Vacinas inativadas contendo bactérias são naturalmente mais reativas, comparado às que contém vírus, devido a composição estrutural dos patógenos. Por essa razão, o tipo de adjuvante e a tecnologia de emulsão contidas em uma vacina contra Salmonella são extremamente importantes para modular a inflamação no local de aplicação e ativar a resposta imune, tudo isso em equilíbrio.
Objetivos gerais de um adjuvante:
Os tipos de adjuvantes mais utilizados em avicultura são:
- Óleo mineral
- Óleo vegetal
- Hidróxido de alumínio
Os adjuvantes que contém óleo mineral estimulam a resposta imune por um período de tempo mais longo devido a sua cinética de liberação.
No entanto, se este tipo de adjuvante não estiver formulado em emulsão adequada, poderá causar reações pós vacinais importantes.
Portanto, se faz necessário levar em conta não só o tipo de adjuvante, mas também o tipo de emulsão quando se avaliam vacinas inativadas contra Salmonella.
O conjunto adjuvante + emulsão está totalmente relacionado à eficácia e à segurança da vacina, ou seja, dele depende a qualidade da resposta imune gerada e a modulação de reações adversas após a aplicação.
EMULSÃO DUPLA (ÁGUA EM ÓLEO EM ÁGUA)
Este tipo de emulsão se caracteriza por possuir:
- Água como fase contínua
- Óleo como fase dispersa
- Dentro do óleo, encontram-se gotículas de água
O processo de fabricação da emulsão dupla é muito mais complexo que o da emulsão simples. É necessária a adição de diversos componentes, respeitando ordem e proporções específicas.
CARACTERÍSTICAS DA EMULSÃO DUPLA
A emulsão dupla A/O/A permite um equilíbrio na liberação de antígeno. Por um lado, o antígeno presente na fase aquosa externa é prontamente liberado, permitindo início do processo de resposta imune logo após a inoculação. Por outro lado, o antígeno presente na fase aquosa interna será liberado posteriormente, modulando assim a duração resposta imune.
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Fase aquosa externa: primeira liberação de antígeno = rapidez em resposta imune - Fase aquosa interna: segunda liberação de antígeno = prolongação da resposta imune
ESTABILIDADE E VISCOSIDADE
A estabilidade da vacina também é um fator essencial.
A separação de fases, inclusive após agitação mecânica, é um indicador de que a vacina pode não funcionar corretamente.
As emulsões mais estáveis são aquelas produzidas com partículas pequenas, distribuídas homogeneamente e que utilizam um surfactante adequado.
A primeira fase a entrar em contato com o tecido da ave é a responsável por gerar reações inflamatórias no local de aplicação.
No caso de emulsões A/O/A e O/A, a fase que entra em contato direto é aquosa, produzindo reações inflamatórias que podem perfeitamente passar desapercebidas pelas aves.
Este é um detalhe importante, pois reações exacerbadas afetam o equilíbrio metabólico podendo resultar em perdas econômicas devido a:
- Perda de uniformidade do lote
- Queda de fertilidade
- Queda de eclosão
- Morte da ave em caso de inoculação em local indevido
ESTUDO DE CAMPO
Para comprovar a maior segurança oferecida pela aplicação de vacinas contendo dupla emulsão, um estudo de campo foi realizado em matrizes pesadas no interior do estado de São Paulo – Brasil, comparando resultados de fertilidade provenientes de dois grupos vacinados à 19 semanas de idade.
Foram avaliados 3 lotes em cada grupo, em condições experimentais similares:
- Aves vacinadas contra Salmonella SE e ST preparada em emulsão dupla a 0,5ml/ave – AVISAN SECURE®.
- Aves vacinadas contra Samonella SE e ST em emulsão oleosa simples a 0,3ml/ave – Vacina oleosa.
Foram coletadas 4 bandejas contendo 96 ovos por lote, por semana.
A regularidade semanal de coleta gera um gráfico que indica a tendência da fertilidade do lote, o que é mais importante que analisar a fertilidade em um ponto isolado no tempo.
Ovos incubados por 3 a 5 dias foram quebrados pela câmara de ar e examinados individualmente.
Ovos Inférteis
Ovos Férteis
POTENCIAL REPRODUTIVO
O potencial reprodutivo de machos e fêmeas é influenciado por diversos fatores.
É importante lembrar que o impacto do macho na fertilidade do plantel é cerca de dez vezes maior que o impacto da fêmea.
O ponto mais importante relacionado à fertilidade do lote é o perfil de crescimento dos machos.
Observou-se diferenças na taxa de fertilidade nos dois grupos estudados durante todo o período experimental (Figura 3).
MANEJO DE VACINAÇÃO E FERTILIDADE
Pensando nisso, é essencial que o manejo de vacinação seja levado em conta quando se avalia os fatores que afetam a fertilidade, já que é realizado em um momento crucial, que determina o potencial reprodutivo do lote.
Entre 19 e 25 semanas de idade, espera-se que o macho aumente aproximadamente 35% em peso.
A aplicação de uma vacina contendo emulsão oleosa simples, nesse momento tão delicado do desenvolvimento sexual, eleva a probabilidade de eventos inflamatórios no peito, com formação de edema e dor.
- Diminui a ingestão de alimento fazendo com que o coeficiente de variação de peso no lote se eleve, e dificilmente seja recuperado;
- Diminui atividade de cópula, já que o animal sente dor e desconforto no peito (figura 4)
- Interferência no desenvolvimento estrutural corpóreo, com especial atenção a conformação do peito, que afeta a qualidade da cópula (figura 5)
A perda de fertilidade é traduzida como menor número de pintos por reprodutora alojada, impactando diretamente no resultado econômico.
No estudo realizado observou-se diferenças relevantes na fertilidade e comprovou-se a importância do tipo de emulsão dentro dos cuidados de manejo vacinal das aves de reprodução.
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