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Influenza Aviária: Europa enfrenta pior epidemia da história, diz Instituto

Escrito por: Priscila Beck
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Entre 30 de outubro de 2020 e abril de 2021, a Alemanha e a Europa experimentaram a mais grave epidemia de Influenza Aviária de sua história, segundo o instituto de pesquisa alemão, FLI (Friedrich-Loeffler-Institut).  Em relatório publicado em 10 de janeiro último, o Instituto informa que um total de 754 surtos de HPAIV H5 foram detectados em aves domésticas, ou em cativeiro, de 23 países europeus (incluindo a Alemanha) desde 1 de outubro de 2021.

A Itália foi severamente afetada, especialmente nas fazendas de engorda de perus e frangos na região com a maior densidade populacional de aves, enquanto Hungria, Polônia, Reino Unido e França registraram um número significativo de surtos de gripe aviária afetando mais de 15 milhões de aves domésticas.

Fora da UE (União Europeia), Israel relatou um grande número de surtos de HPAIV H5N1 em patos, perus e galinhas poedeiras. Desde 1 de outubro de 2021, a Rússia também relatou 44 surtos de HPAIV H5 em aves.

Da Ásia, os seguintes países relataram surtos de HPAIV H5 à OIE: China, Índia, Irã, Japão, Cazaquistão, Coreia do Sul e Paquistão. Na África, surtos de HPAIV H5N1 em aves foram relatados na Nigéria, Níger, Togo e África do Sul. Além disso, o Canadá relatou um surto em Newfoundland.

Influenza Aviária em Aves Selvagens

O número comparativamente baixo de relatos de aves selvagens (765), segundo Instituto, esconde uma ocorrência “fulminante e letal” em aves limícolas, que são assim conhecidas por se alimentarem de pequenos invertebrados que vivem no “limus” (lodo em latim), sendo grande parte dessas espécies migratórias. Segundo o documento, desde dezembro de 2021, milhares de aves foram encontradas mortas, principalmente nas costas do norte da Europa.

“Particularmente impressionantes e preocupantes são os relatos da França, com várias centenas de gansos e cisnes mortos, da Holanda com 4 mil maçaricos de papo vermelho mortos (Calidris canutus), ou do Reino Unido, onde na costa oeste da Inglaterra (Solway Firth) estima-se que 10% da a população de gansos Resting Barnacle morreu.

O Instituto cita ainda que a mídia de Israel relatou até 8 mil grous mortos e moribundos (Grus grus) em um parque nacional no Vale do Hula.  Segundo o relatório, todos os vírus caracterizados na Europa, Rússia e Israel pertencem ao HPAIV H5 clado 2.3.4.4b; o subtipo H5N1 domina os eventos e substituiu todos os outros subtipos (incluindo H5N8).

Alguns dos vírus HPAI A(H5N1) caracterizados detectados na Suécia, Alemanha, Polônia e Reino Unido estão relacionados a vírus que circulam na Europa desde outubro de 2020. Além disso, vírus A(H5N1) intimamente relacionados, mas genotipicamente distintos, foram introduzidos do leste para toda a Europa possivelmente em setembro/outubro de 2021.

O HPAIV H5N1 também foi detectado em espécies de mamíferos selvagens, com sintomas neurológicos ou em carcaças na Suécia (uma raposa vermelha, Vulpes vulpes), Estônia (uma lontra e uma raposa) e Finlândia (duas raposas e uma lontra). Os resultados dos testes em algumas destas estirpes previamente caracterizadas mostram mutações únicas que indicam uma capacidade de replicação eficiente em mamíferos.

Nesse contexto, a evidência sorológica de infecção por HPAIV H5 de suínos domésticos na Itália também corrobora infecções despercebidas em mamíferos, segundo o relatório. Em 6 de janeiro último, as autoridades do Reino Unido relataram a detecção de HPAIV H5N1 em uma pessoa assintomática, que teve contato muito próximo e prolongado com patos infectados.

Medidas de Médio e Longo Prazo

Segundo o Instituo de Pesquisa, em caso de circulação contínua de vírus da Influenza Aviária em aves selvagens (situação endêmica), será necessário discutir medidas adicionais de proteção às aves, a serem implementadas a médio e longo prazo. No médio prazo, do ponto de vista do FLI, poderia ser considerada uma redução na densidade de granjas comerciais por meio da proibição de repovoamento.

“Isso seria especialmente importante em regiões de avicultura densamente povoadas e nas proximidades de zonas úmidas”, destaca o FLI.

Para o FLI, a longo prazo, a reestruturação dos sistemas de produção de aves particularmente suscetíveis à Influenza Aviária deve ser considerada assim que uma situação endêmica for atingida. “Isso minimizará o risco de introdução e disseminação adicional do vírus”, informa o documento. “Além disso, a disponibilidade de vacinas e cenários para seu possível uso devem ser avaliados”, completa.

Segundo o Instituto, não será possível, antes do próximo verão/outono, avaliar se a situação da gripe aviária atingirá um status endêmico, ou se a superação do patógeno no ano passado foi uma exceção.

Da Redação

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