Com R$ 2,2 bilhões captados e foco em ESG, Minerva reforça tendência de exigência por rastreabilidade na cadeia de proteína
A pressão por rastreabilidade, governança e boas práticas ambientais nas cadeias de proteína animal segue se intensificando — e os movimentos recentes da Minerva Foods ajudam a consolidar essa direção. A empresa, que atua com bovinos, mas influencia toda a lógica de exportação da proteína brasileira, anunciou nesta segunda-feira (5/5) a captação de R$ 2,25 bilhões por meio de debêntures simples e confirmou sua permanência no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3) pelo quinto ano consecutivo.
A operação financeira, segundo informe ao mercado, foi dividida em cinco séries, com prazos entre três e dez anos. A demanda superou em 13% o valor inicialmente ofertado. Parte dos títulos foi atrelada ao CDI, estratégia que, segundo a companhia, oferece maior previsibilidade para a gestão de caixa. A estrutura da emissão envolveu bancos como Itaú BBA, Bradesco BBI, BTG Pactual e Santander.
Mais do que uma movimentação financeira, a Minerva sinaliza que pretende manter critérios como rastreabilidade, controle ambiental e transparência em suas operações e relações comerciais. Embora o foco esteja na bovinocultura, essas práticas também estão presentes, em diferentes graus, em outras cadeias exportadoras de proteína.
Na produção de carne de frango, a rastreabilidade de grãos, controle de uso de antimicrobianos, bem-estar animal e métricas ambientais já aparecem em exigências de mercados como Europa, Reino Unido e Japão. A atuação de empresas que estruturam compromissos públicos de sustentabilidade, como é o caso da Minerva, contribui para consolidar esse tipo de exigência em outras cadeias produtivas.
Além dos frigoríficos, fundos de investimento, redes de varejo e grandes distribuidores também têm estabelecido diretrizes internas com foco em ESG. Isso vem estimulando a revisão de processos dentro da cadeia avícola, tanto no campo quanto na indústria.
Em contratos com exportadores, já são comuns solicitações de comprovação técnica, rastreabilidade de insumos e indicadores ambientais. Empresas que operam com foco em mercados regulados têm adotado rotinas de verificação e auditoria mais frequentes.
“A entrada e permanência em índices como o ISE B3 mostra que a Minerva não está apenas reagindo a exigências de mercado, mas estruturando um modelo de governança de longo prazo”, afirmou Edison Ticle, diretor de Finanças e Relações com Investidores.