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Exigências de Inocuidade pelo Oriente Médio

Escrito por: Elaine Franco de Carvalho - Tecnóloga em Alimentos, pós-graduada em Gestão da Qualidade e especialista em Segurança dos Alimentos
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De acordo com o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, entende-se por inocuidade dos alimentos a sua qualidade em termos microbiológicos, físicos, químicos e sensoriais.

A exigência por qualidade – traduzida em barreiras sanitárias cada vez mais rigorosas não só no Oriente Médio, mas em outros continentes – aumenta, na mesma medida em que se intensificam as exportações de alimentos entre os países.

Exigências de Inocuidade pelo Oriente Médio

Nenhuma nação deseja importar um alimento que não seja seguro e que coloque sua população em risco.

É justamente esta exigência que vem colocando o alimento Halal – permitido para o consumo por muçulmanos – em destaque. Se antes se tratava, exclusivamente, de um critério religioso, atualmente, é um atestado de segurança para os alimentos em geral.

Entendendo o Halal

Halal é um padrão ético e moral de ações lícitas não só na alimentação, mas também no ambiente social, na conduta, na Justiça, nas vestimentas e nas finanças.

Na prática, um alimento é considerado Halal quando, em todo o seu processo produtivo, contou com matérias-primas, processos, mão de obra e embalagens que não trazem qualquer prejuízo à saúde das pessoas.

Para obter a certificação Halal, um produto precisa seguir algumas etapas;

Exigências de Inocuidade pelo Oriente Médio

Durante estes três processos, são verificadas as matérias-primas e auxiliares de processo utilizados na fabricação do produto.

Algumas matérias-primas e insumos não são permitidos pela lei islâmica como, por exemplo:

o porco e qualquer um dos seus derivados;

bebidas alcoólicas;

insetos;

sangue;

derivados de seres humanos;

carne e derivados de animais que não são provenientes do abate Halal.

Também não pode receber o certificado um produto que afeta a saúde humana, prejudica o solo e compromete os recursos naturais, ou que utiliza, por exemplo, mão de obra escrava ou infantil em seu processamento.

Além disso, os auditores verificam se:

É igualmente importante, para obter a certificação Halal, o fato de a empresa destinar parte de seus lucros para promover benefícios sociais e ao meio ambiente.

Passadas estas etapas, um Comitê de Certificação avalia todas as informações coletadas e as analisa com bastante rigor.

Servem de base:

Só após a aprovação do Comitê é que o certificado é emitido.

O abate Halal

Conforme citado anteriormente, em se tratando de proteína animal, o processo de certificação Halal exige que o abate seja feito de forma especial.

Os animais, para serem abatidos, devem ser saudáveis e aprovados pelas autoridades sanitárias competentes, que devem atestar que eles se encontram em perfeitas condições físicas.
O processo deve ser executado por um muçulmano mentalmente sadio, que entenda, totalmente o fundamento das regras e das condições relacionadas ao abate de animais no Islam, sendo que na ausência de um muçulmano pode ser conduzido por um judeu ou cristão treinado. É feito com intenção e o sangrador deve estar totalmente ciente de sua ação.

A frase Em nome de Deus, Deus é maior! (Bismillah Allahu Akbar)tem de ser invocada durante o abate. É uma maneira de agradecer pelo alimento enviado por Deus, pedindo perdão, já que os animais são sacrificados para garantir o sustento alimentar do ser humano e não por diversão ou sadismo.

Os equipamentos e os utensílios utilizados no abate Halal são exclusivos para esse tipo de degola e a faca do abate deve ser afiada porque o corte deve ser realizada apenas uma vez.
A “ação cortante” do abate é permitida desde que as facas não sejam descoladas do animal durante o ato, diminuindo o sofrimento infringido. A ação da degola deve cortar a traqueia, esôfago, as artérias e a veia jugular para apressar o sangramento e a morte do animal.

O abate Halal deve ser feito de forma rápida, para que o animal não sofra. Com a degola no sistema Halal, o fluxo de sangue que iria para o cérebro é interrompido imediatamente, causando a morte instantânea o que diminui significativamente a liberação de toxinas na corrente sanguínea, que altera a cor e a consistência da carne.

A retirada do sangue garante que, se o animal estiver com alguma moléstia, as chances do ser humano ser contaminado sejam menores. Além disso, a retirada do sangue garante maior qualidade do produto, já que ele alcança os parâmetros internacionais de pH, tendo reduzidos significativamente os riscos de putrefação prematura por crescimento microbiológico. O esgotamento do sangue deve ser espontâneo e completo.
Um inspetor mulçumano treinado tem a responsabilidade de checar se os animais são abatidos corretamente, de acordo com a Sharia (lei islâmica). A ave abatida somente poderá ser escaldada após a confirmação da morte pelo abate Halal.

Exigências de Inocuidade pelo Oriente Médio

Quem quiser exportar alimentos para Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Omã, Catar, Kwuait e Iêmen – sete, dos quinze países do Oriente Médio – precisa atender aos requisitos do GSO (Gulf Standard Organization), órgão reconhecido por autoridades religiosas islâmicas mundiais que definiu os critérios técnicos e sanitários que um produto deve cumprir para ser comercializado nestas nações. Quem conduz o processo de acreditação da certificação Halal nestes países é o GAC, Centro de Acreditação do Golfo.

As normas que regulamentam os produtos Halal são a GSO 2055-1/2015 e a GSO 993/2015. Este conjunto de regras traz orientações específicas para proteína animal (GSO/CAC/RCP58, Code of higienic practice for meat) e outras relativas à higiene com os alimentos (GSO 1694, General Principles of food).

De acordo com dados da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, o Brasil é o terceiro maior parceiro comercial dos países árabes, atrás apenas da China e dos Estados Unidos.

Somente no ano passado, o bloco comprou mais de US$ 12,2 bilhões de produtos brasileiros, uma alta de 6,3% em relação a 2018. A pauta de exportações foi liderada por frango, açúcar, minério de ferro, carne bovina e grãos.

Frango Halal

O Brasil segue como líder mundial quando o assunto é frango Halal. Em 2019, as vendas de frango subiram 6,41%, atingindo a cifra de US$ 2,378 bilhões. Já a carne bovina gerou US$ 1,168 bilhão, alta de 2,65%.

O mercado islâmico reúne, atualmente, quase 2 bilhões de pessoas. Mas se considerarmos que o alimento Halal vem despertando o interesse daqueles que procuram alimentos seguros, podemos afirmar que este contingente de consumidores pode ser ainda maior.

Bom para o Brasil que pode turbinar sua economia e gerar mais empregos no segmento Halal. Bom para os consumidores que inseriram em sua vida o conceito de saudabilidade: pessoas que buscam alimentos saudáveis para viver com mais saúde e qualidade de vida.

 

 

 

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