As exportações brasileiras de carne de frango acumulam alta de 5,1% em 2020, de acordo com a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
No entanto, diante de uma possível redução no consumo de frango no mercado brasileiro por conta da pandemia de Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, empresas de genética estão orientando cooperativas e agroindústrias a seguir, caso necessário, protocolos para manter as aves por mais tempo dentro do aviário. Adequações no consumo de ração, na iluminação e na temperatura ambiental são necessárias para que esse processo garanta a saúde do animal, a qualidade da carne e o rendimento financeiro da atividade.
Entretanto, diminuir a velocidade de ganho de peso do frango deve acontecer somente após os 28 dias. Antes disso, não é recomendado fazer redução do consumo de ração, de nutrientes ou outra medida restritiva, defendeu o médico veterinário e Especialista em Frango de Corte da Cobb-Vantress na América do Sul, Otávio Conde. Isso porque, segundo ele, nas primeiras semanas o animal precisa ganhar peso, desenvolver imunidade, crescer os órgãos internos, como o intestino, por exemplo, para garantir seu desempenho zootécnico nas semanas seguintes.
“Devemos tentar diminuir o ganho de peso do frango a partir dos 28 dias. Não antes disso. Tem gente que pensa que pode frear o ganho de peso já nos primeiros sete ou 14 dias, mas não é a melhor estratégia. Nas primeiras duas semanas, fazer restrição alimentar é jogar contra os frangos”, salientou o especialista em webinar promovido pela empresa.
O médico veterinário justificou, alertando que algumas empresas tentam reduzir o ganho de peso nas primeiras semanas porque a ração inicial é mais cara. Em sua apresentação, destacou que nos Estados Unidos o frango de 3,4 quilos consome 48% de alimento terminador, enquanto no Brasil a ave, entre 2,4 e 3 quilos, consome entre 10 e 20% de alimento terminador – o mais barato.
A ideia é aumentar o consumo desse alimento, frisou Conde em transmissão para toda a América do Sul. Ainda segundo o especialista, quanto mais velho o frango, menos eficiente é sua conversão alimentar. Por isso, faz sentido frear o ganho de peso mais tarde.
Reduzir o tempo de iluminação acessa é outra forma de tentar reduzir o consumo de ração. Aumentando o período de escuro no galpão, na tentativa de diminuir o tempo de consumo. E não ultrapassar o peso estipulado pelo Frigorifico.
Mais pesados, mais calor
Quando as aves ficam mais tempo no aviário que o planejado, isso inevitavelmente pode lhe render alguns gramas a mais. Com mais densidade de quilogramas de aves por metro quadrado, maior a geração de calor. Por isso é importante manter o controle da temperatura ambiental e da água para não ter problemas com o estresse calórico.
Segundo o especialista da Cobb, isso deve ser explicado aos granjeiros. “Com mais geração de calor, temos que aumentar a ventilação, pois o estresse calórico vai gerar uma alcalose respiratório e, por consequência, uma acidose metabólica que causa muitas perdas”, explica. “Além disso, o frango pode aumentar seu consumo de água em 6%, para cada 1°C acima da temperatura ambiente ótima para sua idade”, completa.
Com isso, ele explica que o animal joga mais água na cama que, por sua vez vai acumular mais umidade e, por isso, a necessidade de aumentar a ventilação para retirar esse excesso de umidade. “Não podemos esquecer a temperatura da água, que deve estar sempre abaixo do 20° C”, recomendou.
Momento único
Conde destacou aos participantes que nunca imaginaria estar falando aos produtores para restringir o ganho de peso na avicultura, mas que o momento exige que as empresas criem e conheçam protocolos de contingência emergencial para eventual necessidade. “Nesse momento, como mensagem, queria dizer para manter a rotina nos aviários, manter contato (técnicos com produtores) e usar a tecnologia a favor da avicultura”, destacou.
O webinar promovido pela Cobb teve a moderação do diretor Associado de Serviço Técnico da Cobb na América do Sul, Marcus Briganó, do diretor Associado de Marketing da Cobb na América do Sul, Cassiano Bevilaqua e do gerente Sênior de Serviço Técnico da Cobb-Vantress na América do Sul, Luciano Keske.