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Importância da monitoria dos programas vacinais de Gumboro e Newcastle: Qual melhor momento da rotação de programa?

Escrito por: Tobias Filho - Gerente técnico de Avicultura da Boehringer Ingelheim
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programas vacinais de gumboro e newcastle

INTRODUÇÃO

A seleção para características produtivas é concorrente a competência de resposta imunológica, de modo que aves de produção (seja para carne, reprodução ou ovos) somente podem expressar seu potencial zootécnico sem que tenha havido comprometimento do status sanitário.
A implementação de um programa vacinal pensado para proteção clínica de frangos de corte contra duas principais doenças imunossupressoras da avicultura, Marek e Gumboro, constitui a base para que essas aves possam expressar seu potencial genético produtivo e contribuir para um controle desses agentes infecciosos no ambiente.
A ocorrência de doenças imunossupressoras exerce efeito importante nos resultados zootécnicos, pois a ave depende da integridade do sistema imune para responder aos desafios.

Recentemente, tem crescido o interesse na proteção contra desafios respiratórios decorrentes pela infecção pelo vírus de Newcastle de baixa patogenicidade, seja em decorrência de desafios regionais ou sazonais ou por demandas de mercados importadores de produtos cárneos de frango.

Para atender a essa demanda, programas de vacinação para Newcastle passaram a integrar o programa vacinal basal, somado a Marek e Gumboro.

Com a inclusão da doença de Newcastle na lista de agentes importantes de prevenção para frangos de corte, ficou evidente que conhecer a realidade de cada empresa e região para esse fator é determinante para a tomada de decisão do programa vacinal mais adequado.

Um bom programa de vacinação deve contemplar:

 

 

As características do desafio e fatores inerentes a patogenicidade do agente;

Sua relação com o meio ambiente;

O nível de risco de infecção do hospedeiro animal.

TECNOLOGIAS VACINAIS

Os programas vacinais para frangos de corte podem ser constituídos de diferentes formas e a vacinação no incubatório para esses agentes passou a ser um marco na história da avicultura, ao passo que traz garantia e uniformidade de aplicação e precocidade de resposta imune quando comparado à vacinação tradicional de Gumboro nas granjas.

Com o objetivo de migrar a forma de vacinação do campo para o incubatório, buscando os benefícios supracitados, a primeira geração de vacinas tecnológicas de Gumboro foi desenvolvida na década de 90 e é representada pelas vacinas de complexo imune, capaz de promover a proteção contra a doença de Gumboro mesmo a animais com diferentes níveis de anticorpos maternos.
A vacina de complexo imune deve ser administrada juntamente a uma vacina para Marek (HVT) para que a proteção seja conferida às duas importantes doenças imunossupressoras.

Ano mais tarde, a segunda geração tecnológica de vacinas foi apresentada ao mercado em uma disruptiva forma de construção de vacinas com o surgimento de uma vacina vetorizada com vetor de vírus de Marek expressando a proteína VP2 do vírus de Gumboro, combinando desta forma a proteção contra duas enfermidades importantes para a avicultura – Marek e Gumboro – em uma só aplicação.

 

Anos mais tarde, a busca pela conveniência da proteção para múltiplas doenças aliada a evolução da tecnologia em construção de vacinas vetorizadas baseadas em vetor HVT culminou na vacina vetorizada de vetor HVT expressando não só a proteína VP2 do vírus de Gumboro, mas também a proteína F de um vírus da doença de Newcastle.

Independentemente dos produtos vacinais e diferenças entre eles, principalmente naqueles de mais recente geração, as opções disponíveis trazem flexibilidade ao mercado. As empresas produtoras poderão optar pela tecnologia e espectro de proteção que fizer sentido as exigências de clientes e diferentes características locais.

MONITORIAS SANITÁRIAS COMO FERRAMENTAS DE DECISÃO

Uma análise de risco de agentes infecciosos para empresas e regiões pode apontar indicadores para estabelecer o programa vacinal mais adequado em cada situação, e as monitorias sanitárias ativas de rotina tem importância crucial para isso.

Os laboratórios são fonte de dados e laudos que, junto aos resultados zootécnicos, deveriam servir como suporte à decisão relacionada à manutenção ou as modificações nos programas sanitários.

As monitorias sanitárias podem ser estabelecidas utilizando-se diferentes metodologias analíticas, como sorologias, histologia e biologia molecular.

