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Biosseguridade de granjas de matrizes aves de corte

Escrito por: Paulo Roberto Raffi - Especialista Técnico em Avicultura da Diamond V no Brasil.
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Biosseguridade Granja Matrizes Corte

O maior risco que podemos ter na produção avícola é não ter um programa de biosseguridade, parte fundamental de qualquer empresa avícola para reduzir a entrada de enfermidades nos lotes de aves.

O conceito de biosseguridade na avicultura faz referência a se manter o meio ambiente livre de microorganismos, ou com uma carga mínima que não interfira na saúde e na produção dos animais. Podemos definir o conceito de biosseguridade como um conjunto de práticas de manejo que são adotadas para reduzir a entrada e transmissão de agentes patogênicos e seus vetores nas granjas de aves.

As medidas de biosseguridade são descritas para prevenir e evitar a entrada de patógenos que podem afetar a sanidade, o bem estrar e os rendimentos técnicos das aves.

Del Pino (2000), define que a biosseguridade são práticas estabelecidas para impedir a disseminação de doenças nos estabelecimentos avícolas. Que se pratica mantendo a granja de tal forma que se tenha uma circulação mínima de microorganismos através de seus limites. A biosseguridade é a prática mais barata e efetiva para o controle das doenças sendo que nenhum programa de prevenção de doenças funciona sem a sua prática.

O estado sanitário dos lotes de aves constitui um dos fundamentos da indústria avícola e isto nos obriga a possuir conhecimentos de como enfrentar as enfermidades, conhecer sobre elas, saber como se disseminam e, por sua vez, como devemos controlá-las. Por esse motivo existe a biosseguridade, para se ter produções sadias e econômicas. (Card y Nesheim, 1970).

Quanto aos componentes operacionais de um programa de biosseguridade, consideramos adequados os que são enumerados abaixo (Sesti, 2004):
  • Isolamento;
  • Controle de trânsito;
  • Higienização, controle de vetores e tratamentos de resíduos;
  • Quarentena, medicações e vacinações;
  • Monitoramento laboratorial, confecção de registros e comunicação de resultados;
  • Erradicação de enfermidades;
  • Auditorias;
  • Educação continuada;
  • Plano de contingência

 

 Isolamento

Localização

É um dos primeiros aspectos que se tem em conta na hora de estabelecer um programa de biosseguridade e talvez um dos fatores mais importantes. Em certas situações o êxito ou o fracasso de um programa de biosseguridade vai depender da localização da granja e seu isolamento.

Independentemente da correta orientação da granja e dos aviários em função da altitude e da latitude da região, todo aviário deve ser construído o mais longe e isolado de outros setores com aves de idades diferentes (distância mínima 300 m) ou de outras granjas de aves (distância mínima 3 Km). Assim mesmo, a granja deve se manter a mais distante e isolada possível de qualquer centro urbano, planta de abate, lixão etc.

Em condições climáticas ótimas as aves podem infectar-se por microorganismos transportados nas partículas de poeira pelo vento. Entre os patógenos de maior risco estão os micoplasmas, algumas bactérias e vírus. Quanto mais isolada está a granja menor probabilidade de que se possa ser transmitida alguma doença e ou ser visitada por pessoas estranhas que queiram roubar ou furtar e consequentemente trazer contaminações.

Nas granjas devemos ter bem estabelecido, se possível, uma estrada suja e estrada limpa. Na estrada limpa é por onde haverá o trânsito dos funcionários, materiais e ração para chegar aos setores.  Na estrada suja é onde sairão todos os resíduos, como o esterco, as mortalidades do dia e a aves para o abate. O ideal seria que a estrada de acesso para a granja fosse exclusiva para as pessoas e veículos da mesma, dessa maneira reduziríamos o transito de caminhões e pessoas estranhas ao mínimo possível.

A granja deve ter uma cerca perimetral, se possível de alambrado, que impeça a entrada de pessoas e veículos não autorizados e também a entrada de outros animais.

O setor deve ter uma cerca perimetral que permite delimitar a unidade e impedir o ingresso de pessoas, veículos e equipamentos. Estas cercas podem ter características especiais que permitam um melhor controle de roedores e evitem a entrada de animais menores.

