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Biosseguridade: quem leva a salmonella para o aviário somos nós, alerta Ricardo Rauber

Escrito por: Priscila Beck
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Biosseguridade

A maior fragilidade da biosseguridade na avicultura não está nos produtos, nem nas estruturas, mas na rotina. A avaliação foi feita por Ricardo Rauber, médico-veterinário da Vetinova e CEO da Samitec, durante palestra no 11º Encontro Avícola e Empresarial Unifrango, ao defender que o vetor mais comum de entrada de agentes infecciosos nas granjas é o próprio ser humano.

“Quem leva a salmonella para o aviário somos nós. Está nas botas, nas mãos, nos veículos. O problema está no pátio, não dentro do aviário”, disse, ao apresentar dados de um levantamento realizado em Santa Catarina. O estudo mostrou que, mesmo em granjas com aviários consistentemente negativos, havia positividade no entorno — revelando falhas no isolamento e no controle da circulação.

Rauber alertou que a maioria dos protocolos de biosseguridade é pensada como formalidade, quando deveria ser tratada como cultura operacional. “Biosseguridade não é para auditoria, nem para registro de granja. É para ser feita todo dia. E tem que ser bem feita.”

Com experiência prática em programas de controle sanitário no Brasil e no exterior, ele reforçou que as medidas mais simples — como troca de calçados, higienização de veículos, controle de pragas e respeito ao intervalo sanitário — são também as mais negligenciadas.

“Não adianta desinfetar o que não está limpo. Matéria orgânica bloqueia a ação do produto. E produto, mal utilizado, não funciona.”

Outro ponto levantado foi a ausência de planos de contingência para problemas que ocorrem com muito mais frequência do que Influenza ou Newcastle. “Todo mundo tem plano para as doenças listadas oficialmente. Mas e quando estoura um surto de salmonella em frango de corte? E se o problema estiver na matriz? Como impedir que isso chegue ao incubatório? Isso também precisa estar previsto.”

A palestra reforçou o papel do Encontro Unifrango como espaço de alinhamento técnico e revisão de práticas cotidianas da cadeia produtiva. “Se todo mundo não estiver engajado, do presidente da empresa ao funcionário da granja, não tem protocolo que resolva”, concluiu Rauber.

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