“Santa Catarina sempre me chamou a atenção por ter um modelo de economia equilibrado, com uma indústria de relevo, que consegue estar inserida no mercado mundial e gera indicadores econômicos invejáveis para o resto do Brasil”. A afirmação foi feita pelo jornalista de economia da Globonews e da Rádio CBN, João Borges, durante a abertura do 12º Simpósio Técnico de Avicultura, terça-feira (25/9), em Florianópolis (SC).
Em cerca de uma hora de palestra, Borges, que cobriu todos os planos econômicos desde a década de 1980, trouxe números e fatos do passado – desde a inflação de dois dígitos ao mês no governo José Sarney – dados do presente e reflexões sobre o futuro do País. O jornalista apresentou problemas de gestão de diversos governos.
Segundo ele, o Plano Real foi capaz de fazer o País sair da hiperinflação sem cair na recessão, mas a desvalorização do real que se seguiu, em 1999, ainda sob o governo FHC, saiu do controle. Mesmo assim, o País não caiu em recessão. O câmbio resolveu o problema da competitividade do Brasil.
Em 2001, lembrou, houve outro problema grave de gestão, o apagão. “Me recordo de que os especialistas já vinham alertando o governo (sobre o risco de apagão), que não ouviu”, disse o jornalista. Na avaliação de Borges, se em 2001 a economia tivesse mantido o ritmo de crescimento registrado nos anos anteriores, Lula não teria sido eleito. “Todos estariam satisfeitos”, disse.
Borges realizou uma análise crítica aos governos Lula e Dilma, destacando excesso de otimismo por parte do primeiro e aumento dos gastos públicos nas duas gestões. Apontou medidas equivocadas do Governo Dilma até a crise política que levou ao impeachment.
Dá para ser otimista
Na avaliação de Borges, o Brasil tem saída e há muitos investidores externos de olho no país, aguardando o momento de voltar a apostar aqui. “Tem saída, mas são necessárias ações efetivas”, ponderou Borges. Não adianta, segundo ele, se desgastar politicamente com reformas de austeridade pela metade, que acabam não tendo a efetividade que deveriam.
“A clareza de que estamos muito perto do abismo talvez seja o choque de realidade para o presidente que ganhar as eleições, para não deixar de corrigir o que é preciso“, salientou o jornalista. “E quem ganhar agora tem um histórico muito claro de que não adianta só ganhar a eleição, tem que corrigir; o povo está cansado”, completou.
Ele ressaltou que, a despeito da composição do Congresso, a atuação do presidente é fundamental para levar as reformas a cabo. “O que aprendi em todos esses anos em Brasília é que nada se aprova no Congresso sem o empenho e a liderança do presidente da República”, disse. “Esse Congresso é o mesmo que rejeitou medidas de ajuste fiscal da presidente Dilma, aprovou impeachment de Dilma, aprovou medidas necessárias e depois pauta bomba contra o presidente Michel Temer. Os animais são os mesmos, mas o comportamento muda conforme o ambiente”.
Assessoria de Imprensa