Características dos aviários

É necessário contar com um bom isolamento do teto, assim como das paredes, não somente para favorecer a manutenção das condições ambientais de temperatura e umidade adequadas, mas também para que se possa implementar um programa de biosseguridade.

Os aviários climatizados devem evitar ou minimizar o risco de entrada de contaminantes pela entrada ar. O aviário deve estar o mais isolado possível e devemos ficar atentos para a direção dos exaustores de ar, para evitar que os mesmos eliminem a poeira para a portaria e ou para estrada interna da granja. Este isolamento deve ser construído para impedir o acesso de animais selvagens, insetos e roedores. A estrutura deve estar cercada (mínimo de 2 m de altura) em seu perímetro e com somente 2 entradas, uma para entrada do pessoal e outra para entrada de veículos, permanecendo as portas e portões fechados todo o tempo. Manter uma zona limpa de 10 metros por fora da cerca livre de vegetação, isto inibe a circulação de roedores que não circulam em terreno limpo e aberto.

Controle de trânsito

Controle de visitas e dos funcionários

Nas granjas de matrizes devemos evitar as visitas ao máximo possível. O pessoal de manutenção que trabalha nas granjas pode representar um risco grande devido a possibilidade de levar cargas microbianas de uma granja a outra através das caixas de ferramentas e dos maquinários usados.

As pessoas que devem ter todos os cuidados são os funcionários e estes devem evitar contatos com aves de fundo de quintal e outras aves antes de entrar na granja. As medidas devem estender aos veterinários e gerentes que devem tomar cuidados máximos, pois visitam mais de uma granja e podem ter visitado granjas com problemas.

Por isso devem respeitar um fluxo de visitas das granjas com lotes de animais mais jovens para os mais velhos, havendo risco, se necessário fazer vazio sanitário.

 

De qualquer modo, todos os funcionários e visitantes devem tomar banho, e trocar de roupa e calçados. Com atenção especial ao cabelo, unhas das mãos e dos pés, além de ensaboar as narinas e assoar o nariz por 3 vezes para retirar resíduos de poeira de ambientes externos visitados antes.

No interior da granja, as pessoas deverão usar uniformes e calçados específicos para este fim. Os uniformes devem ser lavados se possível de pelos menos 3 vezes na semana.

Os visitantes e os terceiros prestadores de serviços devem usar roupas de cores distintas a dos funcionários, se possível de cor bem chamativa, por exemplo amarelo cor de gema e ou vermelho, isto se justifica pois permite que os funcionários e responsáveis das granjas possam observar qualquer conduta em desacordo com as regras de biosseguridade da granja.

As salas de chuveiros devem estar separadas por áreas limpas e sujas, com o movimento em um único sentido. É obrigatório, por lei, o uso de um livro de controle de visitas, onde se especifique o nome da pessoa, da empresa, do motivo da visita, a data da visita e se teve contato com outras aves e animais.

A entrada dos aviários devem ter pedilúvios para a desinfecção dos calçados. O pedilúvio deve contar com solução de desinfetante e que esta deve ser trocada sempre que estiver suja e com resíduos orgânicos. É muito importante a lavação dos calçados ou botas antes de mergulhar no pedilúvio.

 

O trânsito das pessoas deve ser sempre dos lotes de aves mais jovens para os lotes de aves mais velhas. Devemos dar atenção ao banho com troca de roupas e atenção especial a lavação de mãos quando visitamos diferentes lotes ou com idades diferentes. Os funcionários e visitantes não devem ter aves em suas residências e devem evitar em contato antes de entrar na granja.

Controle de aves de fundo de quintal nas propriedades dos vizinhos

Quando seja possível devemos fazer acordos por escrito com os vizinhos num raio de 1 a 2 km para que eles não criem aves de fundo de quintal e em contrapartida a empresa pode doar frangos abatidos e ou ovos por mês. Havendo estes acordos, empresa deve fazer inspeções regulares, (no mínimo uma vez ao mês) e que deve estar a cargo do responsável da granja fazer estas visitas.

