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Clostridiose em frangos de corte

Escrito por: Brunna Garcia - Mestre em nutrição de aves e compõe a Equipe Técnica Agroceres Multimix
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clostridiose em frangos de corte

A clostridiose está entre as principais enfermidades que acometem os frangos de corte no país, acarretando grandes prejuízos econômicos ao setor produtivo. Estão amplamente distribuídas no solo, águas residuais, poeira, cama, fezes e no trato intestinal dos animais (QUINN et al., 2019).

As bactérias do gênero Clostridium são microrganismos em forma de bastonetes, gram-positivas, anaeróbicas, se disseminam através da produção de esporos e são caracterizadas de acordo com as toxinas que produzem (McVEY et al., 2017).

Dentre elas, destaca-se a Clostridium perfringens, que é considerada uma das bactérias potencialmente patogênicas mais difundidas no mundo e, sem dúvida, a mais importante causadora de enterites por Clostridium (SCHOCKENITURRINO et al., 2009).

Os mecanismos de virulência da C. perfringens estão relacionados principalmente à produção de toxinas, sendo capazes de produzir mais de 15 tipos diferentes de toxinas, que podem causar lesões necróticas na parede intestinal, destruição do tecido muscular e danificar células nervosas que podem levar o animal à morte. E as suas cepas podem ser classificadas em cinco sorotipos (A, B, C, D e E), baseados na produção de quatro toxinas principais (α, β, ε e ι) (ALBORNOZ et al., 2014).

Por ser parte da microbiota intestinal, necessita que fatores predisponentes alterem as condições do ambiente intestinal, propiciando sua multiplicação e o desencadeamento da enterite necrótica (YEGANI & KORVER, 2008; MOORE, 2016).

ENTERITE NECRÓTICA

A enterite necrótica se caracteriza por uma enterotoxemia aguda, não contagiosa, causada pela produção de toxinas liberadas pela Clostridium perfringens, sendo que as aves são acometidas, principalmente, pelos tipos A (α-toxina) e C (α e β-toxina).

A enfermidade apresenta maior prevalência na criação intensiva de frangos de corte devido à alta densidade populacional, e tem maior incidência em animais jovens, entre duas a cinco semanas de idade (BACK, 2006). Os sinais clínicos observados nestas aves são:

A infecção pode estar presente tanto na forma clínica, como também na fase aguda ou em condição subclínica.

 

A doença, na forma clínica, progride por cerca de 7 dias, com a mortalidade diária não excedendo 1%, podendo ultrapassar os 50% em casos hiperagudos, em que ocorre morte súbita nas aves em poucas horas (TIMBERMONT et al., 2011). A forma subclínica não apresenta sinais evidentes, nem picos de mortalidade, porém são observadas graves lesões hemorrágicas intestinais e aparecimento de necrose coagulativa na mucosa intestinal (ALBORNOZ et al., 2014).
O exame necroscópico de aves com enterite necrótica mostrou distensão das alças intestinais por gás, com aparecimento de lesões características e mais restritas ao intestino delgado.

Durante a necrópsia as lesões podem ser semelhantes às da coccidiose, porém, os intestinos se apresentam cheios de gás, friáveis e contém um líquido marrom de odor desagradável.

Na fase inicial da doença, pode haver úlceras e manchas amarelo claro na superfície intestinal. Posteriormente, com a friabilidade do tecido intestinal e o dano causado às vilosidades, promove-se a formação de uma pseudomembrana de coloração verde amarelada, denominada de “toalha turca” (LONG et al., 1974; GOLDER et al., 2011).

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da enterite necrótica inicia-se com a busca de fatores predisponentes existentes na granja. O principal ponto é que o seu desenvolvimento está relacionado a algum tipo de desequilíbrio da homeostase intestinal, ou seja, por alterações fisiológicas na microbiota intestinal (GRENHAM et al., 2011).

Dentre os principais fatores documentados na literatura estão:

Mudanças súbitas e presença de alguns ingredientes na composição da ração (normalmente em dietas com alta presença de polissacarídeos não amiláceos e com baixa digestibilidade), também podem alterar o trânsito intestinal e modular a microbiota, predispondo ao desenvolvimento da enterite necrótica (BJERRUM et al., 2005; DAHIYA et al., 2006; GOMES et al., 2008; PRESCOTT et al., 2016).

Atualmente, a técnica de PCR múltipla é o método mais utilizado na identificação das toxinas principais do Clostridium perfringens, através da análise das amostras intestinais do jejuno e íleo, e determinando a presença deste patógeno e de sua toxemia na microbiota intestinal destas aves (GOMES et al., 2008).

CONTROLE

O controle da enterite necrótica é considerado um dos maiores desafios dentro da avicultura, uma vez que a infecção por C. perfringens é praticamente onipresente e, portanto, não é possível controlá-la usando apenas procedimentos padrão de biossegurança. Por muitos anos, a única medida adotada para o seu tratamento era a administração de antimicrobianos de amplo espectro via água, ou ração (tais como: lincomicina, bacitracina de zinco, oxitetraciclinas, tartarato de tilosina, ionóforos e bacitracina metileno disalicilato).

No entanto, a interdição do uso de antimicrobianos para a promoção do desempenho animal, decretada pela União Europeia, vem reduzindo, gradualmente, a presença dos mesmos nas dietas oferecidas às aves, em decorrência de resistência bacteriana documentada (GOMES et al., 2008; IMMERSEEL et al., 2009).

Devido a essa exigência, medidas rigorosas em relação às práticas de manejo, sanidade e nutrição, passaram a ser adotadas de forma associada a métodos alternativos de suplementação das dietas, visando melhorar a integridade intestinal e modulação de respostas no sistema imunológico.

Entre os meios de auxiliar no controle desta doença, temos o uso de:

Todas essas alternativas têm como objetivo principal promover a saúde intestinal das aves e, consequentemente, melhores resultados zootécnicos e econômicos.

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