Os altos índices de condenas nas plantas de abate brasileiras resultam na perda diária de toneladas de carne de frango que poderiam ser aproveitadas como alimento.
A estimativa apresentada durante o 25º Simpósio Brasil Sul de Avicultura chega a 9% de condenas no Brasil, enquanto em países como Estados Unidos e Europa o índice gira entre 0,5% e 1%. Os dados foram discutidos por Ricardo Pivatto, diretor de vendas da Meyn Brasil, e Daniela Mengarda, Gerente Corporativa de Engenharia e inovação da BRF, em entrevista ao estúdio oficial do evento, em uma parceria entre o Nucleovet e a AgriNews Brasil.
“Quando falamos de 9% de condena, estamos falando de milhares de toneladas de carne que deixam de chegar à mesa da população todos os dias”, destacou Daniela. Além da perda econômica, o número representa um impacto direto na segurança alimentar, uma preocupação cada vez mais presente em um mundo com demanda crescente por proteína animal.
Durante a conversa, os especialistas explicaram que o avanço da tecnologia — incluindo sensores, câmeras, inspeção por imagem e inteligência artificial — já permite maior eficiência nos processos industriais. No entanto, entraves regulatórios ainda impedem a aplicação em larga escala dessas soluções no Brasil.
“A legislação precisa acompanhar a velocidade da inovação. Quando uma nova tecnologia leva anos para ser aprovada, ela já chega atrasada ao mercado”, avaliou Pivatto.
Entre os gargalos apontados, estão os limites legais de velocidade nas linhas de abate, a falta de normativas que permitam o uso pleno de ferramentas baseadas em IA e a carência de treinamento adequado para operadores das novas tecnologias. Além disso, os especialistas reforçaram a necessidade de customização das soluções para a realidade de cada planta, respeitando o porte, o tipo de ave e as características de produção.
A discussão também trouxe à tona o impacto desses entraves na competitividade internacional do Brasil. Mesmo sendo um dos maiores exportadores de carne de frango do mundo, o país precisa avançar em eficiência, padronização e rastreabilidade para manter sua posição de liderança. Esses aspectos estão diretamente ligados à capacidade de incorporar tecnologias modernas e alinhar o setor produtivo às exigências dos mercados mais rigorosos — o que só será possível com a atualização e agilidade dos marcos regulatórios.
Ao final da entrevista, Pivatto e Mengarda foram unânimes na mensagem aos líderes da avicultura:
“Precisamos de agilidade, simplicidade e união entre indústria, fabricantes e órgãos reguladores para romper lacunas normativas e tornar viável o uso de tecnologias que já estão prontas para salvar toneladas de alimento por dia”.
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