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Captura de Dados e Avanços Genéticos em Conversão Alimentar

Escrito por: Frank Siewerdt
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Cobb

O frango de corte moderno exibe notáveis avanços em comparação àquele da metade do século passado; entretanto, em termos de conversão de ração em carne, continua ainda relativamente ineficiente.

Apesar dos grandes avanços obtidos em genética, ainda há muito espaço para produzir aves capazes de extrair o máximo da energia e dos nutrientes contidos na ração.

PRODUÇÃO EFICIENTE DE FRANGO

 

De uma forma simplificada, a produção eficiente de frangos pode ser reduzida a quatro componentes básicos:

 Crescimento

 Viabilidade

 Conversão alimentar

 Rendimento ao abate

A importância relativa de cada componente depende do custo da ração e mão de obra e do valor da carne de frango no mercado. Empresas totalmente integradas precisam também levar em conta o desempenho das matrizes e resultados de incubatório.

A integração e o tamanho da operação oferecem aos processadores mais opções para decidir sobre o mix de produtos e a captura de sinergias.

De forma ideal, as empresas de produção avícola deveriam ser capazes de escolher que parcela da integração agrega mais valor, e qual aspecto da integração tem maior importância quando da escolha das linhagens a serem usadas. A conversão alimentar, inevitavelmente, fará parte dessa discussão.

O resultado final, em termos de conversão alimentar, é determinado por dois componentes: conversão alimentar do lote (média de todas as    aves) e viabilidade.

 A morte de aves no final do período de crescimento é especialmente problemática, pois a ração consumida pelas aves mortas contará negativamente na medida da eficiência alimentar do lote.

 O impacto da mortalidade tardia pode ser especialmente brutal no resultado final do lote, e dependendo dos termos do contrato, pode afetar o valor pago ao integrado.

As companhias de genética vêm constantemente dando ênfase às características relacionadas à conversão, de modo a permitir que os processadores obtenham melhor eficiência na produção de aves vivas e mais lucratividade.

Ao contrário do que ocorre com as características facilmente medidas, como peso corporal, capturar informações individuais sobre conversão alimentar é um desafio em situações comerciais.

Para determinar a conversão alimentar é necessário medir a ingestão de ração do primeiro dia de alojamento até o abate, no peso de mercado.

DETERMINAR A CONVERSÃO ALIMENTAR    

Existem muitas barreiras para conseguir esta determinação na prática, logo as companhias de genética usam recursos substitutos para avaliar a conversão alimentar. Há duas abordagens básicas:

 Testes conversão alimentar individuais de curta duração (testes “analógicos”)

Cada ave tem acesso a seu próprio comedouro e bebedouro. Os dados individuais são capturados e é possível obter o valor da conversão alimentar de cada frango, um recurso valioso para selecionar aqueles com melhor capacidade de conversão de ração.

 Testes de conversão alimentar em grupos, de longa duração (testes “digitais”) Envolvem espaço compartilhado nos comedouros e a ajuda de recursos eletrônicos como método de obtenção de dados individuais de consumo de ração.

TESTES ANALÓGICOS

Enquanto os testes analógicos são relativamente fáceis de implementar e gerenciar, estes possuem limitações óbvias para levar ao melhoramento da conversão alimentar.

 As aves não se encontram em um ambiente competitivo e não há oportunidade de interação social entre as aves. Como cada ave possui seu próprio espaço e tem acesso à ração sem precisar competir pelo comedouro, algumas podem desenvolver-se melhor e apresentar boa taxa de conversão, porém as aves de sua progênie podem ser incapazes de repetir tais resultados quando desafiadas por outras aves.

 Os testes de curta duração não refletem de forma real a habilidade do frango de corte em converter a ração durante todo o seu período de crescimento.

  A cronologia do teste é crucial: se for possível apenas medir a conversão alimentar individual por cinco a 10 dias, quais dias da curva de crescimento devem ser escolhidos?

Alguns genes promovem o uso eficiente de ração nos estágios iniciais do crescimento, ao passo que outros podem influenciar os estágios finais da curva de crescimento, nos quais as aves estão mais pesadas e consomem mais ração.

A seleção para eficiência precoce pode não impactar a utilização da ração nas últimas duas semanas de crescimento.

 Decidir como abordar essas limitações tem grande impacto sobre a eficiência do programa de seleção de melhoramento da eficiência alimentar ao longo de toda a vida do frango.

  Os testes analógicos são simples de realizar e têm sido a base do progresso genético da conversão alimentar por mais de meio século.

    

TESTES DIGITAIS

Os testes digitais, de duração mais longa, são intuitivamente melhores, uma vez que é possível obter medidas de eficiência alimentar que refletem um período maior da vida das aves.

 Descobrir a quantidade de ração consumida individualmente pelas aves requer o uso de recursos eletrônicos capazes de monitorar o acesso de cada ave ao comedouro. Porém, esse acesso precisa ser limitado a uma ave por comedouro em determinado momento para que o crédito seja dado à ave certa no que diz respeito à quantidade de ração consumida.

 A captura e o armazenamento de dados nos testes digitais estão sujeitos a inúmeras possibilidades de erros. Desafios tecnológicos podem ser superados, e resultarão em sistemas robustos de coleta de dados sobre consumo de ração, com um grande potencial de produzir avanços genéticos em conversão alimentar.

Padrões tecnológicos mais altos não necessariamente levam a melhores avanços genéticos.

 Geneticistas continuarão buscando desenvolver os melhores testes para medir a conversão alimentar, fazendo perguntas como: A taxa de conversão alimentar medida neste teste poderá ser transmitida às futuras gerações?  Os resultados deste teste de conversão alimentar vão se repetir em campo? Como as outras características dos frangos ou matrizes serão afetadas se uma maior pressão de seleção for usada  para a conversão alimentar?

  Os fatores biológicos por trás dos testes de conversão alimentar devem sempre ser coerentes e devem ser o fator principal na tomada de decisões.

  Ganhos genéticos com o melhoramento da taxa de conversão alimentar devem ser considerados juntamente com as metas de crescimento, viabilidade, rendimento de carne e desempenho de matrizes. É necessário que haja equilíbrio para garantir bons resultados técnicos e lucratividade em todas as áreas da integração.

Frank Siewerdt, Diretor Sênior de Genética, Cobb-Vantress, Inc., EUA

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