Biosseguridade em Incubatórios

O trabalho no incubatório envolve grande número de seres vivos (ovos embrionados, pintinhos e seres humanos) em um espaço reduzido caracterizando uma alta densidade populacional.

Somado a isto se tem uma alta rotatividade:

entradas constantes de ovos de diversas fontes e

saída constante de pintos.

Estes fatores inerentes ao incubatório são condições ideais para ocorrência de problemas como:

Em produção de aves, um Programa de Biosseguridade significa o desenvolvimento e implementação de um conjunto de normas operacionais rígidas, que terão a função de:

Proteger as aves contra a introdução de qualquer tipo de agentes infecciosos5

O ambiente de incubatório, devido à temperatura e umidade, é ideal para a sobrevivência de microrganismos como bactérias, esporos de fungos, principalmente do gênero Aspergillus, que entram em instalações através dos ovos contaminados, resíduos e através de materiais, disseminando-se rapidamente para todo o ambiente se não forem adotados programas adequados.

Pensando neste conjunto de fenômenos que podem acontecer no incubatório, descrevemos aqui itens primordiais para um programa de biosseguridade eficaz em incubatórios¹.

É o fator mais importante para a prevenção da ocorrência de algumas doenças, principalmente aquelas transmitidas pelo ar, que podem ocorrer a partir da propagação por vetores, como partículas suspensas no ar, animais que tenham contato com as aves (ratos, pássaros).

As cercas perimetrais das instalações deverão ser totalmente à prova de pessoas e animais domésticos e silvestres. É recomendável a implantação de barreiras físicas (plantação de árvores) em torno da planta. No entanto, é muito importante que esta barreira seja grande o suficiente para verdadeiramente agir como uma barreira.

Refere-se ao controle do tráfego de pessoas ou veículos, entrando ou saindo do incubatório, pois caso ocorra alguma situação, o incubatório tem o controle de quais pessoas estiveram presentes.

Neste momento, deve-se realizar uma breve entrevista com a pessoa que irá realizar a visita ao incubatório, como procedência, se houve contato com aves nos últimos dias¹.

Em relação ao fluxo em plantas de incubação, para prevenir a contaminação cruzada, é importante demarcar claramente as diferentes zonas higiênicas do incubatório:

área de recebimento de ovos;

sala de incubação;

sala de ovoscopia / transferência;

sala de nascimento;

salas de saque, manejo e expedição de pintinhos.

Muitas vezes nos deparamos com o seguinte questionamento:

Mas, por que preciso tomar banho para entrar no incubatório?

Todas as pessoas, ao entrarem na planta de incubação, devem obrigatoriamente tomar banho completo para eliminar grande parte de quaisquer patógenos que possam ser levados para a planta de incubação.

 

Este processo consiste em:

lavar os cabelos e todo o corpo,

utilizar escovas para higienização das unhas, tanto das mãos quanto dos pés,

assoar o nariz e

limpar por completo os chinelos.

 

Após realizado este processo, utilizar uniformes limpos para então poder iniciar as atividades no incubatório³.

LIMPEZA E DESINFECÇÃO:

Em outras palavras, a limpeza e a desinfecção são procedimentos totalmente separados. A instalação deve ser limpa e, posteriormente pode ser desinfetada.

Agentes desinfetantes são substâncias usadas para:

controlar, prevenir ou destruir microrganismos prejudiciais (como bactérias e fungos) e

inativar vírus em objetos inanimados e superfícies².

 

Todos os cuidados de limpeza e desinfecção preconizados devem ser adotados também para os caminhões, sendo indicado inclusive sua avaliação periódica dentro do programa de monitoramento sanitário do incubatório.

Sistemas de desinfecção de água via produtos químicos (cloro), roedores, pássaros silvestres, insetos constituem um importante reservatório de patógenos para aves.

Todas as instalações devem ser à prova de roedores e pássaros. E um efetivo programa de eliminação e controle de roedores e insetos deve ser implementado⁴.

 

A produção de resíduos em um incubatório é considerável e crítica, pois se trata de material extremamente perecível, podendo ser um foco de desafio dentro do incubatório². Ainda devido às características do material, pode ser utilizado para monitoramento, sendo possível o isolamento de vários microrganismos patógenos, dentre eles a Salmonella.

O monitoramento microbiológico faz parte do controle de qualidade de um incubatório, tendo por finalidade avaliar a carga microbiológica ali existente.

Ele é realizado a partir da superfície de equipamentos e ovos, a fim de avaliar se as medidas sanitárias adotadas estão sendo eficazes no controle destes microrganismos¹.

Além da qualidade do pintinho e a avaliação da sua performance no decorrer do desenvolvimento, o estado sanitário do incubatório pode ser avaliado através do levantamento microbiológico periódico da qualidade do ar nos diferentes setores do incubatório, que fornecerá dados importantes para se estabelecer o melhor programa sanitário.

Placas de exposição ambiental,

swabs em equipamentos,

coleta de penugem,

 

Também podem ser utilizados para Contagem Bacteriana Total, Contagem de Fungos, Isolamento de Salmonella, assim como coletas de água em pontos estratégicos para Análise Microbiológica.

Refere-se ao processo permanente de treinamento e educação em biosseguridade de todos aqueles envolvidos com o sistema de produção. Pessoas são os elementos- chave para o sucesso de um programa de biosseguridade.

Todos, indistintamente, devem entender perfeitamente por que biosseguridade é importante e com fazê-la. Biosseguridade é disciplina e comprometimento⁴  

A biosseguridade de um incubatório é fundamental para o desempenho zootécnico dos pintinhos. Todo material assim como veículos necessitam passar por processo de desinfecção, seja ela seca ou úmida. Monitorias sanitárias devem ser realizadas frequentemente para verificação da eficácia do programa adotado para controle de microrganismos.

Referências

1 Sesti, LAC (2005) Biosseguridade em granjas de reprodutores. In: Manejo de Matrizes de Corte (Marcos Macari &Ariel Mendes, editores). FACTA – Fundação APINCO de Ciência e Tecnologias Avícolas; Campinas, SP

2. E.N.C. Tessari, A.L.S.P. Cardoso, A.G.M. Castro, A. M. I. Kanashiro, G.F.Zanatta Avaliação das condições sanitárias de incubatório de pintos de corte.

3. Sesti, LAC. Biosseguridade em avicultura. Controle integrado de doenças.

4. Agroceres Ross Melhoramento Genético de Aves SA (1995) Manual de Biosseguridade (1995) Rio Claro, SP, Brasil.

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