Bronquite Infecciosa causada pela Var 2 – O que aprendemos após um ano de utilização da vacina homóloga Tabic IBVar206.
O vírus da bronquite infecciosa das galinhas (IBV), apesar de já fazer parte do nosso cotidiano, sempre é tema importante de discussões, pois costuma estar presente na grande maioria dos quadros respiratórios, não apenas em frangos, mas em matrizes e poedeiras.
O IBV tem como alvo, principalmente:
- as células ciliadas do trato respiratório superior,
- células do epitélio reprodutivo das fêmeas e
- células do epitélio tubular dos rins.
Nas aves jovens, os sinais estão ligados ao trato respiratório superior, geralmente predispondo a infecções secundárias por bactérias ou outros agentes infecciosos, reduzindo o desempenho dos lotes e aumentando os quadros de condenações.
Algumas estirpes do IBV são nefropatogênicas e causam mais mortalidade em decorrência da falência renal.
Em aves de ciclo longo (matrizes e poedeiras) os sinais são mais relacionados com o trato reprodutivo, como:
- queda na produção e
- piora na qualidade da casca dos ovos.
Esta variante foi relacionada a quadros de aumento da sintomatologia respiratória em aves comerciais, bem como a grandes perdas em abatedouros devido a condenações por aerossaculite.
Estudos de patogenicidade confirmaram o potencial patogênico desta estirpe viral sobre o trato respiratório e nos rins.
Variantes da linhagem GI-23 foram primeiramente identificadas em Israel em 1998, porém, apenas em 2006 foram observados impactos significativos na indústria avícola do país.
Os quadros associados a esta cepa, pareciam não responder de maneira satisfatória aos programas vacinais utilizados na época, havendo uma regressão significativa nos mesmos, apenas após a introdução da vacinação com vacina homóloga (IS/1494/06).
Até fevereiro de 2023, não existiam vacinas, homólogas a esta variante, disponíveis no Brasil, e muito foi feito no sentido de tentar controlar a sua disseminação e conter os prejuízos por meio das vacinas disponíveis no mercado, porém com pouco ou nenhum sucesso.
Hoje, já com mais de um ano de utilização da vacina homóloga podemos observar um cenário bem diferente do anterior:
- Quadros respiratórios mais controlados,
- Taxas de condenação por aerossaculite aceitáveis e
- Uma redução drástica na utilização de drogas antimicrobianas, que eram utilizadas na tentativa de diminuir os sinais respiratórios e os quadros de aerossaculite.
A variante GI-23, tende a se tornar uma cepa dominante nas regiões onde é encontrada. Este comportamento também foi observado no Brasil, onde existe uma variante regional especifica pertencente ao grupo GI-11.
Esta dominância também pode ser observada nos testes de pega vacinal.
Este teste consiste na coleta de amostras de traqueia entre 5 a 7 dias após a vacinação, que são submetidas a técnica de RT-qPCR para detecção identificação da cepa presente no órgão. A
Em estudo realizado no Brasil com 120 amostras de traqueia, de aves submetidas a diferentes programas vacinais contra o Vírus da Bronquite, a Variante 2 foi encontrada em 96% das amostras com um CT médio de 23,6, indicando uma alta carga viral.
É sabido que os desafios de campo pelo IBV genética e antigenicamente diferente ao vírus utilizado na vacinação das aves, podem levar a perdas produtivas em aves de qualquer idade, e a utilização da vacina homóloga a este desafio costuma trazer resultados muito mais eficientes que vacinas pertencentes a outra cepa variante.
Em estudo realizado por Lisowska et al., em 2021, foi demonstrado, por meio de teste de desafio com a Variante GI-23, que as diferentes combinações de antígenos vacinais foram menos eficientes que uma única dose da vacina homóloga (Tabic IBVar206).
Uma melhor proteção vacinal resulta em:
Isto pode ser observado no estudo realizado por Horn et al. (2024), que apresentou índices significativamente melhores em testes de campo.
A sorologia é comumente utilizada para monitoramento de lotes em relação à Bronquite Infecciosa, quer seja para avaliar a eficiência da vacinação ou mesmo para servir de alerta em casos de desafios de campo.
A variante 2 costuma produzir anticorpos circulantes pouco detectáveis em kits comerciais de ELISA, porém Horn et al. (2024), observou uma redução significativa de títulos de anticorpos mensurados pela técnica de ELISA, o que pode demonstrar uma menor circulação do vírus patogênico.
Resultados de sorologia (ELISA) para IBV de amostras coletadas de 20 lotes de frangos de corte antes e depois do início da vacinação com a vacina homóloga para GI-23
Após um ano de utilização da vacina homóloga GI-23, Tabic IBVar206, pudemos observar uma melhora geral nos quadros clínicos respiratórios, e ganhos relacionados ao desempenho zootécnico e redução nas perdas no abatedouro devido a condenação por aerossaculite. Estes números podem ser observados nos dados abertos do Serviços de Inspeção Federal (SIF) publicados mensalmente e disponíveis para consulta.
Depois de um ano de lançamento da Tabic IBVar206, repleto de aprendizado mútuo e trabalho realizado em conjunto com empresas, laboratórios de diagnostico e profissionais comprometidos com o bem comum, podemos dizer que:
- Os prejuízos causados pelo IBV GI-23 podem ser observados em Frangos de corte, matrizes e poedeiras comerciais, e frequentemente está associado a comorbidades e infecções secundárias.
- Por ser um vírus altamente dependente do meio ambiente, medidas de prevenção e controle, como um bom programa de biosseguridade, e boas práticas de manejo, são condições primordiais para que a vacina consiga conferir uma proteção eficiente.
- Vacinas homólogas apresentam os melhores resultados na proteção contra o IBV, por isso conhecer a epidemiologia da região e utilizar vacinas adequadas para cada desafio é condição sin a qua non para atingir os bons resultados.
- Atualmente, o IBV GI-23 é o grupo mais prevalente no Brasil e a vacina TaBic IBVar206 é a única vacina homóloga aprovada para comercialização.