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Controle integrado de cascudinhos em avicultura de corte

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Controle integrado de cascudinhos em avicultura de corte

Autor: Mauricio Schiavo Marchi – Gerente Técnico LATAM  Lanxess Biosecurity Solutions

 

 

Originário do continente africano, o principal inseto praga da avicultura de corte industrial e velho conhecido de avicultores e técnicos do setor, o cascudinho encontrou nos aviários de frango de corte, perus e matrizes pesadas um ambiente ideal para proliferação e perpetuação da espécie.

De difícil controle, os insetos adultos podem sobreviver até 400 dias e uma fêmea do coleóptero pode colocar cerca de 2000 ovos durante a vida. Seu ciclo biológico contempla as fases de:

É possível deparar-se com todas as formas de vida em um aviário, especialmente em regiões da cama abaixo dos comedouros e áreas do pinteiro, onde há disponibilidade de alimento durante todo o período de lote.

Os prejuízos causados pela infestação desta praga estão associados aos danos à infraestrutura dos aviários, como:

Além disto, o cascudinho é vetor de diversos patógenos, dentre eles, a Salmonella, um dos principais microrganismos da avicultura de corte e principal agente associado a doenças transmitidas por alimento em humanos.

 

CONTROLE INTEGRADO: TRATAMENTO DE CAMA E USO DE INSETICIDAS QUÍMICOS

  1. Tratamento de cama

Manter os lotes com infestações controladas de cascudinhos é um dos pontos fundamentais em um programa de biosseguridade em avicultura de corte e item básico para manter um alto status sanitário das aves.

Como o habitat desta praga é fundamentalmente a cama dos aviários, e sabendo que a produção de frangos de corte, em muitos países, ocorre sob cama de reuso, o que dificulta o controle do cascudinho, as técnicas integradas de reuso da cama associadas ao uso consciente de inseticidas químicos ainda são medidas essenciais que devem ser implementadas durante o intervalo sanitário entre lotes.

Dentre as principais técnicas empregadas no tratamento de cama de aviários, destacam-se os métodos químicos, sendo a alcalinização com aplicação de cal a técnica mais utilizada; e o método fermentativo, o qual consiste na cobertura da cama com lona apropriada, sendo a técnica a mais recomendada para o controle de cascudinhos.

Imagem 1 – Tratamento da cama: Método fermentativo de enlonamento de superfície. Fonte: Mauricio Schiavo Marchi.

 

A adição de cal virgem ou hidratada reduz a atividade de água e alcaliniza o pH do substrato, controlando e inibindo a multiplicação de bactérias indesejáveis e cascudinhos.

Já o método fermentativo, representado pelas técnicas de fermentação em leiras com cobertura e de enlonamento de superfície, consiste no umedecimento e cobertura do substrato com lona apropriada por alguns dias, o que cria um microambiente com alta temperatura e acúmulo de gases tóxicos no interior do envelope, sendo prejudicial aos microrganismos e ao coleóptero.

Imagem 2 – Tratamento da cama: Método fermentação em leiras. Fonte: Martins et al, 2013.

Temperaturas acima de 43º C por 07 dias têm causado mortalidade de larvas e adultos de Alphitobius diaperinus.

 

  1. Inseticidas químicos

Apesar de alguns produtos possuírem a indicação de tratamento durante o período de lote, sem oferecer riscos quando utilizado na presença das aves, os custos para estes produtos ainda são elevados quando comparados aos inseticidas químicos utilizados durante o intervalo sanitário e que atualmente constituem o principal método de controle de cascudinhos.

Os ingredientes ativos mais utilizados pertencem à classe dos piretróides e organofosforados. Dentre os ativos da classe dos piretróides, a Cipermetrina é a mais utilizada e vários autores relatam casos de resistência a este ingrediente ativo no controle de Alphitobius diaperinus.

O uso indiscriminado e incorreto de inseticidas e formulações em ambientes infestados pode favorecer a seleção de populações de insetos resistentes. 

Em estudo conduzido em 2019 com o objetivo de verificar possíveis casos de resistência dos cascudinhos aos inseticidas químicos, coletou-se amostras da praga proveniente de aviários de uma integração no Brasil, localizada no estado de São Paulo, onde o mesmo inseticida químico vinha sendo utilizado por vários anos consecutivos.

A análise dos dados de mortalidade, submetidos a análise de variância ao nível de 5% de probabilidade, revelou que a probabilidade de sobrevivência dos cascudinhos até o sétimo dia após o tratamento foi de 60% para larvas e 80% para adultos, quando tratados com o mesmo produto que vinha sendo utilizado por vários anos consecutivos.

Quando a população de cascudinhos foi desafiada com outros produtos, a probabilidade de sobrevivência caiu para 5% para adultos e 0% para larvas. 

Tão importante quanto a escolha do produto é saber o momento e a técnica de aplicação recomendada pelo fabricante do inseticida.

Após o carregamento do lote e despovoamento da instalação, ocorrem mudanças no ambiente do galpão, como redução da temperatura e umidade. Estas mudanças exercem influência sob o comportamento do cascudinho no aviário, causando redução da sua atividade e possível fuga dos galpões.

Sendo assim, logo após o carregamento das aves, recomenda-se aplicar inseticidas químicos em áreas próximas a mureta dos aviários, aproveitando ainda o momento de maior atividade da praga e para que não ocorra migração dos cascudinhos para outros aviários ou núcleos de produção.

Imagem 3 – Aplicação de inseticida em pó ao longo do aviário. Fonte: Lanxess Biosecurity Solutions

Outra medida recomendada é a aplicação de inseticidas líquidos nas bordas da lona, de dois a três dias após o início do enlonamento, pois é neste momento que o coleóptero pode fugir de dentro do envelope devido a ação do calor e aumento da concentração de gases tóxicos.

Imagem 4 – Aplicação de inseticida em líquido nas bordas da lona. Fonte: Lanxess Biosecurity Solutions

O produto, a dose utilizada e o momento de aplicação do inseticida dependem do nível de infestação da praga e o diagnóstico de infestação deve se basear em metodologia e técnica de campo reconhecida. Em situações de alta infestação, o inseticida em pó ou líquido, pode ser usado logo após o carregamento dos animais ou alguns dias antes do alojamento do novo lote.

A escolha do inseticida deve ser baseada em algumas características desejáveis, como:

  • Possuir registro nas autoridades competentes,
  • Se o produto apresenta efeito killing, causando a morte rápida do cascudinho,
  • Efeito residual longo,
  • Ótimo custo-benefício e principalmente,
  • Que demonstre efeito adulticida e larvicida.

A LANXESS Biosecurity Solutions apresenta duas soluções para o controle de cascudinhos em aviários:

São dois produtos formulados com ingredientes ativos diferentes, dificultando o aparecimento de insetos resistentes, eliminando larvas e adultos de cascudinhos, com ótimo efeito imediato e longo efeito residual.

O controle de cascudinhos é dificultoso por inúmeros fatores:

O controle deve ser baseado fazendo uso racional de inseticidas associado com técnicas de tratamento de cama, como o método fermentativo. 

 

cascudinhos em avicultura de corte Referências sob consulta do autor

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