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Distúrbios reprodutivos, respiratórios e locomotores

Escrito por: Rodrigo Espinosa
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frangos reprodutoras

Conteúdo disponível em: Español (Espanhol)

Nas aves reprodutoras pesadas alguns dos problemas mais comuns estão relacionados com desordens ou distúrbios reprodutivos e doenças respiratórias.

Nos frangos de corte existem muitas patologias, porém as que agrupam os problemas locomotores são comuns em todas as regiões da América Latina. A identificação destes problemas requer uma pesquisa exaustiva que deve começar pela obtenção de uma história clínica completa.

Desordens/distúrbios reprodutivos

Os distúrbios reprodutivos são frequentemente derivados de alterações metabólicas associadas a problemas não infecciosos do trato reprodutivo de galinhas no início do ciclo de produção de ovos.

Entre as causas mais comuns de alta mortalidade de galinhas na fase inicial de produção, os distúrbios reprodutivos ocupam posição destacada e podem ser previnidos ou controlados em muitos casos.

Quando as operações de reprodutoras experimentam alguma combinação de quaisquer dos seguintes distúrbios reprodutivos em lotes jovens é provável que existam fatores de manejo, nutrição e alimentação que predisponham ou contribuam para o desenvolvimento desses problemas (Tabela 1).

As galinhas de 10-15 anos atrás eram muito diferentes das modernas no que diz respeito à sua conformação e tendência para acumular tecido muscular.

Hoje em dia, a maioria dos problemas não infecciosos ou transmissíveis que causam alta mortalidade em reprodutoras estão associados a sobrepeso e excesso de desenvolvimento do músculo peitoral.

Tabela 1. Distúrbios reprodutivos e fatores predisponentes

A causa principal continua sendo o crescimento insuficiente e a baixa uniformidade do peso corporal durante o período crítico de formação do esqueleto

Isso pode ser exacerbado por programas de alimentação muito agressivos aplicados imediatamente após a fotoestimulação, pois geram rápido ganho de peso, frequentemente com consequências reprodutivas graves.

O objetivo é um desenvolvimento ideal do esqueleto durante o período crítico de desenvolvimento ósseo, entre as 4 e 6 semanas de idade, já que existe uma correlação marcada entre a composição esquelética e o desempenho reprodutivo, a persistência da postura e a qualidade da casca.

É importante lembrar que “o êxito da produção de ovos depende de um correto levantamento de frangas”

O manejo de reprodutoras modernas é mais complexo que no passado

Problemas respiratórios
Os agentes virais mais comumente observados na América Latina, vinculados a doenças respiratórias incluem o vírus de Newcastle, Bronquite Infecciosa, Influenza Aviária e Metapneumovírus Aviário.

Os agentes bacterianos de origem primária ou secundária incluem Avibacterium paragallinarum e Pasteurella multocida.

Esta última está associada, com frequência, a casos de septicemia. Todos estes agentes podem interagir com Mycoplasmas (MG e MS) e com bactérias oportunistas como E. coli, Ornithobacterium (ORT), Bordetella e outras

Embora esses agentes tenham sido relatados há bastante tempo na indústria, sua constante reaparição pode ser explicada por condições deficientes de biosseguridade e higiene, que permitem sua circulação entre as operações ou granjas afetadas.

Repercutem diretamente sobre a viabilidade de se implementar medidas de biosseguridade efetivas:

  1. A localização das operações
  2. A urbanização do entorno dos centros produtivos
  3. A idade dos galpões (em muitos casos as instalações datam de mais de 30 anos)
  4. A pressão da produção, que muitas vezes compromete os vazios sanitários.

Uma das situações de maior risco é a produção em granjas com lotes de idades diferentes, seja ela por necessidade de aproveitamento do uso da terra, por falta de investimentos em novas instalações ou por baixa estimativa do crescimento produtivo.

Um caso especial são as granjas de criação de frangas poedeiras nas proximidades de granjas de produção de ovos comerciais de várias idades, sendo a situação agravada pela implementação de planos de vacinação para cada idade com aplicação constante de vacinas com vírus ativo.

Muitos produtores entendem este risco e projetam, em vez disso, programas de vacinação que consideram a média de idade ou frequência desejável de re-vacinação, no lugar de idades cronológicas para cada lote separadamente.

O vírus da Bronquite Infecciosa é o principal protagonista em quadros de queda de postura com alteração da qualidade da casca, perda da incubabilidade e queda nos índices de nascimento. Muitas vezes, há aumento de mortalidade por complicações bacterianas.

Pensa-se, erroneamente, que os títulos de anticorpos alcançados ao início da postura durarão toda a vida do lote sem considerar que a circulação do vírus ativo, proveniente das produções, encontrará aves suscetíveis em fase tão inicial como às 30-35 semanas de idade.

Nestes casos é muito difícil controlar a circulação do vírus somente endurecendo as medidas de biosseguridade e deve-se considerar a possibilidade de implementar um plano de vacinação em produção, sincronizado com a aplicação de vacinas em produção quando justificada.

Muitas vezes se observa que os lotes em produção são vacinados contra doenças respiratórias como Newcastle a cada 10 semanas.

Nestes casos pode-se facilmente incorporar também a aplicação de vacina contra Bronquite Infecciosa, já que o pessoal encarregado das vacinações já conhece a logística deste manejo.

Uma das principais desvantagens dos planos de vacinação em produção é que o pessoal poderia esquecer de fazê-lo com os intervalos necessários, gerando assim problemas produtivos similares aos observados com circulação do vírus de campo.