Controle de aves de fundo de quintal nas casas dos funcionários

 

Antes da contratação de cada funcionário, o pessoal de recursos humanos da empresa deve visitar a casa do futuro funcionário para verificar se não existem aves de fundo quintal ou outros tipos de aves na casa. Se possível, no contrato de trabalho devem constar regras específicas de biosseguridade e que o funcionário deve sofrer penalidades se a auditoria da empresa, depois de contratado, constatar a presença de aves de fundo de quintal. No mínimo, uma vez a cada 3 meses, um representante da empresa deve fazer esta visita na casa dos funcionários.

Controle de entrada dos veículos

Os meios de transporte são pontos críticos que devemos ter em conta devido ao grande número de utilização dos mesmos e em diferentes circunstâncias. Usamos meios de transporte para: transporte de matrizes, de pintos de 1 dia ou procedentes da recria, para a retirada das aves para abate, transporte de ração e para transporte dos funcionários e de visitantes.

Os caminhões, devido ao grande risco de transmitir enfermidades, devem ser submetidos a medidas rigorosas de limpeza e desinfecção antes de entrar nas granjas. As zonas mais críticas dos caminhões são os estribos, a cabina, os pneus, os tapetes junto com os calçados e uniformes dos motoristas. O uso de limpeza e desinfecção em arco de desinfecção de nada adianta se não está acompanhado de limpeza e desinfecção da cabina e dos uniformes dos motoristas.

Os caminhões de ração devem ser dedicados para o transporte de ração das granjas de matrizes e, se possível, instalar silos externos na cerca da granja para evitar entrada nas mesmas. Quando os caminhões precisam entrar nas granjas, os motoristas não devem descer do veículo. Antes da entrada dos caminhões, estes devem ser lavados e a granja deve ter equipamento de lavação e ou rodolúvio com solução de desinfetante.

Controle de entrada de animais estranhos nos aviários

Cuidado especial devemos ter com os insetos (principalmente moscas e mosquitos) pois são transmissores de doenças.  Por isso, devemos levar um exaustivo controle dos insetos em todos o ciclo produtivo e os tratamentos de inseticidas preventivos, aproveitando ao máximo o vazio sanitário.

Por outro lado, os pássaros também representam um risco potencial como vetores de patógenos, principalmente Salmonella. E devemos evitar a presença no interior dos aviários de animais doméstico como cães e gatos.

Higienização, controle de vetores e tratamentos de resíduos

Limpeza e desinfecção dos aviários e dos equipamentos

Sem uma boa limpeza e desinfecção dos aviários não podemos atingir o objetivo final de um programa de bioseguridade, que é a manutenção de um aviário livre de microorganismos que possam causar doenças.

Além das limpezas diárias e de rotina, que estão em função das aves, devemos aproveitar os vazios sanitários dos aviários, ou intervalos entre lotes, para fazer um ponto de corte das contaminações que possam ficar do lote anterior. Evite que fiquem resíduos de esterco, fezes, penas, poeira e qualquer outro resíduo orgânico do lote anterior, que possam entrar em contato com o próximo lote, uma vez que alguns patógenos morrem facilmente, mas outros conseguem sobreviver se as condições são ótimas e, principalmente, se estão em presença de matéria orgânica.

Para evitar qualquer esquecimento de limpeza, devemos fazer um Check-List de limpeza de toda a estrutura dos aviários e equipamentos e, havendo pontos com sujeira, devemos refazer a limpeza para então depois liberar a desinfecção.

 

No momento da recepção de um novo lote, devemos testar, no dia anterior, se todos os equipamentos estão funcionando corretamente para que não seja necessária a entrada de pessoas externas ao quadro da granja.

