Veja o que o Dr. Luiz Sesti, responsável pelos serviços veterinários da Ceva Saúde Animal, tem a nos dizer sobre esta enfermidade.
A DOENÇA DE GUMBORO É FAMOSA PELOS EFEITOS DEPRESSORES DO SISTEMA IMUNOLÓGICO DAS AVES, COMO ISSO ACONTECE? |
Durante esse período, a integridade da Bursa de Fabricius (BF) é crítica, pois trata-se do órgão fonte de linfócitos B, que irão migrar aos órgãos imunes periféricos e tornar a ave capaz de uma resposta imune humoral eficaz por toda a sua vida.
Essa infecção precoce pode ser responsável por uma resposta inadequada às vacinações e às infecções bacterianas e virais.
Importante comentar que a replicação de um IBDV de campo pode também causar um certo nível de imunodepressão celular temporal em função da ação do IBDV infectante sobre certas células chave da resposta imune (macrófagos, células NK e como consequência sobre linfócitos T CD4+ e CD8+).
PODERIA FAZER UM BREVE RESUMO DO QUE TEMOS HOJE DISPONÍVEL EM RELAÇÃO ÀS VACINAS PARA A PREVENÇÃO DA DOENÇA DE GUMBORO EM FRANGOS DE CORTE E CONCEITOS BÁSICOS DE CADA TECNOLOGIA? |
Hoje, sabe-se da importância dos lotes de pintinhos de primeiro dia com elevados níveis de anticorpos maternos (AcM), que protegem as aves contra infecções nas primeiras duas a três semanas de vida (imunidade passiva).
Estes AcM neutralizantes são obtidos com programas vacinais nas matrizes, que incluem:
A proteção da ave quando os AcM caem a níveis baixos e não protetivos é obtida com a vacinação dos frangos (imunização ativa). Inicialmente, esta imunização era realizada com vacinações nas granjas com vacinas vivas atenuadas aplicadas principalmente via água de bebida
Logo, se percebeu que este conceito vacinal apresentava sérias limitações operacionais, pois é praticamente impossível determinar-se de maneira eficaz a melhor idade de aplicação da vacina no campo (quando os AcM não neutralizariam o vírus vacinal) devido à variação de títulos de AcM nas aves de 1 dia de idade.
O uso de vacinas vivas, que podem ser administradas em todas as aves por sistemas automatizados no incubatório (via in ovo ou subcutânea [SC] logo após a eclosão), mudou radicalmente a efetividade do processo de vacinação. |
Três conceitos técnicos de vacinas estão disponíveis hoje em dia.
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Hoje em dia, as cepas vacinais de vacinas vivas convencionais são classificadas, de acordo com sua invasibilidade e velocidade de replicação na Bursa de Fabricius (BF), em:
Os grandes limitantes de estas vacinas são os fatos de que:
Desta maneira, vacinas convencionais aplicadas via água de bebida no campo, embora muito efetivas quando todos os fatores acima forem controlados, apresentam enorme possibilidade de falhas de proteção.
Estas vacinas são produzidas a partir da inserção de um gene do IBDV no genoma de um vírus vacinal, que é a cepa HVT (herpesvirus de perus), usada na vacinação contra a Doença de Marek.
Desta maneira, quando o HVT recombinante (rHVT; vetor) é aplicado nas aves, ele se replicará e expressará a proteína VP2 (do IBDV) em sua superfície, estimulando o organismo da ave produzir uma resposta imune contra esta proteína e, assim, contra IBDVs de campo que eventualmente infectem as aves nas granjas.
O máximo desenvolvimento da imunidade contra a Doença de Gumboro com este conceito vacinal ocorre lentamente e estará completo somente ao redor das 4 semanas de idade das aves vacinadas.
Por estas razões, vacinas vetorizadas contra a Doença de Gumboro nunca irão proporcionar total e completa proteção contra todos os IBDVs de campo e, portanto, nunca proporcionarão o controle do ciclo da Doença de Gumboro em um sistema de produção. |
Dessa forma, o vírus vacinal (sempre uma cepa de maior invasibilidade, ou seja, intermediaria plus ou forte) é recoberto por estes anticorpos (que se unem a seus receptores na superfície do vírus) e forma-se o que se denomina de um complexo imune (vírus vacinal unido a anticorpos).