É fundamental implementar e assegurar os planos de biosseguridade e vacinações, além de contar com programas de vigilância e monitoramento de doenças bem projetados, com base nos desafios locais.

O uso de ferramentas de diagnóstico como a sorologia e a detecção molecular (PCR, RT-PCR, ReTi-PCR ou qPCR) é necessário para ter uma melhor visão da epidemiologia das enfermidades locais e para poder otimizar os programas de vacinação.

Frangos de corte

Em frangos de corte vamos focar em problemas locomotores.

Os problemas de patas em frangos de corte são uma preocupação universal e constante por seu alto impacto econômico e por sua relevância no bem-estar animal. Estes problemas geram perdas diretas por mortalidade ou eliminação de aves. Também produz perdas indiretas por perdas em desempenho econômico, arranhões, celulite, prejuízos na planta de processamento e quedas na qualidade de carcaça.

Em termos gerais, a integridade do sistema musculoesquelético é chave para alcançar êxito em produtividade, bem-estar animal e qualidade do produto final.

Os problemas de patas do frango são multifatoriais e o manejo do lote exerce um papel fundamental.

Existem causas infecciosas e não infecciosas.

NÃO INFECCIOSAS

INFECCIOSAS

Os problemas não infecciosos têm fatores predisponentes como a conformação corporal, que predispõe a valgus-varus. Fala-se que a falta de exercício é um fator que predispõe a Spondylolisthesis. Algumas deficiências nutricionais podem resultar em problemas de raquitismo.

O crescimento rápido (fator genético) aliado a desequilíbrios nutricionais (principalmente de cálcio/fósforo; distúrbios ácido-base; ou desequilíbrio eletrolítico) podem também gerar discondroplasia.

É importante reconhecer que, com frequência, os problemas infecciosos se apresentam como consequência de anomalias não infecciosas.

Por exemplo, Staphylococcus aureus e Enterococcus cecorum são as bactérias mais comumente isoladas em infecções bacterianas dos ossos e articulações.

Como mencionado anteriormente, a seleção genética para crescimento rápido pode ser um fator predisponente, porém esta mesma seleção genética está trabalhando de forma constante e eficiente na diminuição dos problemas locomotores.

Um diagnóstico preciso dos distintos problemas locomotores é crucial para seu possível controle e é necessário indicar se o problema é bilateral, sua prevalência, documentar possíveis tratamentos etc. É recomendável adotar algum sistema de avaliação da locomoção e postura das aves para classificar os problemas de locomoção e seu grau de severidade, além de se manter a par de tendências de problemas de locomoção.

ESTUDO

Em um estudo recentemente publicado na revista científica Poultry Science mostrou-se a evolução da saúde das patas em 3 linhas genéticas puras (A, B e C) de frango de corte após um período de 25 anos de seleção genética.

As características avaliadas incluíram:

O estudo demostrou que, em conjunto, a seleção para melhorar a saúde das patas através de uma intensa classificação, a aplicação de uma política estrita de eliminação das famílias afetadas, assim como a identificação das famílias com melhor integridade musculoesquelética renderam bons frutos.

Foram desenvolvidos vários métodos para medir a prevalência e intensidade de claudicação frangos. Estas metodologias utilizam escalas de 0-5; enquanto outras usam escalas mais simples de 0-3. É mais fácil usar escalas simples para poder treinar mais facilmente o pessoal de campo no uso destas ferramentas.

As escalas simples consideram qualificações de 0 = Normal, com pernas bem aprumadas; 1 = Patas semi-abertas; 2 = Patas semi-abertas e prostração relativamente prolongada; e 3 = Sem possibilidade de caminhar e apoiando-se sobre as asas.

Outra ferramenta efetiva para monitorar a saúde das patas é registrar a quantidade de aves eliminadas por problemas de patas.

É muito importante ter uma clara ideia e um entendimento básico das principais causas de problemas de patas para poder implementar planos de controle específicos conforme a necessidade

O controle dos problemas de patas é apoiado em alguns aspectos básicos:

Evitar deficiências e desequilíbrios de Ca++, P e Vitamina D3; fazer uso correto de enzimas e considerar sua termoestabilidade; evitar a destruição de vitaminas por problemas de condições de armazenamento ou de ranço de gorduras e óleos; e manter o equilíbrio ácido-base na formulação.

Estudos recentes nos EUA demostraram que as altas temperaturas durante a incubação podem causar diversos problemas de patas em pintinhos de corte jovens, porém não há evidência clara de que os problemas de patas observados em frangos muito pesados tenham sido iniciados por práticas anômalas na planta de incubação.

O manejo do lote está estreitamente vinculado a uma saúde ideal dos prumos e deve-se focar em conseguir um desenvolvimento inicial adequado, medido no peso corporal em relação ao padrão da linha genética. A temperatura inicial, a disponibilidade de alimento e a qualidade da água de bebida são pontos críticos a serem revisados. A manutenção de uma boa qualidade da cama é essencial para a saúde  ideal das articulações plantares e minimizar as pododermatites.

É recomendável avaliar regularmente a saúde intestinal e respiratória mediante necropsias de campo rotineiras. Deve-se adotar medidas corretivas de forma oportuna quando necessárias.

O objetivo é “manter os frangos apoiados sobre patas saudáveis” reduzindo ao mínimo o raquitismo e os problemas metabólicos que afetam os ossos, assim como deve-se reduzir ao mínimo possível os episódios de enteropatias

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