Já a E. coli patogênica para aves (APEC, do inglês, “Avian Pathogenic E. coli”), pertencente a categoria das E. coli patogênicas extra intestinais (ExPEC), é o agente causador da colibacilose aviária, uma das doenças bacterianas endêmicas mais comuns e que mais causam prejuízos a avicultura. |
Assim como a E. coli patogênica encontrada em outras espécies, a APEC existe como um componente comensal da microbiota intestinal aviária, mas pode emergir para causar uma variedade de quadros clínicos.
Sua transmissão pode ocorrer:
Estas condições patológicas são responsáveis por problemas sanitários em toda a cadeia da produção avícola, podendo causar:
De todas as E. coli presentes no trato gastrointestinal das aves, cerca de 85 a 90% não são patogênicas (conhecidas como AFEC, do inglês “Avian Fecal E. coli” ou E. coli Fecal Aviária), enquanto apenas 10 a 15% delas podem ser APEC e possuir características distintas de virulência que possibilitam esse microrganismo contornar as defesas do hospedeiro, se multiplicar e causar danos.
Estratégias sanitárias para conter e controlar o avanço das APEC na cadeia de produção tornaram-se essenciais para a avicultura.
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Neste ponto, em específico, é onde se encontra um dos grandes desafios para a área de sanidade avícola, a correta identificação dos casos de infecção associados ao patotipo APEC. |
DIAGNÓSTICO MOLECULAR
No entanto, nenhum gene, por si só, é conhecido por ser essencial para o desenvolvimento de infecção extra intestinal em aves. A patogenicidade de
Com a PCR e a qPCR, o diagnóstico é realizado por meio da detecção do material genético do agente em questão, ou ainda, detectando os genes específicos que conferem as características de patogenicidade ou resistência, possibilitando traçar o perfil genético do microrganismo de forma confiável, sensível e rápida.
São duas as principais metodologias moleculares utilizadas atualmente na diferenciação das E. coli não patogênicas das APEC.
A primeira a ser usada se baseia em um número mínimo de genes de virulência com capacidade de predizer o patotipo APEC de forma eficiente e econômica. |
Como resultado de vários estudos, foi proposto o diagnóstico baseado em 5 fatores de virulência significativamente relacionados a APEC (os genes iroN, iss, iutA, ompT e hlyF) que, de
Por meio da presença desses marcadores, chamados preditores mínimos de virulência para aves, as cepas comensais foram distinguidas de isolados de APEC altamente patogênicos.
Cepas de E. coli isoladas de lesões clínicas podem ser testadas para estes 5 fatores, sendo consideradas como uma APEC quando a cepa apresentar 3 ou mais desses genes. |
Em quase um terço das aves acometidas por colibacilose (28,6%) a E. coli isolada foi caracterizada como não portadora de no mínimo 3 genes da APEC. Seria uma amostra da microbiota normal da ave possivelmente envolvida em uma infecção secundária? Não sabemos.
Amostras de casos clínicos diagnosticados com colibacilose recebidos pelo MercLab Laboratórios para isolamento e detecção da Escherichia coli patogênica para aves (APEC) por PCR em tempo real.
Frequência da ocorrência dos fatores de virulência identificados nas amostras positivas para APEC por PCR em tempo real.
A outra importante ferramenta empregada na determinação do potencial patogênico das cepas de E. coli, que surgiu mais recentemente, é a filotipagem realizada por PCR por meio do esquema de Clermont (Clermont et al., 2000; 2013). |
Este método separa as E. coli em filogrupos (A, B1, B2, C, D, E, F), olhando genes mais conservados. Sendo assim, as amostras comensais, em sua grande maioria, pertencentes aos
Portanto, quando usada apenas a caracterização de APEC, cerca de um terço das amostras foram isoladas de lesões, mas não eram caracterizadas como APEC.
Agora, quando os isolados de E. coli, além de testados para os preditores mínimos de virulência de APEC forem associados a metodologia de filotipagem de Clermont, é possível avaliar com mais assertividade o perfil epidemiológico de casos de colibacilose dentro de um sistema de produção avícola.
Com isso se sabe, por exemplo, que se for detectada uma cepa APEC positiva e pertencente ao grupo B2, há sério problema na granja e medidas mais enérgicas devem ser tomadas para o seu controle. |
Protocolo simplificado para diagnóstico de E. coli patogênica para aves
O controle da colibacilose é complexo e demanda ações sistemáticas que se iniciam pelo correto diagnóstico da doença. O diagnóstico deve ser realizado inicialmente pelo isolamento do agente em meios diferenciais e seletivos, seguido da identificação bioquímica.
Exames adicionais como, por exemplo, a realização de um antibiograma e teste de concentração inibitória mínima (CIM) também podem auxiliar na escolha adequada do tratamento e são recomendados.
A correta caracterização das amostras de APEC permite uma melhor compreensão da patogenia da colibacilose e poderá, quando bem aplicada, auxiliar nas medidas de tratamento e prevenção da doença, diminuindo a taxa de mortalidade e condenação das aves e, consequentemente, reduzindo as perdas econômicas. |
Referências Bibliográficas sob consulta junto aos Autores.