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Fatores e estratégias que auxiliam no conforto térmico das aves

Escrito por: Humberto Marques Lipori - MSc. Zootecnia
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conforto térmico das aves
O Brasil, tem um grande potencial para produção de frangos de corte, pelos benefícios climáticos, disponibilidade de matéria prima, área geográfica disponível, e um bom status sanitário reconhecido.
Dentre os pilares da cadeia produtiva, a ambiência é um grande fator que tem avançado, devido as melhores instalações, equipamentos mais eficientes, tecnologias que nos fornecem dados rápidos, e como conduzir os diferentes modais e assim favorecer um conforto térmico para as aves.

As aves são animais homeotérmicos e, portanto, dependem da temperatura do ambiente para manter sua temperatura corporal em média de 40,6oC.

Nos primeiros dias de vida, a maior troca de calor das aves é através da condução, que é a troca de calor da ave com a cama. Para que essa troca de calor seja nula, a cama precisa estar em média de 30-32°C. Por isso a importância de pré-aquecer o aviário. Considerando também que na fase inicial das aves o sistema termorregulador ainda não esta formado por completo.

Caso estas aves passem por desafios de temperatura, há uma queda de desempenho em que seu metabolismo é alterado.

Quando a temperatura do aviário está mais baixa do que o ideal para as aves, grande parte dos nutrientes da ração que seriam voltados para o crescimento, serão desviados para manter seu conforto térmico.

Temos que levar em conta que em média 80% dos nutrientes que os pintinhos comem são voltados para o crescimento e os outros 20% são para o metabolismo basal.

Os pintinhos têm um potencial muito grande de ganho de peso nos primeiros dias de vida, chegando com 7 dias até 4,6 vezes mais que o peso inicial.

Dessa forma, todo e qualquer desafio que as aves enfrentem irá prejudicar essa relação de ganho de peso.

Levando em conta os principais tipos de aquecedores (fornalha e campânula a gás), antes de adquirir um sistema de aquecimento, é preciso analisar todas a variáveis e avaliar item por item, dentre elas as principais são:

Eficiência do aquecedor;

Vida útil do equipamento;

Depreciação;

Manutenção;

Horas de trabalho para operar;

Custo da mão de obra perante o tipo de aquecedor;

Custo de energia;

Segurança do trabalhador;

Assistência técnica do equipamento;

Disponibilidade da matéria prima na região;

Custo médio/lote da matéria prima.

Por outro lado, caso estas aves passem por um estresse térmico por calor, elas irão consumir mais água e menos ração devido ao aumento da temperatura corporal, e por consequência um aumento da taxa de passagem de ração, diminuindo a absorção dos nutrientes.

Além disso, aves em condições de temperaturas elevadas trocam calor através da evaporação, uma troca latente que consome muita energia corporal.

É de extrema importância controlarmos o ambiente em que as aves estão, já que os mecanismos biológicos de troca de calor das aves são pouco eficientes.

Diante disso, quanto mais controlamos a temperatura e todos os fatores que envolvam o ambiente dentro do aviário, melhor será o desempenho, pois a ave em zona de conforto térmico consegue expressar de forma eficiente o seu potencial genético, atingindo bons resultados zootécnicos e consequentemente financeiros para o produtor e para a agroindústria.

De forma geral, os aviários tiveram um avanço muito grande em termos de:

Ventilação,

eficiência dos aquecedores,

vedação,

dimensionamento.

Por outro lado, são poucos aviários que tem investido em isolamento térmico. Quando se trata de isolamento térmico, o aviário terá menor interferência da temperatura externa para a parte interna, desta forma o aviário se torna uma “garrafa térmica”, se colocar algo gelado ou quente dentro deste, irá manter por mais tempo a temperatura no qual foi colocada inicialmente.

Com isso, o aviário irá manter uma relação melhor de conforto térmico para as aves, claro que sempre observando o comportamento delas, pois este é o melhor “termômetro” para avaliar se as aves estão em conforto térmico.

Se tratando de vedação e isolamento térmico, além de poder beneficiar em um ambiente melhor para as aves, irá ajudar a diminuir os custos com aquecimento ou resfriamento e aumentar a vida útil dos equipamentos, ou seja, toda entrada falsa de ar e menor isolamento térmico é custo a mais na produção.

