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Fibra Dietética: nutriente essencial para a saúde intestinal

Escrito por: Usama Aftab - Diretor Técnico para ASPAC - AB Vista
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Fibra dietética

A fibra representa fração da dieta não digerida pelas enzimas intestinais dos monogástricos; portanto, ela não contribui diretamente para o aporte de nutrientes ao animal.

Porém, uma dieta sem fibras alimentares, não suporta o desenvolvimento e as funcionalidades normais do intestino destes animais e de seu microbioma, cuja falha apresenta consequências substanciais para a nutrição e metabolismo do animal hospedeiro.

Este artigo, destaca o papel da fibra alimentar como um nutriente essencial para a saúde intestinal; enfatizando que as estratégias para explorar todo o potencial da fibra alimentar são centrais para o problema da saúde intestinal, especialmente quando o uso de Antibióticos não é permitido.

FIBRA DIETÉTICA – DEFINIÇÃO

A fibra dietética (FD) é a soma de polissacarídeos não amiláceos (NSP, do inglês), amido resistente, oligossacarídeos e lignina.

A análise química da FD é baseada na decomposição enzimática do NSP em seus açúcares constituintes, que são então medidos quantitativamente.

Isto, entretanto, fornece informações limitadas sobre as propriedades fisiológicas e a importância nutricional da FD em um determinado alimento.

Foi reconhecido que atributos como:

Comprimento de cadeia;

Grau de polimerização;

Solubilidade;

Capacidade de formar solução viscosa;

Fermentabilidade.

Servem como preditores mais precisos do destino da FD no intestino do animal.

É o entendimento das características fisiológicas da FD que ajuda a classificar se uma determinada fibra seria um anti-nutriente, pró- nutriente ou meramente um diluente inerte.
Vale destacar também, que a alternativa muitas vezes mais comumente empregada, termos como fibra bruta (FB) representa apenas uma parte da FD total, por exemplo, a FB reflete de 20-40% do FD na maioria dos ingredientes comumente empregados nas dietas.

DIGESTÃO DAS FIBRAS EM AVES

A digestibilidade da FD depende em grande parte das propriedades físico-químicas desta fibra e da composição e atividade da microbiota intestinal.

A degradação do FD solúvel, por exemplo, alfa-galactoides de soja, beta-glucanos da cevada ou aveia, e pectina da soja é mais completa com uma parte considerável desta degradação ocorrendo no íleo distal.

Pelo contrário, a fermentação da FD insolúvel está longe de ser completa, com a maior degradação ocorrendo no ceco e em grandes compartimentos intestinais.

Usando dietas típicas de farelo de soja + milho, experimentos com galos adultos e frangos de corte jovens mostraram uma digestibilidade quase completa de alfa-galactoides (rafinose, estaquise e verbascose) enquanto a digestibilidade total aparente do NSP era insignificante.

Estas estimativas são consistentes com a sugestão de que a fermentação de NSP contribui pouco para a gênese energética do frango, talvez cerca de 3-4% da EMA em frangos adultos; estas estimativas são significativamente mais baixas do que as projetadas para suínos que, em virtude de estarem mais bem equipados para a fermentação de NSP da dieta, podem derivar até 25% de sua necessidade de energia de manutenção pelo aproveitamento de ácidos graxos de cadeia curta (SCFA) absorvidos.

É a capacidade relativa de utilizar NSP que explica por que os suínos são capazes de extrair mais energia, especialmente das dietas a base de oleaginosas, em comparação com as aves.

FIBRA E SAÚDE INTESTINAL

A FD pode ajudar a promover uma melhor saúde intestinal de duas maneiras possíveis:

Um breve relato sobre estes é apresentado a seguir.

Desenvolvimento e funcionamento de fibras e intestino delgado

A FD mede o desenvolvimento e o funcionamento do intestino das aves através de seu efeito sobre o desenvolvimento da moela e a taxa de passagem da digesta.

A fibra insolúvel, especialmente quando fornecida em forma in natura, tem sido conhecida por promover o desenvolvimento de uma moela, deixando-a maior e mais funcional, o que pode elevar a digestibilidade dos nutrientes.

Em resumo, este efeito foi pensado para se relacionar:

uma moela mais desenvolvida manteria a digestão por mais tempo, resultando em uma digestão gástrica mais completa;

uma moela desenvolvida causaria um aumento da produção de colecistoquinina (CCK), aumento das secreções pancreáticas e promoveria o refluxo do conteúdo intestinal resultando em uma melhor digestão intestinal;

uma moela maior atuaria como regulador da ingestão de ração, assim como o controle da taxa e quantidade de digesta passando pelo intestino. Isto reduziria a probabilidade de “sobrecarga de amido” no intestino delgado – um fenômeno que se pensa explicar a má digestibilidade do amido com alta ingestão de ração;

um pH reduzido que é uma característica de uma moela mais funcional ajuda a prevenir a entrada de patógenos no intestino delgado; é esta última proposta se define pela estimulação de uma moela funcional que é uma das principais estratégias como parte do chamado programa sem antibióticos.

Dietas típicas para frangos de corte baseadas em milho e farelo de soja podem ser limitadas na FD efetiva e podem ser beneficiadas por uma fonte suplementar de fibras insolúveis à taxa de 2-3% da dieta.

Fibras e o Microbioma no Intestino Grosso

A fibra dietética passa pelo trato em grande parte não digerido onde é fermentado até um grau característico das propriedades físico-químicas da FD e do microbioma presente no intestino distal.
Intervenções dietéticas ajudam a aumentar a capacidade dos animais monogástricos de utilizar a FD de forma mais eficiente e podem beneficiar o desempenho técnico de aves e suínos.

Algumas das estratégias comuns que poderiam ajudar a melhorar a utilização das fibras incluem o uso de enzimas NSP e a incorporação de fibras fermentáveis.

Mais recentemente, foram apresentadas evidências que sugerem que o fornecimento de xilo-oligossacarídeos (XOS) pode aumentar a abundância relativa de um microbioma intestinal tendo aumentado a capacidade de fermentação da FD.
Ao contrário da visão generalizada, estes estudos sugerem que a capacidade de degradação do NSP pelo microbioma intestinal, poderia contribuir significativamente para a degradação total da fibra no intestino do frango.

Estudos recentes na AB Vista apoiam o efeito sinérgico da endo-xilanase e do XOS na promoção da fermentação da fibra dietética, levando a melhorias no desempenho do crescimento, na habitabilidade e nos índices mais comuns da saúde intestinal (Figura 1).

Figura 1: Marcadores comuns de saúde intestinal.

O efeito benéfico dessas intervenções pode não estar necessariamente relacionado a aumentos perceptíveis na “digestibilidade” da fibra dietética, já que apenas pequenas mudanças no perfil de fermentação poderiam ter grandes implicações para o animal hospedeiro.

Um exemplo notável destes efeitos é a presença de células L específicas no epitélio cecal e no epitélio intestinal que são sensíveis a pequenas mudanças no perfil dos ácidos graxos de cadeia curta, especialmente butirato, traduzindo efetivamente estas mudanças em efeitos sistêmicos influenciando:
A saúde intestinal;

O estado imunológico;

A absorção de nutrientes;

O metabolismo pós-absorvente do animal hospedeiro.

Estes estudos trazem uma nova visão da nutrição fibrosa que vai além das noções clássicas de “digestão das fibras” e dos efeitos “localizados” do SCFA.

 

 

 

 

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