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A importância da imunidade de mucosa contra as salmonelas paratíficas

Escrito por: Alceu Kazuo Hirata - Coordenador Técnico de Biológicos na Vetanco Brasil , Carlos A. Dalle Mole - Gerente Técnico/Comercial - Biológicos - Vetanco , Luiz Eduardo Takano - Coordenador Técnico de Biológicos na Vetanco Brasil
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Salmonella paratífica

As salmoneloses são responsáveis por perdas na cadeia avícola com grande importância na saúde pública.

As aves podem ser fontes de infecção de salmonela, onde as salmonelas paratíficas permanecem no trato gastrointestinal, transformando-as em possíveis fontes de infecção alimentar para o homem.

As salmonelas podem ser transmitidas verticalmente para a progênie através das aves reprodutoras infectadas e, horizontalmente entre lotes.

A transmissão horizontal, pode ocorrer de diversas formas, através de:

Rações e matérias primas,

Água,

Veículos,

Pessoas,

Vetores (cascudinhos, pássaros e roedores), favorecendo a disseminação de salmonelas paratíficas nas granjas.

A principal via de contaminação das salmonelas paratíficas é a oral, onde estas invadem a mucosa e se disseminam para as células adjacentes. Associada à sua multiplicação no trato gastrointestinal, se torna importante os estudos sobre imunologia de mucosas.

Após a ingestão via oral, as bactérias podem interagir com a superfície da mucosa, alcançar a lâmina própria, constituindo o primeiro passo para se estabelecer a infecção, pois é o local onde os organismos se proliferam.

Os sistemas gastrointestinal, respiratório e urogenital são considerados portas de entradas de patógenos. Na superfície de mucosa necessita-se de uma primeira barreira de defesa nas mucosas com o intuito de prevenir prováveis infecções locais e sistêmicas.

Os mecanismos de defesa do sistema imune das aves são compostos por:

Barreiras físicas,

Químicas e

Biológicas.

O patógeno ao promover o rompimento destas barreiras iniciais, fazem com que as aves tenham que ativar o sistema imune, sendo a imunidade de mucosas a primeira linha de defesa local.

A imunidade de mucosas pode ser estimulada pelos patógenos causadores de enfermidades e também através do uso de vacinas. Sobre as vacinas, elas são desenvolvidas para suprir a necessidade de uma melhor cobertura contra os microrganismos de interesse.

O sistema imune da mucosa é dividido em sítios indutivos e efetores.

Os sítios indutivos são regiões onde o antígeno leva a ativação inicial das células do sistema imune, enquanto os sítios efetores são os anticorpos e células do sistema imune que atuam especificamente após a ativação dos sítios indutivos.

O uso de vacinas contra as bactérias do gênero Salmonella tem como objetivo:

Impedir a aderência no intestino,

À multiplicação e excreção pelo organismo de aves infectadas,

Assim como reduzir a colonização em órgãos.

Desta forma, as aves vacinadas podem eliminar menos bactérias pelas fezes, reduzindo a pressão de contaminação ambiental.

O benefício do uso de vacinas se deve ao melhor preparo do sistema imune do hospedeiro para a uma rápida resposta imunológica e na agilidade da eliminação do agente.

RESPOSTA IMUNE INATA

A resposta imune inata é a primeira linha de defesa após o rompimento inicial das barreiras físicas, químicas e biológicas. Nesta resposta envolvem a participação de células fagocíticas, moléculas do sistema complemento, anticorpos naturais e células não linfoides.

Esta resposta é essencial para controle da multiplicação destes patógenos e na ativação da imunidade adaptativa em caso de persistência destes agentes, que resultam em células que promovem a memória imunológica.

RESPOSTA IMUNE ADAPTATIVA

A resposta imune adaptativa pode ser subdividida em resposta imune humoral e resposta imune celular.

A resposta imune humoral possui os anticorpos produzidos pelos plasmócitos. Este tipo de resposta depende dos linfócitos T auxiliares (CD4+), especificamente das células efetoras auxiliares do tipo 2 (T helper 2, Th2) que são eficientes na eliminação de microorganismos extracelulares. A avaliação da resposta imune humoral estima a capacidade da ave de estabelecer uma resposta imunológica através de níveis de imunoglobulinas no plasma ou no soro.

A resposta imune humoral é um dos principais mecanismos no combate a infecções bacterianas extracelulares. Dentre algumas funções, a IgA secretória é capaz de:

Bloquear a colonização e infecção,

Opsonizar e eliminar patógenos e

Neutralizar suas toxinas.

As vacinas vivas atenuadas induzem uma resposta imune celular e humoral (sistêmica e local) contra o patógeno. As vacinas inativadas conhecidas também como bacterinas, podem ser produzidas contendo célula inteira ou subunidades do microrganismo de interesse.

Figura 1. Resposta imune inata e adaptativa (adaptado de SANTIN, MORAES & SANCHES, 2017)

Estas bacterinas estimulam especificamente a resposta imune humoral, contra antígenos produzidos. Apesar das vacinas inativadas apresentarem um excelente estímulo para produção de anticorpos, estas são ineficazes em estimular a resposta imune mediada por células.

No caso das vacinas de subunidade proteica, o mecanismo de ação consiste na entrada da subunidade em células M ou por reconhecimento de células dendríticas na mucosa intestinal, após estímulos prévios do sistema imunológico na lâmina própria intestinal.

Assim, a célula dendrítica tem a capacidade de apresentar a subunidade proteica como um antígeno aos linfócitos T e, em seguida, estas são apresentadas para os linfócitos B que se diferenciam em plasmócitos.

Estes plasmócitos são responsáveis pela produção da IgA secretória que são secretadas da lâmina própria para o lúmen intestinal, para neutralizar os patógenos.

A resposta imune celular é acionada contra patógenos intracelulares (bactérias, vírus e parasitas intracelulares). Esta resposta depende dos linfócitos T auxiliares (CD4+) especificamente as células efetoras do tipo 1 (T helper 1, Th1), linfócitos CD8+ (citotóxico) e das células Natural Killer (NK).
Para o início da resposta imune celular as células dendríticas, reconhecem um antígeno e apresentam para os linfócitos B e T específicos, onde ocorre a diferenciação dos linfócitos B em plasmócitos, que produzirão as imunoglobulinas.

Na sequência ocorre a eliminação do antígeno, homeostase e formação de células de memória.

As imunoglobulinas das aves são divididas em IgM, IgA e IgY.

As IgY são sistêmicas com função de opsonização e são caracterizadas como imunoglobulinas de fase crônica.

No intestino, as IgA são produzidas pelos plasmócitos nas placas de Peyer e nos MALTs (Tecido linfoide associado a mucosa), impedindo os patógenos e toxinas de aderirem ou infectarem as células epiteliais da mucosa, alterando condições de crescimento para microrganismos patogênicos, reduzindo a susceptibilidade à infecção.

As IgA secretórias proporcionam uma barreira imunológica eficaz da resposta imune adaptativa contra infecções subsequentes pelo mesmo agente patogênico.

Portanto, as IgAs secretórias protegem as aves dos patógenos nas mucosas, impedindo a adesão destes, pela reação antígeno-anticorpo específico.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A adoção de programas com medidas de biosseguridade são fundamentais para o controle de salmonela. É um desafio controlar a salmonela pois trata-se de processos multifatoriais que envolvem toda a cadeia.

A magnitude da resposta imune observada na imunização de mucosa, a torna interessante e uma opção atrativa, como uma via de administração potencial de vacinas.

 

 

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