Após a confirmação de um foco da doença de Newcastle em uma granja comercial de frangos de corte no Rio Grande do Sul, o Brasil suspendeu as exportações de carnes frescas de aves e seus derivados para a União Europeia e Argentina.
A informação consta de ofício circular do MAPA (Ministério da Agricultura da Agricultura e Pecuária), enviado no final da tarde de quinta-feira (18/7) aos coordenadores de SIPOA (Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal) e chefes das Divisões de Defesa Agropecuária.
O referente ofício também menciona a proibição de exportações, de todo o território brasileiro, de carne mecanicamente separada de aves para alimentação animal e matéria prima de aves para fins opterápicos para a Argentina. Produtos à base de carne de aves e produtos não tratados derivados de sangue, também estão proibidos de serem exportados para a União Europeia.
Em termos de Argentina, foi o 16o maior importador de ovos do Brasil (153 toneladas) no ano de 2023, o 21o em importações de carne de peru (348 toneladas) e 15o em material genético (35 toneladas).
Rio Grande do Sul
O mesmo documento emitido pelo MAPA proíbe as exportações avícolas do Rio Grande do Sul para 32 destinos. A determinação afeta as exportações gaúchas de ovos e ovoprodutos, carne de aves, farinha de aves, produtos processados e embutidos entre outros, conforme a lista a seguir.
- ovos e ovoprodutos para: África do Sul, Hong Kong, Taiwan, União Econômica Euroasiática, Uruguai;
- carne de aves para: Albânia, Macedônia, Montenegro, Peru, Reino Unido, República Dominicana, Sri Lanka, Ucrânia, União Econômica Euroasiática;
- carne e produtos cárneos de aves para: Arábia Saudita, Cazaquistão, China, Egito, Hong Kong, Índia, Paraguai, Polinésia Francesa, Uruguai;
- farinha de aves para: Bolívia;
- carne de aves fresca, resfriada ou congelada, além de cabeças e pés para: Chile;
- produtos cárneos processados (aves, bovino, caprino, ovino e suíno) para: Chile;
- ovos in natura para: Chile;
- gordura de aves para: Chile;
- embutidos cozidos, curados e salgados (aves, bovino e suíno) para: Cuba;
- farinhas e produtos gordurosos de ruminantes para: Filipinas;
- produtos cárneos termoprocessados (aves, bovino, caprino, ovino e suíno) para: Geórgia e Vanuatu;
- carne e produtos cárneos e miúdos de aves para: Jordânia, Mianmar, Vanuatu;
- cane fresca de aves para: Kosovo;
- matéria prima avícola para elaboração de alimentos para animais de companhia para: México;
- subprodutos de origem animal não comestíveis destinados à alimentação animal para: Mianmar;
- miúdo de aves para: Peru;
- produtos processados de aves para: Peru;
- proteínas animais processadas de aves para: Tailândia;
- produtos para alimentação animal para: União Econômica Euroasiática;
- carne e miúdo de aves para: Uruguai;
- farinha de aves e de suínos para: Vietnã.
Plano de Contingência
Em entrevista coletiva à imprensa na tarde de quinta-feira (18/7), a Secretaria Estadual do Rio Grande do Sul informou que está colocando em prática o plano de ação para contenção do foco de doença de Newcastle. O planejamento, segundo a Secretaria, foi validado junto ao Mapa no mesmo dia.
“A Secretaria já vem promovendo ações de vigilância ativa antes mesmo da confirmação”, destacou o diretor adjunto de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Seapi, Francisco Lopes. “Vistoriamos as três granjas comerciais que estão atualmente alojando animais, dentro do raio de três quilômetros do foco”, completou.
No raio de três quilômetros, são 75 propriedades no total. “Considerando o raio de dez quilômetros, somam-se a elas mais 801 propriedades a visitar”, contabilizou Francisco. Além das vistorias nas propriedades, a Secretaria deve colocar barreiras de desinfecção e bloqueio e barreiras de desvio no raio de 3 km.
“Para evitar tanto a entrada quanto a saída de aves, camas de aviário, esterco e outros produtos que possam carrear o vírus”, explicou o diretor adjunto. As barreiras, que vão funcionar ininterruptamente, terão o apoio de segurança da Brigada Militar.
A operação mobilizará um grande contingente de servidores da Seapi. “Em função das barreiras, vamos precisar fazer troca de escalas, teremos quatro equipes por barreira. Calculamos mais de 70 servidores envolvidos na ação”, conta Francisco.
Se não houver novos casos, a previsão é que a operação de contenção do foco se encerre em duas semanas. Até a noite desta quinta-feira (18/7), o foco de doença de Newcastle em Anta Gorda (RS) ainda não aparecia no sistema de notificações da OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal).