Praticamente todos os que lerão este espaço sabem que o Brasil é líder absoluto nas exportações mundiais de carne de frango. Mais de um terço do mercado internacional carrega a marca Brazilian Chicken. São mais de 140 mercados alcançados em todo o mundo pela proteína avícola brasileira. |
Com um produto de qualidade reconhecida, estrutura produtiva com elevada tecnologia empregada e um status sanitário sem paralelo entre os grandes produtores, conquistamos a confiança global em nosso produto.
Nossa capacidade competitiva foi primordial para superarmos o patamar de 4 milhões de toneladas exportadas anualmente – número registrado desde 2014.
Isto significa superar em mais de 200 mil toneladas o melhor desempenho até então alcançado pelo setor, em 2016. |
Não foram raros os meses de 2021, nos quais superamos o patamar de 400 mil toneladas embarcadas.
Somadas, as exportações de aves e de suínos enviaram para o mundo, em 2020, 5,2 milhões de toneladas de produtos pelos portos brasileiros. Isso
Os competidores internacionais mantêm a lupa sobre o nosso setor, e não faltam medidas protecionistas para tentar gerar entraves ao nosso papel de apoio à segurança alimentar global. Tarifas elevadas e alegações técnicas infundadas são apenas alguns exemplos. |
Têm sido, entretanto, insuficientes para travar o trabalho brilhante empenhado pela agroindústria avícola brasileira, que é uma impulsionadora de empregos e renda no Brasil, especialmente no nosso interior.
Mas e sobre o nosso quadro de fraquezas? Há uma delas que eu gostaria de dar especial atenção neste espaço: a estrutura portuária brasileira.
Pela própria ABPA, apresentamos vários estudos às autoridades governamentais sobre necessidades de:
Fato é que os nossos portos não navegam na mesma velocidade da logística internacional. |
Há outras questões estruturais como a falta de tomadas nas zonas primárias, ou mesmo a baixa capacidade de armazenamento para refrigerados, que tornam mais lento todo o processo de desembaraço das cargas – impactando, inclusive, na formação de filas de navios.
Navios modernos, com 400 metros de comprimento e capacidade superior a 20 mil contêineres tornam-se cada vez mais comuns nas rotas internacionais.
Temos, portanto, menos rotas atendendo a distribuição global das exportações brasileiras e, consequentemente, mais tempo demandado para o envio das cargas.
Se antes nossa previsão de chegada de navios era de 85%, hoje não passa de 33% – um problema crítico de custos logísticos, considerando os custos demandados com demurrage e energia.
Chegamos a ter quase metade de nossas cargas mensais paradas nos portos, aguardando embarques e gerando ônus desnecessários aos exportadores. |
O estrangulamento de nossa capacidade portuária ganhou contornos ainda mais graves com a situação gerada pela pandemia de Covid-19, com a paralisia da logística global e a crise da falta de contêineres – um problema que não é exclusivo do Brasil.
Apesar disto, recentemente tivemos boas notícias com a ampliação do calado de portos estratégicos, como é o caso de Paranaguá. Há outras ampliações em curso, como em Itajaí.
O Ministério da Infraestrutura, comandado pelo ministro Tarcísio de Freitas, tem avançado de forma inédita na ampliação de nossa capacidade logística, especialmente nas vias terrestres.
Por outro lado, com o apoio do setor produtivo, o Ministério da Agricultura tem avançado nos estudos de um modelo de emissão eletrônica de certificados, um modelo digital elaborado pela Universidade de São Paulo e que, em breve, deve gerar enormes avanços para a diminuição na burocracia documental gerada pelos papéis e carimbos de tinta.
São importantes avanços, mas é necessário mais – muito mais! A demanda internacional por produtos brasileiros cresce exponencialmente, em um ritmo que exige soluções em prazos exíguos. |
A necessária reorganização da estrutura portuária passa, inclusive, pela implantação de novos portos – que já se mostram necessários e capazes de descentralizar a operação – o que
O Brasil é um grande player global na produção de alimentos e o mundo confia aos nossos produtores a maior parte da elevação global do suprimento.
Mas o Brasil é ainda maior, e conta com capacidade de embarcar produtos de diversos segmentos econômicos, além do Agro.
Entretanto, a despeito de sua importância, o País pouco avançou sobre sua participação no comércio internacional de produtos, sempre em torno de 1% sobre o total mundial.
A despeito dos problemas enfrentados, mantenho meu otimismo sobre nossa importância na corrida mundial. Se o que está acontecendo na logística terrestre alcançar os portos, temos chance de ter um futuro mais promissor. |
É isto, ou seremos relegados a coadjuvante do comércio internacional, mesmo contando com características de um protagonista.