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Estresse por calor em poedeiras comerciais

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O estresse por calor é uma das causas mais importantes de perdas econômicas para algumas empresas do setor avícola, instaladas em regiões de clima tropical, pelo grande impacto sobre a produtividade e mortalidade.

Em condições ambientais normais, as aves mantém seu equilíbrio com o meio ambiente. No entanto, ao variar a temperatura, as aves terão que compensar essas variações para acima, ou abaixo de sua zona de conforto térmico.

O estresse por calor inicia quando a temperatura ambiente ultrapassa os 26,7°C e se potencializa para acima de 29,4°C.

Quando as aves começam a ofegar já iniciaram as mudanças fisiológicas no corpo para dissipar o excesso de calor. Antes que as aves cheguem a esse ponto, qualquer coisa que possa ser feita para ajudar as aves a manterem-se confortáveis ajudará na continuidade do crescimento, incubabilidade, tamanho do ovo, qualidade da casca e produção em estado ótimo.

Na Tabela 1. são expressos os diferentes eventos fisiológicos nas aves à medida que a temperatura ambiental vai variando.

Tabela 1. Temperatura ambiental e estresse por calor

A faixa ideal de temperatura ambiental para as aves oscila entre 18 e 24°C e a neutra entre 13 e 24°C. Temperaturas acima, ou abaixo destas implicam o acionamento do mecanismo de termorregulação pelas aves para compensar as referidas variações.

As aves são muito sensíveis aos surtos de calor e não podem suportar as temperaturas extremas por muito tempo. Isso ocorre porque não podem suar, já que não têm as glândulas sudoríparas. Além disso, estão cobertas por penas, o que dificulta dissipar o calor que é gerado dentro de seu corpo, além do que vem de fora.

As poedeiras podem sofrer mais que outras aves, já que a maioria das instalações nas granjas de hoje são automáticas, ou em gaiolas.

As galinhas em gaiolas dependem totalmente do funcionamento correto dos equipamentos de ventilação para dissipar o calor do seu corpo.

Com as mudanças genéticas, tipos de instalações e gaiolas, as galinhas perderam resistência ao calor extremo.

 

Figura 1. Sensação térmica nas aves (Temperatura afetada por umidade). Nilipour, A. 1996

À medida que a temperatura corporal da ave aumenta, o consumo de alimento, crescimento, eficácia alimentar, viabilidade, qualidade da casca do ovo diminuem. Isso é particularmente severo quando a temperatura ambiental sobre em extremo, já que a possibilidade de perder calor por meios evaporativos (perda de calor através da pele) é notavelmente reduzida.

A temperatura interna das aves adultas é de cerca de 40°C – 41,66°C. Se essa temperatura interna chega a 43,3°C – 45,6°C, as aves estão em perigo de morte.

As aves adultas resistem muito melhor ao frio, que ao calor, já que sua temperatura interna pode baixar a 23,9oC que continuam vivas.

A combinação do calor com a umidade pode ser mortal. Este somatório não deve ultrapassar 107,7, quando nos expressamos em °C.

Por exemplo, quando a temperatura é de 26,7oC e a HR de 80%, ou seja 26,7 + 80 = 106,7, a partir daí tem início o estresse por calor.

É muito importante saber manejar estes fatores, ou seja, quando há muita umidade nas áreas tropicais:

Quando expostas a altas temperaturas, o calor corporal das aves aumenta pela combinação das altas temperaturas externas e da energia associada com a ativação do processo metabólico necessário para a dissipação do calor corporal.

Essa dissipação do calor aumenta pela posição que a ave tem que adotar para aumentar a área da superfície vascular por vasodilatação, causando aumento no consumo de água e aceleração no ritmo respiratório.

Essa aceleração respiratória nas aves é particularmente importante, já que a evaporação da água se torna uma maneira de dissipação do calor. Infelizmente, este resfriamento evaporativo só consegue reduzir o calor corporal em uma pequena proporção.

A zona de conforto das aves diminui à medida que avançam em idade e crescem.

Tabela 2. Métodos de Perda de Calor Sensível e Latente. Anderson, K. 1997

As raças mais pesadas tendem a ter mais problemas com o estresse calórico já que têm menor área superficial para dissipar calor por unidade de peso. Outra variável que exerce influência sobre a suscetibilidade ao estresse calórico é a exposição prévia das aves a este estresse.

Nos meses mais quentes, as temperaturas podem subir a 35oC e 38oC, o que torna crítico que as aves dissipem o calor corporal ao meio ambiente. Como mencionamos anteriormente, as aves não suam, então devem dissipar o calor de outras maneiras para manter a temperatura corporal em cerca de 40oC a 41oC. O calor corporal é dissipado ao meio ambiente através de radiação, condução, convecção e evaporação (ver Tabela 2).

As três primeiras vias são conhecidas como perda de calor sensível. Estes métodos são efetivos quando a temperatura ambiente está abaixo, ou dentro da zona térmica neutra das aves (13oC a 24oC) (ver Tabela 1). A proporção do calor perdido por radiação, condução e convecção depende da diferença de temperatura entre a ave e o ambiente.