Aliás, quando tratamos de ambiência, precisamos analisar o todo, parte estrutural, eficiência dos equipamentos, manutenções, matéria prima utilizada como aquecimento, e o mais importante, o como colocar para rodar todos esses equipamentos e programações para que atenda o conforto térmico das aves.
É importante reforçar este último item, ter um bom aviário não garante resultados zootécnicos bons, mas sim trará menos desafios de ambiência, uma vez que bem conduzido, o aviário permite extrair o melhor que ele proporciona.

Os painéis isotérmicos, disponíveis no mercado, são muito eficientes, além de contribuir com uma ótima vedação e uma maior vida útil do aviário se comparado aos de cortina nas laterais.

Outro material disponível é lã de vidro ou lã de rocha, que são colocadas sobre o forro do aviário, onde ela tem um grande potencial para ajudar a manter a temperatura interna, seja para quando estiver aquecendo ou quando estiver resfriando.

Quando está em período de aquecimento, parte deste aquecimento sobe e se dissipa entre o forro e o teto (ático), perdendo esse aquecimento.

Além disso, nas épocas quentes do ano, se forma um colchão de ar no ático, em que este material de isolamento também diminui essa interferência de temperatura para o interior do aviário, considerando também que o ático é a parte mais quente do aviário.

Ainda levando em consideração sobre o aquecimento, aviários que possuem inlets são muito eficientes, desde que utilizados quando necessário e de forma correta, o que não é uma tarefa fácil.

É preciso manter uma boa dinâmica do ar e distribuição correta da ventilação, assim também irá auxiliar na qualidade da cama.
Para isso, é indispensável uma boa relação entre o número de inlets com número de exaustores, pressão estática coerente com a largura do aviário, e a abertura correta dos inlets, caso contrário, poderá trazer grandes efeitos negativos para o desempenho do lote.

Considerando todos esses pontos citados anteriormente, e tão importante quanto, é a qualidade da cama, que está diretamente ligada à sanidade, mas também é um dos pontos chaves para se manter uma boa temperatura dentro do aviário.

O porquê da qualidade da cama, é que ela é um dos fatores que interferem diretamente na ventilação mínima.

Quanto maior a umidade da cama, maior a produção de amônia, que é um gás altamente prejudicial as aves, e para retirarmos essa amônia do aviário é preciso ventilar mais, consequentemente dificultará ainda mais aquecer o aviário.

Por isso a importância de se tratar bem a cama no intervalo, uma cama seca e de qualidade não só diminui o número de patógenos, como também diminui a formação de amônia.

Isso também dependerá dos dias de intervalo que são essenciais para um bom manejo da cama.

Diante do exposto, sabemos que casos de inverno rigoroso e cama úmida trazem grandes desafios para manter a temperatura e qualidade do ar.

Pintinhos não toleram amplitudes térmicas elevadas, por exemplo, durante a tarde conseguir em média 33oC e durante a noite cair para 28oC, ou dependendo da situação, chegar a 24oC ou menos, o que irá acarretar em grandes prejuízos no desempenho e até alta mortalidade.

De toda forma, em casos extremos de temperatura externa muito baixa e amônia elevada dentro do aviário, entre escolher em aquecer e atender qualidade de ar, priorize uma boa qualidade de ar.

É menos grave ter uma boa qualidade do ar com a temperatura um pouco abaixo do ideal, do que abafar e ter grande produção de amônia dentro do aviário para tentar chegar em uma melhor temperatura.

A amônia traz muitos prejuízos ao desempenho e a sanidade.

Dependendo da quantidade e tempo que essa ave for exposta a amônia pode levar a cegueira, mas antes disso a amônia causa maiores problemas como:

Outro ponto de atenção são os crescentes desafios com a aerossaculite, quanto maior a exposição dessas aves a más condições, mais irá se agravar esse desafio.

A cada dia surgem novas tecnologias e estruturas que permitem o maior controle da ambiência na produção de frangos de corte.

No entanto, as melhores estruturas e tecnologias não garantem resultados zootécnicos bons, é necessária:

Para extrair o melhor que estes proporcionam, maximizando assim a produção de uma forma sustentável e diminuindo os custos de produção.

 

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