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Doenças respiratórias: como prevenir esta realidade no corte e na postura?

Escrito por: Antônio Neto - Médico Veterinário | Serviços Técnicos Zoetis – Aves (Norte/Nordeste)
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Doenças respiratórias: como prevenir esta realidade no corte e na postura?

Durante muito tempo, a observação de sinais clínicos foi basicamente a única forma de avaliar o status de saúde das aves. Todavia, algumas enfermidades demonstram-se hoje em dia cada vez menos evidentes à observação visual, ou seja, tornaram-se subclínicas.

A diminuição do ganho de peso diário, a piora na conversão alimentar, a queda na qualidade e quantidade dos ovos produzidos, só para citar alguns exemplos, são índices que devem ser monitorados, de forma reiterada, a fim de detectar qualquer suspeita de problemas relacionados ao manejo, nutrição, ambiência e, obviamente, sanidade.

Quando falamos de afecções do trato respiratório, o diagnóstico definitivo tende a ser ainda mais difícil devido à diversidade de doenças que apresentam sinais clínicos semelhantes.

Resumidamente, as manifestações clínicas podem ser as mais diversas, sem que nenhuma delas seja de fato patognomônica, ou seja, categórica a ponto de cravarmos um diagnóstico sem que haja toda uma anamnese e suporte laboratorial para nos amparar.

Doenças respiratórias: como prevenir esta realidade no corte e na postura?

Principais sinais clínicos passíveis de observação em síndromes respiratórias.

A facilidade em reconhecer esses problemas nas aves pode ser melhorada pela aplicação de uma rotina de monitoria consistente. Uma boa monitoria sanitária pauta-se especialmente em:

Alguns questionamentos, práticas e decisões devem ser trazidos à tona para que o processo de criação ocorra sempre dentro do planejado, ou seja, com as aves saudáveis, expressando seu máximo potencial produtivo.

Principais lesões macroscópicas passíveis de observação em síndromes respiratórias.

 

Quais doenças afetam o trato respiratório das aves?

Doenças respiratórias: como prevenir esta realidade no corte e na postura?

Optamos, no texto de hoje, por trazer um detalhamento maior acerca de uma dessas enfermidades em específico: a doença de Newcastle.

Infecção viral aguda, altamente contagiosa e que afeta as aves.

A última ocorrência confirmada de Doença de Newcastle no Brasil foi em um aviário comercial no município de Anta Gorda, Rio Grande do Sul, em 17 de julho de 2024. O foco foi em um lote de frangos de corte, com alta mortalidade e sintomas como diarreia esverdeada e prostração. Antes disso, os últimos casos registrados foram em 2006, em aves de subsistência nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.

O paramixovírus aviário 1 (APMV-1), agente etiológico da doença de Newcastle, é um vírus envelopado de RNA de fita simples que possui uma morfologia esférica e um nucleocapsídeo em espiral. Seu material genético codifica seis genes responsáveis por seis importantes proteínas.

Partícula viral do VDN e suas proteínas estruturais.
Fonte: Adaptado de https://eol.org/

 

A apresentação clínica do vírus da doença de Newcastle (VDN) é resultado do grau de virulência da cepa envolvida. Podemos presenciar desde uma infecção subclínica, sem sinais clínicos aparentes ou discretos, ou até mesmo quadros graves com sinais respiratórios e neurológicos que resultam em altíssimas taxas de mortalidade.

Sinais clínicos e lesões sugestivos de infecção pelo VDN.

 

Não há um tratamento que seja efetivo contra a doença de Newcastle, logo, medidas de biosseguridade, boas práticas de manejo e vigilância constante, ajudam na prevenção e no controle desta enfermidade. Como forma de prevenção, a vacinação tem sido uma prática comum em basicamente todos os países que produzem aves em escala comercial. É no comércio de produtos avícolas que reside a maior preocupação com esta enfermidade.

O surgimento de casos da doença de Newcastle impõe ao país acometido uma série de barreiras comerciais internacionais. Dispomos hoje de diversos tipos de vacinas para compor os esquemas de vacinação nos diferentes segmentos de produção (frangos de corte, postura comercial, reprodutoras).

Desde as convencionais vacinas vivas atenuadas e inativadas, até as mais recentes tecnologias de vacinas vetorizadas (recombinantes).

