Estratégia de imunização para salmonelas paratíficas em frangos de corte: qual o impacto no frigorífico?
Alceu Kazuo Hirata, Luiz Eduardo Takano, Carlos Adelino Dalle Mole
A salmonela é um dos principais patógenos encontrados na avicultura e seu controle é fundamental para a indústria avícola.
Novos conceitos no desenvolvimento de vacinas vêm sendo empregados e, dentre estes novos conceitos, as vacinas de subunidades estão se destacando.
A vacina de subunidade proteica é constituída por fragmentos de proteínas ou revestimentos proteicos que mimetizam a estrutura do microrganismo de interesse.
As células dendríticas apresentam a subunidade proteica como um antígeno para os linfócitos T e, em seguida, são apresentadas para linfócitos B, que se diferenciam em plasmócitos.
Estes plasmócitos são responsáveis pela produção da imunoglobulina A secretória (sIgA), que são secretadas da lâmina própria para o lúmen intestinal, estimulando a imunidade de mucosa.
O benefício do uso de vacinas se deve ao melhor preparo do sistema imune do hospedeiro para uma rápida resposta imunológica e à agilidade da eliminação do agente (BARROW, 2007).
A contaminação por Salmonella spp. pode ser citada como um exemplo de risco microbiológico em uma indústria de frango (HACHIYA et al., 2020). As operações de abate de aves são fatores que podem desencadear contaminação de carcaças por salmonela.
Não é uma surpresa que a carne de frango seja frequentemente infectada devido às contaminações cruzadas por equipamentos, utensílios e manipuladores (VON RUCKERT, 2006).
A prevenção é a melhor ferramenta para assegurar um produto de qualidade (CARDOSO; TESSARI, 2013).
Diante disso, a estratégia de prevenção requer múltiplas abordagens para que se reduza a disseminação desta bactéria durante o processamento da carne de aves, incluindo o enfoque de Saúde Única (One Health) (SILVA; CALVA; MALOY, 2014).
Uma empresa no estado do Paraná utilizou a vacina de subunidade em 100% dos lotes durante o período de um ano. As aves foram vacinadas durante seis ciclos produtivos consecutivos; foram vacinados por via oral na água de bebida no 3º e 17º dia de vida, com dosagem de 0,2 ml/ave.
Para quantificar a Salmonella spp. no campo foram selecionados 25 aviários e, destes, 9 aves por galpão foram utilizadas para as coletas no 40º dia de vida. Os 9 cecos foram agrupados em 3 pools com 3 cecos cada.
No frigorífico foram coletadas 4 carcaças inteiras para as técnicas de isolamento e quantificação de Salmonella spp. Após o isolamento, a Salmonella spp. foi quantificada pelo Número Mais Provável (NMP/g) de acordo com a ISO ISO6579-1 2017.
Nos aviários de frango de corte pode ser observada uma redução linear decrescente no isolamento e na média da contagem de NMP/g para Salmonella spp., onde, conforme as aves foram vacinadas durante os ciclos de produção no campo, podemos observar diminuição na positividade e na contagem de Salmonella spp. no conteúdo cecal (Figura 1).
Nas coletas de frigorífico, também pode ser observada uma redução de Salmonella spp. no isolamento e na contagem pela técnica de NMP em carcaças das aves vacinadas com Biotech Vac® Salmonella (Figura 2).
Deste modo, podemos concluir que, com uma menor carga de Salmonella spp. nas aves, a probabilidade de contaminações em equipamentos e contaminações cruzadas no processamento de abate pode ser minimizada.
Assim, podemos concluir que a contaminação cruzada no abatedouro está diretamente correlacionada com a quantidade de salmonela nas aves e que as vacinas de subunidades proteicas conferem proteção às aves reduzindo as cargas de salmonela que vão para a planta de abate.
Esta pode ser uma ferramenta importante na contenção desta enfermidade na cadeia avícola, associada aos procedimentos de biosseguridade, garantindo alimentos seguros para os consumidores.
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