Conforme divulgado hoje (20/7) pela Agência Estado, o governo brasileiro ofereceu uma maior abertura de seu mercado agrícola à UE. A iniciativa foi interpretada como uma forma de amenizar as críticas de Bruxelas ao setor da carne nacional e chegar a um entendimento para impedir novos bloqueios no setor pecuário.
Segundo a Agência, há dez anos, os europeus vêm insistindo para que o Brasil aceite a importação de determinados produtos agrícolas como frutas, alguns cortes de carnes e, principalmente, produtos do setor lácteo.
Num primeiro gesto, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, enviou uma carta ao comissário de Saúde da União Europeia, Vytenis Andriukatis, informando a decisão do Brasil de atualizar a lista de produtos de origem animal que o governo autorizaria a importação da Europa. O governo também facilitou as exigências sanitárias aos bens exportados pelos europeus ao Brasil.
Até o momento, para cada planta que quisesse vender ao mercado brasileiro, uma missão de fiscais tinha de ser enviada para a Europa para examinar as condições de produção e certificar a venda. Pela nova proposta, se uma das plantas daquele país já estiver habilitada, as demais indústrias do mesmo setor interessadas em vender ganhariam automaticamente o direito de entrar no mercado brasileiro, sem o envio de uma nova missão de fiscais brasileiros para a Europa. O novo exportador vai precisar apenas solicitar às autoridades europeias que o adicionem à listagem geral.
Mercado
No ano passado, a Europa vendeu para o mercado brasileiro US$1,7 bilhão em produtos agrícolas e alimentos. Mas Bruxelas quer expandir esse mercado. Ao fim de 2016, o Brasil tinha exportado cerca de US$14 bilhões em produtos agrícolas para a Europa. Neste ano, até junho, o Ministério da Agricultura informou que os europeus exportaram para o mercado brasileiro US$ 1,1 bilhão em alimentos.
O diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, Pedro Miguel da Costa e Silva, confirmou a iniciativa. “Enviamos na semana passada uma série de autorizações para facilitar a entrada de produtos agrícolas ao Brasil”, afirmou. “Isso tem um valor econômico importante e atendemos a pedidos dos europeus justamente na área sanitária”, explicou. Costa e Silva, porém, garante que a autorização não tem relação direta com a crise da carne. “São coisas diferentes”, garantiu.
À Agência Estado, a Comissão Europeia confirmou que recebeu a carta e que, neste momento, avalia seu conteúdo. Mas fontes em Bruxelas confirmaram que a iniciativa foi recebida de forma positiva e interpretada como um sinal de que o Brasil quer reciprocidade no mercado de carnes, hoje sob tensão depois da Operação Carne Fraca.
Informações retiradas do Jornal Correio Brasiliense