A sorologia pode ser utilizada desde a monitoria da qualidade vacinal até a inferência do nível de pressão de infecção por determinados agentes infecciosos.

Já a biologia molecular pode revelar informações referentes aos agentes infecciosos específicos tais como identificação, filogenia e até mesmo quantificação.

A histologia tem importância no estudo comparativo de tecidos saudáveis e patológicos, podendo auxiliar no diagnóstico de manifestações clínicas ou de acompanhar o grau de lesão em um tecido.

Com o objetivo de simplificar a análise de dados obtidos com as monitorias laboratoriais combinadas às variações nos resultados zootécnicos, a Boehringer Ingelheim adotou como forma de monitoria ativa em seus clientes o Programa de Imunização Unificada (Índice PIU), uma ferramenta capaz de traduzir os dados laboratoriais em informações objetivas do potencial de cada empresa, respeitando suas características, auxiliando o produtor a tomar a decisão mais assertiva.

Esta ferramenta está em atuação desde 2020 e alguns exemplos de sua utilização como um indicador da eficácia e eficiência do programa vacinal instituído tem chamado a atenção e aqui trazidos em três casos exemplares.

Em uma empresa do estado do Paraná o Índice PIU de um programa vacinal para Gumboro foi obtido em três momentos ao longo do ano (Figura 3). Percebemos que o mesmo programa vacinal, ao longo do ano, não alterou significativamente o Índice PIU em épocas de maior ou menor temperatura ambiental média.

 

Isso demonstra que um mesmo programa vacinal pode ser utilizado ao longo do tempo sem representar alterações significativa nos indicadores, mesmo que pequenas flutuações desses indicadores ocorram naturalmente.

O segundo exemplo demonstra o aumento do Índice PIU comparando-se o momento da primeira análise com a segunda, no mesmo ano, em uma empresa do estado de Minas Gerais. Nota-se, no entanto, que o programa vacinal (B) continuou sendo o mesmo.

 

Neste caso, correções de fatores pontuais como:

Treinamentos de vacinação no incubatório,

Acompanhamento de práticas de manejo e

Melhorias do programa vacinal em matrizes.

Possibilitaram a melhora dos índices de um mesmo programa vacinal.

O Índice PIU também pode ser útil para avaliar a situação atual e, em melhor adaptando o programa vacinal a realidade e necessidades de cada empresa, monitorar o desempenho da alteração de programa sugerida, como ocorrido em uma empresa do estado do Paraná diferente daquela do primeiro exemplo (Figura 5).

Durante a primeira monitoria foi observado que o programa vacinal adotado pela empresa não estava condizente com a necessidade e o potencial produtivo que ela tinha naquele momento. Houve então uma mudança do programa vacinal e acompanhamento contínuo de monitorias e treinamento de equipes. Após dois anos com o mesmo programa vacinal A ininterruptamente, o Índice PIU mostrou uma melhora significativa, corroborando com os melhores resultados zootécnicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

E afinal, qual o melhor momento para rotacionar o programa vacinal? Cada tecnologia vacinal traz seus benefícios e, devido às particularidades de cada uma, também seus impactos.

Qual a necessidade referente ao equilíbrio entre proteção para Marek, Gumboro e Newcastle e produtividade?

O fator de sazonalidade é importante para a região e empresa?

Perguntas como essas merecem atenção e devem ser respondidas com base em uma monitoria sanitária bem estabelecida e robusta, que possa trazer informações ao longo do tempo e que, de forma clara, demonstre os impactos e potenciais de forma rotineira.

Para cada necessidade, sendo ela no tempo ou no espaço, as empresas devem contar com a flexibilidade dos melhores produtos vacinais para melhor adapta-los à sua estratégia. Fica claro que, em se respeitando os fundamentos básicos das boas práticas de vacinação, os programas vacinais não tem um prazo de vencimento pré-estabelecido.

Ou seja, determinar antecipadamente um prazo máximo para que um programa vacinal seja utilizado a campo parece ser mera especulação.

Com a implementação de um programa de monitoria sanitária rotineira de maneira correta deixamos de lado os achismos e pré-conceitos para permitir que as aves respondam “Como está meu programa vacinal? Será que tenho que muda-lo?”. As decisões produtivas e estratégicas são tomadas com base em dados. Por que a decisão do momento de adaptação do programa vacinal deve ser deixado ao acaso?

 

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