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Dra. Masaio contesta estudo que associa consumo de carne de frango ao risco de câncer

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saúde intestinal em frangos de corte

Dra. Masaio contesta estudo que associa consumo de carne de frango ao risco de câncer

Em artigo enviado à nossa redação, a professora titular emérita de Epidemiologia da FMVZ-USP, Dra. Masaio Mizuno Ishizuka, apresentou uma análise crítica de estudo publicado recentemente na revista Nutrients que relaciona o alto consumo de carne de frango ao aumento do risco de câncer do sistema digestivo.

A pesquisa italiana acompanhou 4.869 adultos ao longo de 19 anos e apontou que indivíduos que consumiam mais de 300g de carne de frango por semana teriam 2,27 vezes mais chances de desenvolver e morrer por cânceres digestivos em comparação a quem consumia até 100g semanais. Entre os homens, o risco seria ainda maior.

Segundo a Dra. Masaio, o estudo tem limitações importantes. “Trata-se de um estudo de coorte observacional, que, embora útil para levantar hipóteses, não é suficiente para estabelecer uma relação de causa e efeito”, explica. Ela ressalta ainda que a pesquisa não utilizou grupos controle adequados — como indivíduos que não consumiram frango e adoeceram, ou que consumiram e não adoeceram —, o que compromete a robustez das conclusões.

A epidemiologista também destaca que, para fundamentar cientificamente a relação proposta, seria necessário realizar estudos subsequentes, como ensaios clínicos controlados e randomizados (RCTs). “O RCT é o padrão-ouro para confirmar relações causais e minimizar vieses”, observa.

Ainda de acordo com a Dra. Masaio, a simples divulgação dos resultados do estudo, sem os aprofundamentos necessários, “pode gerar consequências imponderáveis”. Ela recomenda que achados como esses sejam utilizados como hipóteses para novas pesquisas mais rigorosas, seguindo critérios de análise de risco com um nível de confiança estatística adequado.

Com ampla trajetória acadêmica e forte contribuição para o setor de saúde animal e humana, a Dra. Masaio reforça a importância de interpretar estudos científicos com cautela e responsabilidade, especialmente em temas sensíveis como o consumo de alimentos básicos para a população.

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