As aves perdem temperatura em superfícies como patas e regiões sem penas, sob as asas.

O propósito da ventilação nos galpões avícolas é o de manter uma velocidade do ar suficientemente alta, ou uma temperatura no galpão suficientemente baixa, de maneira que as aves possam manter a temperatura corporal por métodos de perda de calor sensível (ver Tabela 2).

Uma vez que a temperatura ambiente sobre a 25oC, o método de perda de calor começa a mudar de sensível (radiação, condução, ou convenção) a evaporação, ou latente.

A dissipação do calor corporal por processo de evaporação exige um gasto de energia por ofegação (hiperventilação), o que começa a ocorrer a uma temperatura aproximada de 26,5oC; arfar, então, é respirar com a boca aberta para se refrescar através da evaporação; esta é uma reação normal das aves que querem sobreviver no surto de calor.

As galinhas, quando estão em sua zona normal e em um ambiente termoneutro respiram 25 vezes por minuto. No entanto, quando a temperatura passa seu limite sentem muito calor, respiram muito mais, podendo chegar a 250 vezes por minuto e morrer.

A ofegação remove valor por evaporação de água da umidade do trato respiratório. No entanto, ela gera calor corporal e causa eliminação de água do corpo das aves.

As poedeiras afetadas pelo estresse por calor botam ovos de casca muito fina, devido ao desbalanceamento ácido-base do sangue, o que se traduz a começarem a ofegar (hiperventilar).

À medida que as aves ofegam perdem CO2 dos pulmões em excesso. É importante entender que pela hiperventilação e ofegação a poedeira perde uma grande quantidade de íons bicarbonato (HCO3)-1, que deveriam fazer parte da casca como cristais carbonato de cálcio. Esta é uma das razões pelas quais se recomenda, nesta época, substituir 30% do sal por bicarbonato de sódio, ou pelo menos fornecer suplementos via água, que contenham íons bicarbonato e/ou que melhorem o balanço eletrolítico das aves.

Quando a quantidade de CO2 baixa no sangue, faz com que o pH do mesmo se eleve, ou se torne mais alcalino. Quanto mais alto for o pH do sangue, a quantidade de cálcio iônico (Ca+2) no diminui.

O cálcio iônico é o cálcio utilizado pela glândula cascargenosa que produz a casca do ovo. Então, mesmo que seu aumente a quantidade de cálcio na dieta, esse problema não pode ser corrigido.

Quando o consumo de alimento diminui por estresse calórico, a ingestão de cálcio e fósforo também diminuem, contribuindo para a produção de cascas frágeis. E quando a perda do fósforo é mais alta pelo aumento na utilização do fósforo do osso cortical da ave, o mesmo é destruído.

À medida que ocorre a mudança no pH dos fluidos corporais, o consumo de alimento vai diminuindo, causando um efeito adverso no crescimento, produção e desempenho geral da ave.

Durante os meses quentes do verão, a perda de calor por evaporação se torna o principal método pelo qual as aves regulam sua temperatura corporal, a menos que se ventile adequadamente e adote-se outras medidas para reduzir o estresse por calor.

Normalmente, as aves mais pesadas e grandes, com menor conformação, são as que morrem, já que têm um ritmo excelente de produção, maior peso que causa maior estresse e aumenta o calor do corpo. A maioria das aves que sofrem pelos surtos de calor morrem nas noites, ou seja, as aves sofrem no dia, não podem dissipar o calor e, como uma esponja, absorvem todo o calor e morrem à noite.

Os efeitos do golpe de calor, ou estresse calórico, podem ser reduzidos a partir de um plano integral, que envolve todos os aspectos que poderiam influenciar em melhorar as condições das aves para enfrentar o referido evento. A estratégia deve incluir:

A disponibilidade, qualidade e temperatura da água são importantes.


A única forma de as galinhas manterem seu ritmo de produção alto em tempos quentes é pela facilitação da dissipação do calor do corpo, ao mesmo tempo que continuam tendo atendidas suas exigências nutricionais diárias durante as horas mais frescas do dia
, quando é mais fácil perder as calorias extras pela digestão. Isto pode ser feito aplicando jejum temporário, já que comer nas horas mais quentes do dia pode ser mortal. Digerir o alimento a estas horas gera calor nas aves, agravando mais a situação. Isso significa que os comedouros devem estar vazios 1-2 horas antes do calor e 1 hora depois; pode-se complementar com um plano de alimentação de meia noite, o que pode contribuir para manter a produção das galinhas a qualquer idade e não interfere em sua maturidade sexual, melhorando também a qualidade do ovo e a cor da casca.

Também utiliza-se a suplementação com multivitamínicos, eletrólitos e, individualmente, soluções de teeter e vitamina C na água.

Os melhores resultados apresentaram se com o uso de uma mescla de solução de teeter e vitamina C.

Há uma infinidade de práticas utilizadas há anos com bons resultados como:

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