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Influenza Aviária, um risco que deve ser gerenciado

Escrito por: Mário Sérgio Assayag - Gerente Técnico Regional - Aviagen América Latina
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influenza aviária um risco que deve ser gerenciado

A produção de carne de frango está em um grande momento no mundo, com crescimento consistente nos últimos anos, atendendo a um aumento de demanda de proteína de alta qualidade, com segurança alimentar, com grande flexibilidade e agilidade para atender as exigências de todos clientes e mercados no mundo.

É a consolidação global de uma cadeia altamente sustentável, consequência da evolução genética dos últimos anos associada à eficiência produtiva das empresas processadoras e dos produtores no campo. O baixo consumo de água na cadeia, a alta eficiência na conversão alimentar das aves com a produção do frango e ovos em pequenas áreas, com baixo custo de produção, ótimo rendimento no abatedouro, transformando os insumos vegetais em proteína animal no prato da população, garantindo saúde e segurança alimentar aos consumidores.

No mercado brasileiro, a carne de frango e a produção de ovos foram as proteínas que melhor se saíram durante o período de pandemia. Naquele momento também houve elevação dos custos e preço de venda da carne bovina, levando à um consumo positivo da carne de frango, chegando a valores próximos a 50kg por habitante.
O risco real atual, que o governo e as empresas devem gerenciar e se proteger, está relacionado à chegada da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade na América do Sul. Esse grande desafio deve seguir como o maior problema para a indústria em 2023.

Influenza Aviária

A Influenza Aviária (IA) sempre foi um risco associado à produção avícola global, gerando incerteza quanto ao comportamento dos clientes e países importadores quando ocorrem casos no país exportador.

Nos últimos anos, a grande maioria dos países tem se tornado mais conscientes quanto ao baixo risco associado a casos de Influenza em aves silvestres e de fundo de quintal, com um menor impacto no comércio global. Essa percepção de menor risco é ainda mais associada aos casos de Influenza Aviária de Baixa Patogenicidade (IABP) em aves silvestres.

O risco de atendimento aos mercados no caso de um surto em um país, em região distante de áreas produtoras, também deverá seguir se consolidando para que seja aceito o conceito de regionalização, zoneamento e, principalmente, compartimentalização. Isso permite a exportação a partir de áreas livres da doença, mesmo com casos em região geográfica distante da zona de produção.

Influenza Aviária de Alta Patogenicidade H5N1

Nos últimos anos, mais precisamente desde 2005, um vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) do tipo H5Nx, começou a circular a partir do centro da Ásia. Esse vírus tem se apresentado variações moleculares que o tornam mais ou menos patogênicos.

Esse desafio que podemos dizer que é maior que o ocorrido no passado tem levado a uma discussão acadêmica, governamental e entre todos os entes do agronegócio, que está mais difícil de controlar a doença, que tem levado a situações comuns a todos os países como:

 

Esse quadro de maior desafio de IA vem sofrendo alterações e sofreu uma mudança importante desde o inverno de 2020 (2022 H5N1 – vírus 2.3.4.4b), que a partir da Ásia central, esse vírus se espalhou para o leste asiático, Oriente Médio, África e América do Norte, com uma evidência bi-direcional relacionada as aves migratórias da primavera.

Podemos considerar que essa é uma variante viral mais patogênica, que inicialmente causou mortalidade em aves silvestres e migratórias.

Assim, esse evento de disseminação do vírus de 2020 pode ser considerado o maior e mais longo evento sanitário desde o século passado, atingindo oficialmente mais de 90 países, da Ásia, Europa, África e toda América.

Em algumas regiões esse vírus passou a infectar aves de fundo de quintal e aves criadas soltas em condições comerciais e semi-comerciais, causando perdas importantes naquelas regiões geográficas.

Como exemplo, no momento que escrevemos esse artigo em fevereiro de 2023, o USDA (United States Department of Agriculture) está considerando que nos EUA o vírus já causou perdas em 47 estados com mais de 55 milhões de aves eliminadas. Na Europa, o EFSA (Administração Europeia de Segurança Alimentar) já comunicou aproximadamente 50 milhões de aves abatidas.

Nos casos de confirmação de mortalidade causada por vírus altamente patogênico, existe a necessidade de eliminação dos lotes infectados e da realização de um controle perifocal, com aplicação dos conceitos estabelecidos de população próxima ao surto.

Com o passar do tempo, esse vírus H5N1 passou a contaminar plantéis em todo mundo, em diversos países e regiões, chegando na América do Norte.

