente analisando estaticamente a morbidade, mortalidade, peso do lote ao abate, conversão alimentar.
Os testes estatísticos são bastante simples e que são teste de proporções para variáveis qualitativas e teste de médias para variáveis quantitativas.
5. Comentários Finais