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Edição 2025 da Conferência FACTA WPSA-Brasil reúne mais de 600 pessoas e amplia debates para além da avicultura

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Edição 2025 da Conferência FACTA WPSA-Brasil reúne mais de 600 pessoas e amplia debates para além da avicultura

A 41ª Conferência FACTA WPSA-Brasil, realizada na Sociedade Hípica de Campinas (SP) nos dias 2 e 3 de setembro, recebeu mais de 600 participantes. Organizada pela Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Animal (FACTA), a edição consolidou o evento como espaço central de debates que refletiram a excelência técnica e o avanço sustentável no setor produtivo de proteína animal.

Entre os assuntos destacados nessa edição, que teve como tema “Gestão, Inovação e Excelência na Produção de Alimentos Seguros”, a programação abordou a experiência brasileira no enfrentamento da Influenza Aviária e reforçou o papel da comunicação na gestão dessa crise. Um dos pontos altos foi o debate sobre a Influenza Aviária e o papel da comunicação na crise. O presidente da ABPA, Ricardo Santin, destacou a preparação de longo prazo que permitiu ao Brasil reagir rapidamente e manter a confiança dos mercados internacionais.

“Esse não foi um trabalho pontual, mas uma construção desde 2013, com a criação do Grupo Especial de Prevenção à Influenza Aviária (GEPIA) e ações de comunicação coordenadas. Quando a influenza chegou, conseguimos minimizar os impactos, com apenas 28 mercados fechados, enquanto mais de 120 permaneceram abertos. O resultado evidenciou a resiliência do setor e reforçou a confiança de produtores, indústria e consumidores”, afirmou.

A atuação da imprensa também foi ressaltada. Para o jornalista e diretor de Jornalismo do portal e TV Notícias Agrícolas, Aleksander Horta, a cobertura técnica e ágil ajudou a acalmar a população e transmitir informações confiáveis, ressaltando a segurança do consumo. “A qualidade e a rapidez das informações foram essenciais para manter a sociedade informada e evitar transtornos no mercado”, disse o jornalista.

Sob a ótica do governo, o secretário adjunto do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Carlos Goulart, defendeu a importância de uma comunicação centralizada, coordenada e transparente durante crises sanitárias. “É fundamental que a sociedade perceba o risco sem alarmismo e que os países importadores não reajam de maneira equivocada com base em informações desencontradas. Além disso, a mídia especializada cumpre papel adicional ao traduzir o conteúdo técnico para o público em geral e para o produtor rural”, reforçou.

Experiências internacionais em sanidade animal

O painel “Sistema de Monitoramento de Doenças nos EUA: pode ser um modelo para o Brasil?”, realizado no segundo dia da conferência, trouxe uma análise comparativa sobre práticas sanitárias internacionais e os desafios de adaptação para a realidade brasileira. Pela primeira vez, a conferência incluiu a aquacultura e a suinocultura entre os temas debatidos.

O caso da tilapicultura, que cresce em todo o território nacional e enfrenta desafios sanitários relevantes, foi pontuado pelo professor da área de sanidade de animais aquáticos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Henrique Figueiredo. Ele comparou o monitoramento feito nos Estados Unidos na cadeia do catfish com as ações brasileiras voltadas à tilápia.

“A ideia não é copiar, mas aproveitar experiências exitosas para desenvolver novos sistemas de controle sanitário adaptados ao Brasil. Nos EUA, há grande atenção às enfermidades endêmicas, que causam impactos econômicos diretos ao produtor. Esse olhar precisa ser incorporado aos programas de sanidade brasileiros”, explicou.

Seguindo a mesma linha, o professor associado do Laboratório de Diagnóstico da Universidade de Minnesota (EUA), Fabio Vannucci, ressaltou que o termo “modelo” deve ser usado com cautela, já que cada setor produtivo tem suas particularidades. “Mais do que espelhar o que é feito em outro país, o importante é compreender as experiências e adaptá-las à realidade local. Mostrei exemplos da suinocultura, enquanto o professor Henrique trouxe o caso da aquacultura, observando diferenças e semelhanças significativas entre as cadeias. O foco deve ser aprender e aplicar de forma eficiente na indústria brasileira”, afirmou.