A partir dos primeiros casos confirmados na América do Norte, houve a disseminação em todas direções e que pode ser observada na figura abaixo, que apresenta e evolução dos casos de IA no ano de 2022 nas Américas. Podemos observar que no período de inverno do hemisfério norte, entre Janeiro e Março, houve muitos casos nos EUA e no Canadá, evoluindo para casos em México entre Abril e Junho e nos últimos meses, entre outubro de dezembro, com casos na América Central e América do Sul.

Mais precisamente, no início de novembro de 2022 houve o primeiro caso da América do Sul, no noroeste da Colômbia, na divisa com o Panamá. Esse cenário evoluiu até o momento, no final de janeiro, em casos de IAAP na Colômbia, Equador, Venezuela, Peru, Chile, Bolívia, Argentina e Uruguai:

Assim, agora efetivamente podemos considerar que o vírus de IAAP, do tipo H5N1, se disseminou em quase todos continentes, com exceção da Oceania.

Até o momento, o Brasil segue sem casos clínicos de mortalidade de aves silvestres e/ou migratórias que possam levar a qualquer suspeita. Isso não impediu que o Governo Federal brasileiro, os governos estaduais, ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), associações de produtores estaduais, empresas produtoras de carne de frangos e ovos, assim como os produtores acionassem todas as ações de contingência para evitar a entrada do vírus via aves silvestres e/ou migratórias nos plantéis comerciais.

Acesse o site!!

Todos envolvidos nas cadeias produtivas estão em alerta máximo, implementando as ações de proteção aos processos produtivos.

Prevenção da IA

A prevenção da Influenza Aviária está estabelecida e segue os conceitos básicos de biossegurança para evitar que o vírus entre no país, que entre nas operações comerciais e, no caso de entrada, que não se dissemine horizontalmente, com rápida eliminação.

Podemos considerar que o primeiro passo está em monitorar as aves silvestres que migram e entram no Brasil. Esse é um controle ativo e também passivo realizado pelo Governo Federal.

Depois, também sobre o controle federal, está o controle de fronteiras, não permitindo a entrada de fontes de risco nos portos e aeroportos.

Nas empresas, nos processos produtivos, deve-se seguir com os procedimentos para evitar que os plantéis comerciais ou semi-comerciais se infectem. Isso está relacionados com o controle de fluxo de pessoas, insumos, equipamentos e qualquer tipo de animais em contato do as aves.

Evitar o contato com os plantéis comerciais é o grande desafio e que precisa de muito trabalho em cada um dos produtores e podemos considerar como exemplo alguns pontos importantes:

Restrição à entrada de pessoas terceiras, não comuns aos processos produtivos;

Bloqueio da entrada de aves silvestres/migratórias, animais e/ou fezes aos processos produtivos:

Lavagem e desinfecção de todo e qualquer equipamento que entre em contato com as aves:

Equipamentos de manutenção;

Roupas, sapatos e equipamentos para o carregamento das aves; etc.

As ações de biossegurança, para a proteção na entrada de qualquer desafio nos processos, também devem levar em consideração pontos chave para evitar a disseminação no caso de positividade em uma região e/ou empresa, impedindo ou dificultando a disseminação horizontal entre granjas e entre empresas.

Esse trabalho de controle regional deve ser realizado em conjunto com todas empresas que estão em uma mesmo estado e/ou zona, possibilitando um controle e análise de risco em conjunto.

A regionalização e compartimentação também é considerada uma alternativa para a redução de risco aos processos produtivos e ao comércio internacional.

A cada dia mais são consideradas como ferramentas de controle de fluxo de aves, que diminuem o risco e impacto financeiro em casos de surto em diversas regiões do mundo.

Conclusões

O desafio do vírus da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade, do tipo H5N1, está disseminado em praticamente todo mundo e é um risco iminente para todas operações avícolas.

O governo, associações de empresas, empresas e produtores estão trabalhando muito para evitar a entrada no Brasil e, no caso de um desafio ambiental, que não contaminem os planteis comerciais.

As empresas devem seguir reavaliando os seus programas de biossegurança, trabalhando de forma incansável, treinando e auditando constantemente os processos para minimizar o risco sanitário.

Até o momento, o Brasil segue livre de qualquer caso de IAAP.

Os governos e organismos internacionais devem seguir discutindo novas ações para um menor impacto da Influenza Aviária no mundo.

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