Como o sistema de produção pode impactar os resultados na produção de ovos
O Brasil vem ganhando espaço na produção de ovos mundial e seu produto ganha a cada dia mais não só a mesa dos brasileiros já tendo atingido um consumo per capita acima de 230 ovos/ano por brasileiro, mas também mercados internacionais.
Apesar de estar conquistando novos mercados mundo a fora, a produção de ovos do país ainda é quase que exclusiva consumida dentro do mesmo, 99% do que é produzido fica na casa dos brasileiros.
Para contextualizar é importante saber diferenciar os tipos principais de criação de aves de postura.
O sistema intensivo, isto é a criação em gaiolas, ainda é o sistema mais utilizado na indústria de ovos, mas sua utilização vem sendo repensada com as imposições de diversos países, empresas e consumidores, quanto ao bem-estar das galinhas. Mesmo assim esse sistema também apresenta algumas vantagens como:
- Ovos mais limpos;
- Menor contato da ave com o solo;
- Devido ao menor gasto de energia proporcionado pelo espaço limitado, tem-se maior produtividade.
Nesse sistema de criação, as galinhas fazem a postura nas bandejas e os ovos se deslocam para um compartimento na parte da frente da gaiola, o que facilita o seu recolhimento.
Nesse sistema as aves são criadas em galpões específicos para cada idade:
- FASE DE CRIA: 1ª a 6ª semana de idade
- FASE DE RECRIA: 6ª a 17ª semana de idade
- FASE DE POSTURA: da 18ª semana de vida até o fim do ciclo
A densidade varia de acordo com as instalações utilizadas e genética das aves.
O sistema pode ser realizado de duas formas:
- Sistema de produção em gaiolas mobiliadas: sistemas que utiliza gaiolas mobiliadas com poleiro, ninho, tapete e lixa para desgaste de unhas cujo espaço livre individual por ave não seja inferior a 750 cm².
- Sistema de produção convencional: sistema que utiliza gaiolas em bateria para alojamento das aves, cujo espaço mínimo indicado por ave é igualou superior a 350 cm².
Já os sistemas alternativos podem ser:
- Orgânicos,
- Caipiras,
- Free-range,
- Cage-free,
podendo destacar os dois últimos quanto aos mais utilizados.
No sistema CAGE-FREE as aves têm um tratamento diferenciado, o que as afasta do estresse, trazendo mais conforto e bem-estar. Isso corrobora para que as aves se mantenham ainda mais saudáveis.
Por causa disso, observamos que cada vez mais consumidores têm se juntado à ideia. Afinal, estão mais conscientes quanto às suas escolhas de alimentação.
A densidade é determinada pela idade e pelo peso das aves, além da infraestrutura disponível. No caso dos galpões que têm:
- Apenas um único piso, haverá cerca de 7 aves em cada metro quadrado;
- Em piso ripado, também chamado de slat, são cerca de 9 aves por metro quadrado;
- Em galpões com fileiras verticais, a densidade pode ser maior, com até 11 aves por metro quadrado.
Deve-se considerar que os galpões precisam ser providos de aberturas laterais para o acesso a área externa. Recomenda-se que tenham pelo menos 46 cm de altura e 53 cm de largura, distribuídas nas laterais onde estão localizados os piquetes.
Investimentos em instalações para melhorar a produção
É notável que cada tipo de criação apresenta vantagens e desvantagens, e grande parte delas pode ser atribuída a qualidade, matéria-prima e tipo de equipamento das instalações.
No caso de sistemas intensivos podemos ter a produção de até 300 ovos/ave/ano. Podemos citar que o sistema intensivo facilita o controle e a prevenção de doenças parasitárias, devido ao tipo de instalação onde as aves estão alojadas, e que recebe limpeza e desinfecção constantes, de forma mais fácil, o que interrompe principalmente os ciclos dos parasitas.
Também tem a tendência de diminuir o desperdício de ração por conta da facilidade de instalar alimentadores automáticos.
Por último, mas não menos importante, é necessário lembrar que os acessórios que compõe o aviário também são um fator importante para o sucesso da produção. Um aviário é composto por muito mais que galinhas e gaiolas, mas também comedouros, bebedouros, caixa de água, silos, equipamentos para disponibilização de ração de forma automática, ninhos no caso de sistemas alternativos, entre outros.
Já é bem documentado que o sistema de alojamento influencia significativamente em parâmetros de qualidade como espessura da casca, porcentagem de ovos quebrados e trincados, índice de limpeza dos ovos, e até mesmo em parâmetros que são internos de qualidade como cor da gema.
Dessa forma podemos inferir que mais do que o tipo de produção, a qualidade dos equipamentos, sua boa manutenção e correta utilização são indispensáveis para que as aves produzam de forma eficiente, fornecendo produtos de qualidade e também, sem esquecer que estarão com boa qualidade de vida.
Quais os próximos desafios da cadeia?
É fato que a demanda por aves livres de gaiolas continuará em um crescente nos próximos anos, mas a produção como conhecemos a tanto tempo ainda está um pouco longe de ser extinta.
Os elos que constituem a cadeia produtiva de ovos devem estar em busca de produções cada vez mais precisas para a produção de poedeiras que estão muito mais exigentes independentes dos sistemas de produção.
Mesmo os animais criados de forma convencional, é importante ter em mente que a avicultura moderna não é nem de longe a mesma praticada há alguns anos atrás. A poedeira moderna é muito mais exigente, inclusive nos equipamentos que fazem parte do seu local de criação.
* Referências bibliográficas sob consulta com o autor.