Abaixo enumeramos algumas atividades que são importantes de serem executadas na limpeza e desinfecção do intervalo entre lotes:

  1. Desmontar os equipamentos do aviário (comedouros, bebedouros, retirar forro dos ninhos) de tal modo que facilite a limpeza e lavação do aviários e destes equipamentos. Se a região e ou local permita, pode-se colocar para fora do aviário para que sejam lavados e sofram a ação da luz do sol, que também funciona como desinfetante;
  2. Retirar todo o esterco e ou cama das aves e levar para um local o mais longe possível da granja. Em caso de problemas sanitários devemos fermentar a cama por um mínimo de 10 dias, para isso devemos cobrir toda a cama com lona plástica e a cama deverá atingir temperatura de 56 a 60º Celsius de no mínimo 3 dias para depois retirar da granja. Com isso, diminuímos a pressão de contaminação de lotes da granja com fluxo de veículo retirando o esterco;
  3. Varrer de forma criteriosa e sacar os restos de cama e fezes, raspando com espátula ou enxada restos que não conseguimos retirar com a vassoura. Também devemos limpar a seco as lâmpadas e iluminarias, tetos, partes fixas de diferentes equipamentos, de ventiladores, persianas etc.;
  4. Limpar com água com grande pressão. Muito importante é usar bombas que ofereçam pressões de no mínimo 3650 libras/polegada2 ou 250 bares, pois o que limpa é a pressão de água e não volume. Para a limpeza com água devemos seguir algumas regras fundamentais: primeiro molhar com água, segundo lavar e por último enxaguar. Com a limpeza úmida vamos conseguir reduzir as partículas de poeira e resíduos de matéria orgânica do interior dos aviários, suas estruturas internas e seus respectivos equipamentos. Se possível recomendamos o uso de água quente, pois a mesma tem maior capacidade de arrastar restos de sujeiras e gorduras. Depois de lavar o aviário devemos eliminar os restos de detergentes pois os mesmos podem neutralizar a ação dos desinfetantes que serão usados mais tarde. É muito importante realizar bem as tarefas de limpeza para que o desinfetante possa exercer sua correta função, por isso antes de desinfetar devemos realizar uma verificação da limpeza. E para isto pode se checar 10 pontos de cada estrutura, ou seja, 10 pontos das cortinas, 10 pontos dos pisos, 10 comedouros, 10 bebedouros, etc. por aviário. Havendo resíduos de cama, fezes e ou poeira, devemos refazer a lavação destas partes para somente após liberar a desinfecção;
  5. Uma vez limpo e seco o aviário devemos realizar a desinfecção. A aplicação dos desinfetantes pode ser úmida e ou de fumigação. A maioria dos desinfetantes atuam bem numa temperatura ambiente de 20 a 22º C.

É necessário seguir as normas de segurança de uso do fabricante, como a hora de aplicação, a dose, a diluição, tempo de espera, a proteção dos funcionários quanto ao uso dos equipamentos de proteção individual (EPIs – luvas, máscaras, botas, etc).

Banhos dos funcionários e visitantes

Todas as pessoas que trabalham e que necessitam entrar nas granjas e nos aviários devem seguir os procedimentos como:

Uma vez realizados os procedimentos, o funcionário/visitante será enviado aos vestiários onde devemos tirar a roupa, sapatos e objetos pessoais, depois ir à sala de banho. Antes de iniciar o banho, realizar a higiene bucal com antisséptico bucal durante 30 segundos aproximadamente.

 

Este procedimento pode ser adotado na entrada da granja e ou incubatório em situações de prevenção. O banho deve ser orientado por um funcionário interno responsável, principalmente no caso de visitantes.  No banho, o funcionário ou o visitante deve lavar bem a cabeça, as narinas e assoar o nariz 3 vezes depois passar um pouco de espuma. Atenção deve ser dada as mãos e os pés e as unhas, onde devemos escovar bem e usar sabonete. Use roupa, botas, máscara, boné, protetor de ouvidos. E sempre faça a desinfecção com álcool gel e use pedilúvio e ou troque de botas para entrar nos aviários.

Desinfecção dos veículos, materiais e equipamentos:

Os caminhões de ração, devem exclusivos para as granjas de matrizes e se possível colocar silos de ração de barreiras para evitar a entrada do caminhão dentro dos núcleos. Os caminhões devem ser submetidos a uma limpeza para retirar a lama dos paralamas, a poeira da superfície e desinfecção rigorosa antes de entrar na granja. Os veículos devem usar o arco de desinfecção e ou desinfecção por mangueira com bomba que permita realizar uma boa desinfeção.