Estes anticorpos unidos ao vírus têm a função primordial de proteger a partícula viral do reconhecimento pelos AcM na circulação do pintainho vacinado.
Um certo tempo após a aplicação da vacina (in ovo ou SC) os complexos imunes se desfazem e o vírus vacinal, totalmente viável, entra na corrente sanguínea.
Este processo ocorre continuamente a partir dos 7-9 dias de idade das aves.
Após aproximadamente 40 horas desde o início da replicação das primeiras partículas virais vacinas alcançarem a BF, a imunidade induzida pela vacina complexo imune será total, ou seja, a ave estará protegida contra a infecção por qualquer cepa de campo do IBDV. |
A segurança das vacinas Complexo Imune, para o tipo de aves industriais às quais é recomendada, é igual à das vacinas vivas do tipo Intermediárias ou intermediárias plus ou fortes.
Todas as aves serão vacinadas uniformemente e apresentarão uma “pega” vacinal a campo no momento ideal. |
Deste modo, o conceito de vacinas complexo imune proporciona uma colonização muito efetiva do ambiente com a cepa vacinal do IBDV e uma total para do ciclo da Doença de Gumboro no sistema de produção de frangos.
QUAIS AS PRINCIPAIS FUNÇÕES DE UMA VACINA PARA CONTROLE DA DOENÇA DE GUMBORO EM FRANGOS DE CORTE? |
Uma vacina contra a doença de Gumboro, para ser realmente efetiva, deve:
QUAL A RELAÇÃO DO BLOQUEIO DA BURSA DE FABRICIUS (BF) E DOENÇA DE GUMBORO SUBCLÍNICA? |
A forma subclínica da doença pode ocorrer a qualquer momento e corresponde à infecção, replicação e colonização da BF por uma cepa de campo em aves não protegidas ou semi-protegidas.
Normalmente é causada por uma cepa de campo variante do IBDV (antigenicamente diferente da cepa clássica) e, portanto, não neutralizadas pelos pelos AcM.
Em geral não há sintomatologia clínica, mas as aves infectadas podem, dependendo de sua idade no momento da infecção, apresentar certo grau de imunodepressão e, certamente, apresentar uma diminuição sutil do desempenho zootécnico (causada pela replicação do vírus de campo na BF), que representará uma significativa perda econômica.
Na grande maioria das vezes, esta forma subclínica da Doença de Gumboro somente pode ser claramente diagnosticada quando testes de campo de comparação de conceitos vacinais muito bem desenhados e implementados no campo são realizados de maneira profissional.
PORQUE OS ANIMAIS PERDEM DESEMPENHO ZOOTÉCNICO QUANDO SÃO ACOMETIDOS PELA DOENÇA DE GUMBORO SUBCLÍNICA? |
A multiplicação do vírus na célula do hospedeiro, levará o desenvolvimento de reação inflamatória (tormenta de citocinas), que causará perda de desempenho zootécnico nas aves.
No entanto, se multiplicamos aquele 1% pelo tamanho do lote, ou pelo abate diário da empresa, podemos ter uma ideia clara do custo desta infecção subclínica. |
Considerando um exemplo de uma empresa que abate 100 mil aves por dia, um aumento de 1% da mortalidade final representaria uma redução de mais de 66 toneladas de frangos para processamento.
É POSSÍVEL ELIMINAR A DOENÇA DE GUMBORO DO SISTEMA PRODUTIVO COM MEDIDAS DE BIOSSEGURIDADE? |
O IBDV é um vírus que não é envelopado e, portanto, muito resistente às condições ambientais (pH, temperatura, humidade, etc.) e à uma serie de princípios ativos de desinfetantes.
Em condições normais de produção avícola industrial, é biologicamente impossível limpar-se e desinfetar-se os galpões e o ambiente de produção de maneira a erradicar-se o IBDV. |
Por isso, é chave usar-se um conceito vacinal que propicie a colonização ambiental do sistema de produção com uma cepa vacinal segura.
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