Redução de US$ 6 milhões por ano com ajustes em condenas. O número, revelado pelo especialista da Cobb, Éder Barbon, durante palestra no segundo dia do 11º Encontro Avícola e Empresarial Unifrango, se refere ao impacto financeiro de um índice de 2,13% de condenas em uma única planta, considerando o volume de 200 mil frangos por dia.
A estimativa, segundo Barbon, é baseada em dados reais do setor e tem sido um alerta para o que ele considera o maior desperdício oculto da cadeia produtiva.
“Não é só percentual, é carne produzida e jogada fora”, enfatizou, ao defender que a mensuração dos descartes deve ser feita em quilos e não apenas em percentuais. “O SIF pode indicar 1%, mas o que vale mesmo é o peso que vai para o lixo e isso afeta diretamente o rendimento e a lucratividade das empresas”, completou.
A apresentação do especialista expôs ainda que ações pontuais implementadas desde 2017, em parceria com o MAPA, já permitiram ao setor brasileiro reduzir em milhares de contêineres as perdas com condenas por miopatias, fraturas e contaminações externas. “Foram 2 mil contêineres a menos só com a queda nas miopatias, que passaram de 2,21% para 0,36%. E outros 4.500 contêineres com a redução nas fraturas”, afirmou.
Incubação
Antes dele, o médico-veterinário Cristiano Pereira, também da Cobb, abriu a manhã com uma análise técnica sobre os “Pontos Críticos de Processo de Incubatórios”. Em uma apresentação minuciosa, ele alertou para os riscos invisíveis causados por falhas no controle térmico dos ovos — capazes de comprometer desde a formação do coração e do sistema ósseo até o desempenho zootécnico do frango ao abate.
“Temperaturas elevadas nas últimas fases de incubação levam a hipoxia e obrigam o embrião a usar energia de forma ineficiente. Isso pode resultar em pintinhos com menor proliferação celular muscular e, mais tarde, frangos com coração fraco, suscetíveis a ascite e morte súbita”, explicou.
Pereira defendeu o uso de máquinas de incubação de estágio único, cujos ajustes mais precisos garantem melhores condições fisiológicas ao pintinho. Segundo ele, o investimento nessas tecnologias “se paga em até três anos com ganho de desempenho final”.
Ambos os especialistas destacaram que os problemas enfrentados no campo e no frigorífico têm origem comum, ou seja, o desalinhamento entre setores da produção e a resistência a mudanças de manejo.
Barbon alertou que a cultura de acender luzes contínuas antes do carregamento ainda está presente em algumas granjas, o que compromete o jejum e eleva os índices de contaminação interna. Pereira, por sua vez, reforçou que a falta de controle sobre o estágio embrionário no momento da postura é o que explica perdas silenciosas como mortalidade embrionária ou nascimento fora da janela ideal.
A Unifrango é uma sociedade anônima de capital fechado formada por 18 empresas acionistas, com atuação concentrada no Paraná e presença em outros estados. Fundada em 2001, a organização integra atividades de produção, exportação, logística e inteligência de mercado. Participam da estrutura acionária empresas como Avepar, Avícola Pato Branco, Belo Alimentos, Carminati Avicultura, Coroaves, Dom Avícola e Pecuária, Flamingos, Globoaves, GTF, Granja Econômica, Grupo BTZ, Grupo Pluma, Granja Real, Gibon Foods, Lar Cooperativa Agroindustrial, Pioneiro Alimentos, Seara e Somave Alimentos.