Programação diversa marcou debates técnicos

A conferência também avançou com uma programação que percorreu diferentes frentes da cadeia de produção animal. Especialistas discutiram práticas regulatórias em aves, suínos e peixes, destacando o papel do setor público e privado no fortalecimento das normas sanitárias. Outro ponto de atenção foi o controle das salmoneloses, em que pesquisadores e consultores reforçaram a importância de estratégias preventivas, monitoramento adequado e análises precisas.

A saúde animal esteve em evidência nos debates sobre viroses recorrentes, como bronquite infecciosa, reovírus e adenovírus, e no aprofundamento sobre o impacto da incubação na produtividade dos frangos de corte. No campo da nutrição, os palestrantes trouxeram tendências como redução proteica, aplicação da nutrição “in ovo” e avanços em imunonutrição, além de alertas sobre micotoxinas na formulação de rações.

O painel sobre vacinas autógenas também ganhou destaque, reunindo representantes da indústria para discutir inovações e desafios regulatórios. A elaboração de planos de contingência para surtos de enfermidades de notificação obrigatória também esteve no centro das atenções, com foco nas estratégias para aves e suínos e no manejo de animais em situações de emergência.

Olhando adiante, as discussões ainda se voltaram ao futuro da proteína animal, da sanidade e da nutrição, além de temas transversais como bem-estar, sustentabilidade e eficiência produtiva. Pesquisadores compartilharam experiências em áreas como microbiota intestinal, controle biológico de pragas e mitigação de perdas em abatedouros, reforçando a proposta da FACTA de integrar ciência e prática no dia a dia do setor.

41ª edição reforça tradição no setor

O presidente da FACTA, Ariel Mendes, ressaltou a trajetória da entidade na difusão do conhecimento técnico e científico. Ele lembrou que a fundação já publicou milhares de materiais de referência, alcançando diferentes regiões do Brasil, e concluiu mais uma edição de sucesso com o apoio de 31 empresas patrocinadoras. “O evento reforça nosso compromisso com a excelência técnica, o avanço sustentável e a troca de conhecimento”, afirmou.

O presidente do Conselho Curador da FACTA e presidente da Aviagen América Latina, Ivan Pupo Lauandos, reforçou a relevância da conferência no cenário latino-americano. “Este é um dos eventos científicos mais tradicionais da região, razão pela qual estamos sempre presentes e apoiando. As palestras abordaram temas atuais, divididos em quatro arenas, além de momentos de integração, como o jantar temático e a apresentação cultural”, destacou.

Representando o setor produtivo, o presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA), Érico Antônio Pozzer, chamou atenção para a necessidade de reforçar medidas de biosseguridade. “É fundamental manter cuidados básicos, como troca de roupas, botas e uso de desinfetantes. Esses cuidados foram determinantes para evitar maiores impactos após a confirmação da influenza aviária, que já provocou perdas econômicas significativas”, disse.

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (APINCO), Roberto Kaefer, relembrou o crescimento da produção avícola desde a fundação da FACTA, em 1989, e destacou a contribuição da ciência e da tecnologia para a evolução do setor. “O Brasil se consolidou como maior exportador mundial e segundo maior produtor de carne de frango, fruto da inteligência coletiva de técnicos e pesquisadores que trabalham para garantir alimentos de qualidade e seguros ao mundo”, afirmou.

Avaliando positivamente a edição de 2025, o presidente da FACTA destacou o equilíbrio entre academia e setor produtivo, além da inclusão de novas áreas temáticas, como suinocultura e aquicultura. “Os participantes avaliaram positivamente o evento, destacando a qualidade dos temas e a dinâmica da programação. Essa evolução amplia o escopo da FACTA e fortalece ainda mais sua relevância para diferentes cadeias produtivas”, finalizou.

Sobre a FACTA

A FACTA – Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Animal é uma organização civil sem fins lucrativos, fundada em 10 de agosto de 1989, que incorpora e amplia atividades técnicas e científicas. Tendo como foco o fomento e a difusão de conhecimento e tecnologias aplicáveis à produção animal.

Para mais informações acesse: www.facta.org.br

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