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Nos surtos severos de Gumboro observados nas décadas 1990 e 2000 no Brasil e outros países da América Latina, vírus altamente virulentos superaram níveis médios de anticorpos maternais (AcM) e atingiram as bursas antes que as cepas vacinais suaves e intermediárias usadas naquela época. Assim, foi necessário o uso de cepas mais precoces (Intermediarias Plus) para controlar a doença.
A vacina complexo imune, contendo a cepa intermediária Plus Winterfield 2512, ganhou destaque, pois conciliou duas demandas necessárias para o controle efetivo de Gumboro:
Objetivos da vacinação contra Gumboro em frangos de corte
Proteção da Ave
As aves são imunizadas à princípio para que sejam resistentes à infecção por vírus virulentos de campo. Uma ave corretamente imunizada estará protegida contra doença clínica, subclínica e imunossupressão.
É óbvio que é mais difícil monitorar a eficácia dos programas de vacinação na presença da forma subclínica da doença, do que na manifestação clínica.
Diminuição da pressão de infecção
A composição química do vírus de Gumboro permite que o agente seja altamente resistente a muitos desinfetantes e sobreviva vários meses fora da ave, mantendo-se viável no ambiente, principalmente na cama dos aviários.
Práticas rotineiras de limpeza e desinfecção não conseguem eliminar totalmente as partículas virais infecciosas da cama e dos aviários.
FORMAS DE APRESENTAÇÃO da DOENÇA DE GUMBORO
O vírus de Gumboro ingressa pela via oral, e depois de horas chega até o órgão alvo que é a bursa. A intensidade e extensão das alterações micro e macroscópicas dependerá de vários fatores:
Porém, para fins práticos,
são reconhecidas
três formas. (Tabela 1).
TABELA 1. FORMAS DE APRESENTAÇÃO DA DOENÇA DE GUMBORO
TECNOLOGIAS DISPONÍVEIS PARA A IMUNIZAÇÃO DE FRANGOS DE CORTE
Desde que ficou evidente a necessidade de programas vacinais para o controle da doença de Gumboro, vários esquemas foram implementados e testados.
Imunidade Passiva
Hoje, sabe-se da importância dos lotes de pintinhos de primeiro dia com elevados níveis de AcM, que protejam contra as infecções nas primeiras duas a três semanas de vida (imunidade passiva). Estes AcM neutralizantes são obtidos com programas vacinais nas matrizes, que incluem a aplicação de vacinas vivas e reforço com vacina inativada.
A proteção da ave quando os AcM caem à níveis baixos ou não protetivos é obtida com imunizações nos frangos (imunização ativa). Inicialmente, esta imunização era realizada com vacinações nas granjas com cepas atenuadas.
O uso de vacinas vivas, que podem ser administradas por sistema mecânico, em todos os pintos através da vacinação in ovo ou subcutânea, com elevado grau de confiabilidade, tanto na administração, como na cobertura vacinal, mudou bastante essa situação.
VACINAS COMPLEXO IMUNE
A segurança das vacinas Complexo Imune é semelhante à das vacinas vivas do tipo Intermediárias, com a vantagem adicional que todas as aves são imunizadas com a mesma dose bem controlada da vacina.
Imunizações com este tipo de tecnologia, ciclo após ciclo, diminuem a pressão viral, e consequentemente, a pressão por seleção não ocorre na população viral da granja, e assim se alcança o “controle” verdadeiro da doença.
VACINAS VETORIZADAS
Estas vacinas são produzidas a partir de vírus geneticamente modificados (vetor HVT), cujogenoma contém o gene do vírus de Gumboro específico, que codifica a proteína VP2 do capsídeo viral.
Diferentemente das vacinas vivas, a vacina recombinante não estimula todos os ramos do sistema imune, pois não existe a replicação do vírus de Gumboro, mas apenas uma resposta de anticorpos contra o antígeno VP2, carregado pelo vírus de Marek (rHVT).
Ao contrário das vacinas Intermediárias Plus, em que a proteção completa aparece cerca de dois dias após a replicação do vírus, a proteção induzida pelas vacinas rHVT-VP2 vai aumentando aos poucos, levando alguns dias até várias semanas pós-administração.
É comum ver lotes vacinados com vacinas rHVT-VP2 apresentarem sinais de infecção
A longo prazo, o fato da imunidade ser específica para o tipo de antígeno, e não proteger igualmente contra todas as cepas virais de Gumboro afeta negativamente a prevenção da doença.
As vacinas rHVT-VP2 conferem baixa eficácia contra infecção e excreção, e essa proteção é até menor com algumas cepas, favorecendo o surgimento de novas variantes.
Figura 2 – Presença de vírus de Gumboro no aviário após uso contínuo de vacinas vetorizadas e complexo imune.
O controle eficaz da doença de Gumboro em frangos de corte envolve o uso de um programa imunoproxilático que inclua vacinações nas matrizes e nos frangos que permitam:
Por M.V. MSc. PhD. Jorge Chacón, Serviços Veterinários Ceva Saúde Animal