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Da incubação ao abate: como decisões técnicas impactam a rentabilidade de ponta a ponta

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Da incubação ao abate: como decisões técnicas impactam a rentabilidade de ponta a ponta

Durante o 11º Encontro Técnico da Unifrango, realizado em Maringá (PR), dois especialistas da COBB, Cristiano Pereira e Éder Barbon, participaram da programação com painéis que conectam os extremos da cadeia avícola: da incubação ao frigorífico. Em entrevista ao agriNews Play Brasil, eles reforçaram que práticas básicas negligenciadas seguem gerando perdas significativas para o setor, tanto em desempenho zootécnico quanto em indicadores econômicos.

Cristiano Pereira, especialista em incubação, chamou atenção para os efeitos das altas temperaturas na fase final da incubação, que comprometem o desenvolvimento do sistema cardiovascular dos embriões e resultam em frangos mais suscetíveis a associadas, problemas circulatórios e condenações no abate.

“O principal sistema afetado é o cardiovascular, mas órgãos esqueléticos e digestivos também sofrem. Isso se reflete principalmente na última semana de vida do frango, quando ele já consumiu muita ração e gerou alto custo para o produtor”, explica.

Além disso, Cristiano alerta para a falta de atenção aos indicadores intermediários de qualidade. “Precisamos olhar além dos resultados finais. A avaliação da janela de nascimento, a temperatura de cloaca e o mapeamento térmico dos embriões são fundamentais para antecipar falhas que vão gerar prejuízos lá na frente”, afirma. Ele também critica a prática, ainda comum, de incubar ovos sem armazenamento ou pré-aquecimento adequado: “Não se trata apenas de estrutura física. Falta priorização e rotina técnica em muitas unidades”.

Do ponto de vista industrial, Éder Barbom, especialista em qualidade e processos da COBB LatCan, destacou que condenas são frequentemente subestimadas por serem medidas apenas em percentuais, e não em quilos ou valores reais.

“Uma planta com 2,13% de condenas pode perder até 6 milhões de dólares por ano. Quando passamos a pesar essas perdas, conseguimos enxergar o impacto no rendimento da planta e na saúde financeira da empresa”, afirma.

Barbon também celebrou a recente autorização do Ministério da Agricultura para a lavagem externa de carcaças, que resultou em significativa redução de perdas. “Essa conquista mostra que o Brasil está se alinhando aos principais exportadores do mundo. Agora, vamos trabalhar pela aprovação da lavagem interna, que tem o mesmo potencial de impacto positivo”, projeta.

Outro tema abordado foi a padronização da interpretação de lesões de pele. Segundo Éder, a adoção do Atlas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como referência oficial representa um avanço. “O próximo passo é garantir que os fiscais do MAPA nas unidades tenham o mesmo entendimento técnico, para que condenas indevidas sejam evitadas”, reforça.

Ao conectar aspectos críticos da incubação à etapa final do abate, a COBB defende que a gestão por dados e a atualização das rotinas técnicas são ferramentas-chave para uma avicultura mais eficiente, sustentável e lucrativa.

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