Impacto dos diferentes Materiais de Cama na ocorrência de Pododermatite em Frangos de Corte
A cama é um importante componente do ambiente onde as aves são criadas, pois é sobre ela que as aves permanecem deitadas por mais de 80% do seu tempo.
A demanda por material para compor a cama dos frangos de corte aumenta juntamente com a crescente produção do setor, sendo necessária a procura de materiais alternativos, que atendam às necessidades dos animais e apresentem um custo baixo para o produtor.
A qualidade da cama está intimamente relacionada com a escolha do material, pois são as características físico-químicas desse material que irão determinar sua eficiência dentro do aviário.
Embora o foco da produção seja os índices zootécnicos, um dos desafios do avicultor é manter uma cama de qualidade do início ao fim do ciclo de produção da ave, já que a cama pode afetar:
- Desempenho
- Bem-estar
- Saúde
- Qualidade da carcaça dos frangos.
CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS
Um material para ser determinado como cama, deve apresentar:
Além disso, deve:
- PODODERMATITES
O tipo, a quantidade e a qualidade do material utilizado como cama pode contribuir para o aparecimento de pododermatites, devido ao contato direto da ave com a cama (Cengiz et al. 2011).
A alta incidência de pododermatite no lote é um indicativo de baixo desempenho e bem-estar das aves. Pododermatite é um critério de auditoria nas avaliações de bem-estar dos sistemas de produção de frangos de corte.
Isso porque essas lesões são uma fonte direta de dor e refletem muitos aspectos das condições de criação, sendo consideradas indicadores de bem-estar.
Fatores como umidade, pH e temperatura da cama influenciam na emissão de amônia, favorecendo as lesões de patas.
-
- MATERIAIS
Maravalha
Casca de Arroz
Materiais Alternativos
Os materiais alternativos utilizados como cama de frango normalmente são subprodutos da agricultura e diminuem os custos do produtor, podendo ser utilizados desde que não afetem o desempenho zootécnico do lote. Pode-se citar como exemplo a casca de oleaginosas, palha de cereais, sabugo de milho triturado, resíduos de cana de açúcar e feno de gramíneas (Villagrá et al. 2014).
- CAMA E QUALIDADE DE PATAS DE FRANGOS DE CORTE
Em contrapartida, a cama úmida e compactada favorece a emissão de amônia, podendo-se avaliar a umidade da cama pela forma de apresentação do material no aviário, ou pelas condições de higiene das aves, já que em camas mais úmidas as aves tendem a se sujar mais (Macari e Maiorka 2017).
O tipo de material afeta diretamente a absorção de umidade durante o período de criação dos frangos e isto ocorre pela característica físico-química do material escolhido (Toledo et al. 2019).
Além disso, os materiais se diferem na sua umidade original antes de serem dispostos no aviário, possuindo tamanhos de partículas diferentes e capacidade de retenção de água específicas de cada matéria-prima.
- UMIDADE
Przybulinski et al (2020 – dados não publicados) analisando diferentes materiais, concluiu que materiais que possuem tamanho de partículas menores (como a casca de arroz), têm maior capacidade de absorção de água e consequentemente apresentam maior umidade.
Estes autores, avaliando uma alternativa, ao uso de materiais vegetais desidratados como o feno de gramínea para material de cama, observaram que estes tendem a reter mais água, mesmo quando misturados a materiais como a maravalha e a casca de arroz, sendo que, quanto maior a inclusão de gramínea na mistura, maior é a umidade do material.
Cengiz et al. (2011), avaliando a umidade na cama de frango, constataram que a exposição precoce à cama com alta umidade pode aumentar a incidência e a gravidade de lesões de pododermatite e que, se melhorada a qualidade dessa cama, haveria uma diminuição no grau de severidade da lesão.
As lesões são classificadas da seguinte maneira:
- ESTUDO
Barbosa et al., (2020 – dados não publicados) avaliaram, semanalmente, os escores de pododermatite em frangos de corte de 21 a 42 dias de idade, submetendo as aves a diferentes materiais de cama, incluindo feno de gramíneas nos materiais convencionais, ou seja, maravalha e casca de arroz.
Os autores observaram que em todas as idades avaliadas houve interação significativa entre os tipos de cama e inclusão de feno de gramínea na avaliação de pododermatite.
Nas avaliações iniciais foi possível evidenciar que camas compostas por feno de gramínea e maravalha proporcionaram menores escores de pododermatite, influenciando positivamente na manutenção da integridade das patas das aves até os 28 dias.
Isso se deve:
- Ao peso dos animais não ser tão elevado nas fases iniciais
- Ao menor volume de excreta
- Por consequência, menor umidade e compactação na cama.
Já nos resultados observados a partir dessa idade, a inclusão de feno de gramíneas em ambos os materiais afetou negativamente os escores de pododermatite.
A forma física das partículas da cama também é importante, pois materiais que possuem bordas afiadas ou protuberantes podem causar irritações na pele com presença de vermelhidão, sendo que esta irritação pode ser considerada o início das lesões, que vão se agravando conforme as aves ganham peso e a cama vai ficando mais úmida.
Relacionando os fatores apresentados, podem influenciar consideravelmente a severidade da pododermatite:
- Qualidade dos materiais utilizados
- Maior teor de umidade da cama
- Crescimento e produção de excretas
ATENÇÃO!
Conforme descrito por Toppel et al. (2019), a umidade, que aumenta com o tempo de permanência das aves sobre a cama, afeta negativamente a saúde dos pés.
A umidade amolece e abre a matriz de colágeno da pele do coxim (Youssef et al., 2011), o que ativa o sistema imunológico e também favorece a proliferação de bactérias, acarretando assim a dermatite (Toppel et al., 2019).
A manutenção da cama durante o período em que as aves permanecem alojadas sobre a o material de cama é uma etapa crítica no processo de criação, que deve ter a devida atenção para controlar os calos de peito, nas patas e demais lesões.
Barbosa et al (2020 – dados não publicados) observaram que em idades mais avançadas e, principalmente com a utilização de maiores inclusões de materiais alternativos como o feno de gramínea, as características da cama são comprometidas, e em conjunto com o peso das aves, que nesta fase é maior, torna mais susceptível a lesões no coxim plantar.
- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Alguns materiais podem mostrar-se eficientes no início do período de alojamento. Porém com o acúmulo de excretas e umidade, estes materiais perdem suas características, podendo se tornar fator de queda de desempenho e bem-estar em frangos de corte.
Desta forma, a escolha do material a ser utilizado como cama deve ser cautelosa, observando-se:
- As propriedades absortivas
- A capacidade de perder água para o ambiente
- Manutenção da umidade durante o período pelo qual a cama será utilizada
- Produção de pó e amônia;
- Nível de umidade;
- Reduzir a incidência de problemas locomotores, lesões de coxim plantar e carcaça;
- Promovendo o bem-estar das aves.
Além disso, o desempenho dos frangos pode ser influenciado pelo tipo de cama, em virtude do reduzido bem-estar e da inatividade das aves em decorrência de pododermatites.
ocorrência de Pododermatite ocorrência de Pododermatite ocorrência de Pododermatite ocorrência de Pododermatite ocorrência de Pododermatite
PDF