Vale destacar, entretanto, que estas cepas não estão autorizadas para uso no Brasil, por acarretar restrições no comércio de produtos oriundos de aves.

Já as cepas lentogênicas são adequadas para a primovacinação e/ou reforço nos lotes, sendo estas as estirpes mais comuns e mais utilizadas no mundo todo: La Sota, HB1, Ulster, C2, VG/GA, V4 e cepa F.

Como parte das suas soluções respiratórias, a Zoetis traz em seu portfólio a vacina Poulvac® NDW.

É uma vacina viva atenuada, produzida com a cepa de replicação enterotrópica (Ulster 2C), administrada via pulverização/nebulização, água de bebida ou nasal/ocular e indicada a partir do primeiro dia de vida das aves. A cepa enterotrópica (Ulster 2C) tem replicação no trato intestinal das aves, diferentemente da maioria das outras cepas que replicam no trato respiratório (La Sota, B1, C2, entre outras).

Essa característica da Poulvac® NDW é importante, pois, por não se replicar no trato respiratório, espera-se que a cepa Ulster 2C não cause reações respiratórias pós-vacinais nas aves e não compita com as cepas vacinais de bronquite infecciosa pelos sítios de replicação do trato respiratório superior. Em tempos de desafios respiratórios ativamente presentes no dia a dia da produção avícola e do uso de protocolos vacinais complexos na tentativa de buscar uma ampla proteção contra os agentes, a cepa Ulster 2C da Poulvac® NDW é uma opção muito interessante para esses cenários.

Doenças respiratórias: como prevenir esta realidade no corte e na postura?

As vacinas inativadas têm grande utilização em aves de vida longa, como poedeiras e reprodutoras.Comumente utilizadas antes da fase de postura, estas vacinas, quando aplicadas em aves que foram primovacinadas com vacinas vivas, promovem uma resposta humoral intensa e duradoura devido à indução da produção de anticorpos que passam a circular em maior quantidade no organismo das aves.

Por sua vez, as vacinas vetorizadas têm a capacidade de induzir imunidade tanto contra o vírus vetor quanto contra o gene alvo inserido. O advento desta tecnologia possibilitou uma aplicação mais precisa e precoce, devido à vacinação ocorrer no incubatório (via subcutânea ou in ovo).

No caso das vacinas recombinantes que protegem as aves da doença de Marek e da doença de Newcastle, utilizando a cepa HVT como vetor e o gene F do VDN como doador, o processo de construção desse tipo de imunizante envolve mecanismos de engenharia genética muito peculiares.

A escolha do sítio de inserção do gene alvo e qual o promoter (gene inserido para dar início à produção da proteína alvo) escolhido, por exemplo, são etapas do processo de concepção da vacina, extremamente importantes e, que muitas vezes diferenciam características de um certo produto frente aos seus concorrentes.

Pensando na precocidade e eficácia da proteção, uma dica fundamental é a de que o produtor deve buscar aquelas vacinas com o vetor HVT mais rápido, ou seja, vacinas com menor onset of immunity, que nada mais é, traduzindo literalmente, aquelas que possibilitam o início da imunidade de forma mais precoce.

É somente a partir do momento em que o vetor HVT inicia a replicação no hospedeiro, que a proteína F tem a oportunidade então de amadurecer e se expressar, expondo assim esse epítopo ao sistema imune. Finalmente, após reconhecido, inicia-se a resposta celular e produção de anticorpos.

Construção de um vetor HVT para expressar genes de um vírus doador. Fonte: Adaptado de R. Hein et al.

Integrante de uma família de vacinas vetorizadas que já é referência globalmente, a Poulvac® Procerta® HVT-ND tem no seu cerne essa proteção mais precoce em comparação aos demais concorrentes do mercado.

O time de pesquisadores da Zoetis trabalhou de forma a obter uma cepa vacinal que possibilitasse um menor onset of immunity (início da imunidade).

Poulvac® Procerta® HVT-ND confere proteção contra a doença de Marek associada à resposta imune precoce contra a doença de Newcastle, demonstrando 93% de proteção aos 19 dias de idade.

Dessa forma, as aves são imunizadas mais cedo e permanecem protegidas durante toda sua vida produtiva gerando melhores resultados zootécnicos e financeiros.

As referências bibliográficas estão com o autor em: antonio.neto@zoetis.com

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