Higienização da ração

Em certos momentos a própria ração pode ser o transmissor de microorganismos, principalmente fungos, leveduras e bactérias. Por isso devemos evitar umidade nos silos de ração, uma vez que o excesso de umidade favorece o crescimento e a multiplicação de fungos e bactérias. Se possível usar o tratamento térmico e ou ácidos orgânicos para diminuir o risco de contaminação e transmissão de Salmonella.

Usar uma temperatura mínima de 82ºC e ou ácidos orgânicos em doses de 2 a 3 kg por tonelada, adotando uma certificação de Boas Práticas de Fabricação para melhorar os controles sanitários e de processo da fábrica de ração. Na granja, realize uma limpeza e desinfecção periódica dos silos de ração, se possível uma vez ao mês no mínimo.

Higienização da água

 

Realizar controles periodicamente, coletando amostras em diferentes pontos: poço, caixa de água, bebedouros. Utilizar um produto higienizante para a água como o cloro e controlar de forma periódica a presença de desinfetante da água de bebida.

Controle de Roedores

Os ratos podem ser transmissores de patógenos que causam problemas na sanidade das aves, entre os quais destacamos as Salmonellas, que podem ser um desastre para as aves matrizes e sua progênie.

O risco pode ser pela chegada de ratos de outras granjas ou aviários e/ou pela disseminação da contaminação via fezes na ração. Devemos monitorar os roedores para manter a infestação a níveis muito baixos e/ou, se possível, evitar a presença dos mesmos e para isso devemos usar raticidas a cada 15 dias em pontos fixos e numerados para que em cada monitoramento seja possível determinar o consumo e ou a presença dos ratos.

Controle de Insetos

O uso de produtos inseticidas adulticidas e larvicidas devem ser intensos no período de vazio sanitário e nos demais períodos devemos um controle com aplicações a cada 15 dias para evitar um crescimento da população de insetos.

Quarentena, medicações e vacinações

É necessário seguir o calendário e o programa de vacinações que foi estabelecido pelo veterinário, pois as vacinas a serem aplicadas estão conforme o histórico e os desafios da região. O funcionário encarregado pela equipe de vacinação deve ter um conhecimento das vacinas (dose, forma de aplicação, intervalos entre as vacinas etc). Utilizar sempre material desinfetado, como seringas e agulhas limpas e esterilizadas por temperatura. Devemos registrar todos os dados pertinentes como a data de vacinação, o lote da vacina, tipo de vacina e data de validade.

Conservar as vacinas em temperatura adequada e recomendada pelo fabricante, no caso de vacinação em spray devemos interromper a ventilação do aviário durante a vacinação e no caso de vacinação na água de bebida, usar água sem cloro ou desinfetantes.

Monitoramento laboratorial, registros e comunicação de resultados

Monitoramento laboratorial e comunicação de resultados

O programa de biosseguridade deve ser averiguado e monitorado para confirmar a presença ou ausência de determinado patógenos nos lotes de aves. Usamos os procedimentos de laboratório para avaliar a imunidade que as aves conseguiram com as vacinas aplicadas. Para isso usamos, no laboratório, os testes de Aglutinação Sorológica Rápida e Lenta, Elisa, Inibição da Hemaglutinação, Bacteriologia para Salmonella, PCR, PCR Real Time.

Comunicação de Resultados

A comunicação dos resultados deve ser rápida e usar os dados para gerenciar o programa de biosseguridade.

Erradicação de Doenças

Avaliação microbiológica depois da limpeza e desinfecção

Devemos fazer uma amostragem para o laboratório com o objetivo de verificar a eficácia dos processos de limpeza e desinfecção, depois da completa desinfecção. Podemos avaliar a carga microbiológica de enterobacterias, presença de salmonella etc.

O vazio sanitário é o melhor momento para erradicar uma enfermidade da granja de matrizes e para isso, quando existe um lote com problema sanitário (por exemplo salmonella spp) e, devido ao pouco tempo que os funcionários têm para fazer uma limpeza mais detalhada, devem os veterinários e os gerentes de produção discutir e acertar a saída antecipada do lote positivo em uma ou duas semanas. Com este aumento do período é possível limpar e desinfetar os aviários e seus equipamentos de maneira muito melhor e, com isto, evitar a recontaminação do próximo lote.

Controle de resíduos, animais mortos e materiais

A granja deve contar com um sistema de manejo para os resíduos conforme legislação ambiental da região onde está construída. A compostagem é um procedimento aprovado na maioria dos órgãos ambientais e sendo bem manejados resultará na correta decomposição das aves mortas e dos resíduos da granja. Hoje em dia existem os desidratadores, que também oferecem bons resultados por aplicar alta temperatura na mortalidade e nos restos de ovos gerados e descartados na granja, reduzindo o volume a ser compostado.

Auditorias

As auditorias são ferramentas que nos ajudam a checar o programa de biosseguridade e, se existirem irregularidades, podemos agir realizando planos de ações e ajustes nos procedimentos. O gerenciamento pode ser realizado através de auditorias constantes e com uma frequência mensal e ou bimestral, mas que permita identificar quais são os processos e ou pontos que necessitam de ajustes e ou correções.

Podemos dividir esta avaliação de forma didática:

  • do processo e aplicação dos procedimentos operacionais;
  • do controles e entrada de materiais;
  • do controle de vetores (ratos e insetos);
  • das instalações e do bem-estar animal.

E com os resultados podemos estabelecer uma nota para cada granja e também identificar quais os pontos que necessitamos melhorar.

Educação contínua

Para assegurar a continuidade e uniformidade dos resultados de um programa de biosseguridade devemos manter um plano contínuo de treinamento para que todos percebam que sempre será mais econômico prevenir do que remediar um problema sanitário em uma granja de matrizes de aves de corte. A adoção de procedimentos operacionais que venham facilitar este entendimento e facilitar a padronização das ações é o mais correto a ser feito. Estes procedimentos devem estar organizados dentro de um programa de Boas Práticas de Produção e Biosseguridade.

Plano de Contingência

As empresas avícolas devem estabelecer um plano de contingência para as emergências, ou toda vez que ocorra uma doença grave nas aves. Este plano deve contar procedimentos extras e necessários até que se tenha os resultados de laboratório que o lote está positivo ou negativo e com este plano podemos bloquear a disseminação da doença para outros lotes até que se elimine as aves se for o caso. Para isso descrevemos alguns pontos importantes.

Medidas de emergências em caso de enfermidades infecciosas:

Conclusões:

Quando estabelecemos os pontos críticos de controle de um Programa de Biosseguridade e estes são monitorados corretamente, verificamos que o êxito é observadoquando diminuem os problemas sanitários, os índices de mortalidades, os gastos com medicamentos e a melhora na qualidade dos produtos, como ovos férteis e os pintinhos produzidos.

Os procedimentos de limpeza, desinfecção, desinfestação, desratização e os demais devem descrever a realidade prática das atividades da granja e, para isso, os funcionários devem participar com sugestões para a criação destes procedimentos.

A Biosseguridade deve fazer parte da cultura da empresa, a tal  ponto que todos possam contribuir para o sucesso do programa.

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Referencias Bibliográficas

  1. Calnek, BW; Barnes, HG; Beard, CW; McDougald, LR & Saif, YM (editors) Diseases of Poultry (10th edition, 1997) Iowa State University Press, Ames, Iowa, USA.
  2. Card, L.E. y Neshein. 1970. Producción Avícola. Editorial Acribia. Zaragoza. España.
  3. Del Pino. R. 2000. Biosecurity for poultry Flocks. Extension poltry veterinarian, University of California-Davis.
  4. Sesti L.A. Biosseguridade em granjas de reprodutores cap 12; Em Macari M. & Mendes A. “Manejo de Matrizes de Corte”. Facta 2003. editores.
  5. Fussell, L; Barger, K; Gustin, S & Martínez, A.2004. Redescubrir La Bioseguridad. Technical Focus Cobb. Cobb-Vantress Inc.  Siloam Springs, AR. USA.
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