A reunião entre representantes da Abcam (Associação Brasileira de Caminhoneiros) e do Governo Federal realizada na tarde desta quarta-feira (23/5) em Brasília terminou sem acordo. O governo solicitou uma trégua aos manifestantes e o acordo foi de que, até sexta-feira (25/5), os caminhoneiros deixam passar carga viva, alimentos perecíveis e medicamentos.
Sexta-feira também é a data limite para que o governo anuncie medidas que atendam as expectativas da categoria. “Vai continuar parado. A única coisa que concordamos é a liberação de carga viva, alimentos perecíveis, medicamento e oxigênio. Mas, depois de sexta-feira, não terá nada liberado“, afirmou o presidente da Associação, José da Fonseca Lopes.
Os caminhoneiros defendem que o governo mude a política de reajuste do diesel, para que aconteçam a cada 90 dias, reduza impostos como o PIS/Cofins sobre o preço do combustível e acabe com a cobrança do pedágio dos caminhões que trafegam vazios. O movimento mobiliza mais de 200 mil caminhoneiros em mais de 20 estados brasileiros.
A paralisação já afeta o abastecimento de diferentes setores, com destaque para os combustíveis e alimentação.
Proteína Animal
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estabeleceu um comitê de crise para o levantamento de informações sobre os problemas causados pelo movimento nas estradas. Na tarde desta quarta-feira (23/5), a ABPA, em conjunto com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC), enviou uma nota à imprensa informando que as greves dos caminhoneiros estão impactando diretamente o setor produtivo de carnes em todo o país.
As duas Associações representam mais de 170 empresas e cooperativas da cadeia produtiva e exportadora de proteína animal em atividade no Brasil.
Até o momento do envio da nota ,129 unidades produtivas das empresas associadas de carnes bovina, suína e de aves estão paralisadas, com previsão de que até a sexta-feira (25/5), mais de 90% da produção de proteína animal seja interrompida caso a situação não se normalize, somando mais de 208 fábricas de diversos portes paradas no Brasil.
A nota informa ainda que devido à dificuldade de acesso aos insumos necessários à produção, assim como o escoamento de alimentos, o setor deixou de exportar 25 mil toneladas de carne de frango e suínos, o equivalente a uma receita de US$ 60 milhões. “No caso da carne bovina, são cerca de 1200 contêineres que deixam de ser embarcados por dia“.
Segundo as entidades, os estabelecimentos menores e de cidades pequenas, ou regiões metropolitanas – que mantém um ciclo de entrega de produtos a cada dois dias –, já estão com o abastecimento comprometido. “Essa dificuldade pode atingir os grandes centros nos próximos dias“, informa a nota.
Medidas já anunciadas
Na última terça-feira (22/5), a Petrobrás anunciou, que a partir de quarta-feira (23/5) o diesel ficaria 1,54% mais barato nas refinarias de todo o país, enquanto a redução anunciada para a gasolina foi de 2,08%. O governo federal também acenou com a possibilidade de zerar a cobrança da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre os combustíveis.
“A Petrobrás resolveu diminuir o preço do combustível, entretanto, isso não resolve o nosso problema”, afirmou Lopes. Entenda qual o impacto da Cide sobre o preço do óleo diesel clicando aqui.