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Embrapa desenvolve filé de frango em laboratório

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Embrapa desenvolve carne de frango em laboratório

Foto: Lucas Scherer

A Embrapa Suínos e Aves (SC) está à frente de um estudo pioneiro no Brasil para desenvolver carne de frango cultivada em condições controladas. O novo produto tem forma de filés de peito de frango desossado e deve estar pronto para análises nutricionais e sensoriais até o final desse ano. A tecnologia recria tecidos animais em laboratório a partir de células dos próprios animais, proporcionando carnes análogas às naturais.  A inovação atende às atuais tendências de consumo e agregação de valor.  O problema é que no Brasil, ainda não há legislação sobre o tema, porém o Plano Nacional de Proteínas Alternativas (PNPA) está em processo de criação pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

O projeto foi aprovado por edital competitivo internacional do The Good Food Institute (GFI), organização não governamental que atua na arrecadação de recursos e financia projetos globais. O aumento no consumo de proteínas ao longo dos anos, novos hábitos alimentares e preocupação com a sustentabilidade têm despertado na comunidade científica a necessidade de ampliar a tecnologia necessária para produzir alimentos e atender à crescente demanda alimentar mundial. 

Para produzir a carne cultivada, células extraídas de um animal, são cultivadas, primeiro em um meio nutritivo em escala laboratorial, depois em grandes biorreatores. O produto final pode ser utilizado para produzir alimentos não estruturados, como hambúrgueres, embutidos e almôndegas ou estruturados, como filés e bifes.

“É um assunto discutido há algum tempo. Mas que está ganhando mais destaque agora porque a tecnologia está ficando mais viável, e, por isso, os investimentos no desenvolvimento dessas proteínas alternativas começam a acompanhar esse momento e estão cada vez maiores”, explica Vivian Feddern, pesquisadora-líder do projeto.

Em sua avaliação, a vantagem de investir desde já nesse mercado em franca ascensão é que será possível oferecer tecnologia e/ou proteínas alternativas a empresas brasileiras e de países importadores de produtos pecuários.

A opção de estudo da Embrapa pela carne de frango levou em consideração o fato de que é uma das proteínas mais versáteis, consumida em todo o território nacional, além de um dos alimentos mais completos nutricionalmente, importante para dietas saudáveis. Outra vantagem do estudo diz respeito ao acesso ao banco genético de aves da Embrapa Suínos e Aves.

O mercado global de carne de aves vem crescendo e apresenta, de acordo com órgãos como a OECDFAO, uma estimativa de consumo de aproximadamente 131 milhões de toneladas em 2026. Para pesquisadores, esses dados mostram um cenário promissor para a carne cultivada.

“Embora estudos com a cadeia da avicultura sejam mais recentes quando comparados aos produtos da cultura de células bovinas, por exemplo, muitos esforços vêm sendo empregados nos últimos anos e múltiplas empresas se estabeleceram em diversos locais do mundo”, comenta Feddern.

Segundo reflexões da pesquisadora, a carne cultivada é uma alternativa à produção de carne convencional. Não visa substituir a produção convencional já bem estabelecida no mundo, mas possui potencial para coexistência de ambas formas de produção. 

A produção de produtos cárneos in vitro surge como complemento à oferta de proteína, demandada pelo aumento populacional, com potencial para transformar completamente o negócio de proteínas cárneas, com repercussões positivas para o meio ambiente, a saúde humana e o bem-estar animal.

Fonte: Itatiaia

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