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Na produção animal, os antibióticos têm sido usados por muitos anos no alimento para melhorar os parâmetros produtivos, como profiláticos e para tratamentos de diversas doenças (Gong, 2014). No entanto, apesar de serem suplementos eficazes, a União Europeia proibiu o uso de vários deles, devido ao risco de que potenciais agentes patogênicos humanos encontrados em animais de consumo do homem se torne, resistentes a certos antibióticos (Cepero, 2006; Gong, 2014; Vasco, 2015). É por isso que é importante melhorar os procedimentos de manejo, da biossegurança e considerar o uso de outros suplementos dietéticos alternativos, sugeridos como forma de melhorar os parâmetros produtivos (Gong, 2014).
A lisozima é uma enzima de origem natural, que pode se tornar uma alternativa ao uso dos antibióticos na dieta. A lisozima é definida como 1,4-β-N-acetilmuramidase, encontrada em diversos fluidos corporais e secreções externas do corpo, como lágrimas, saliva, sucos gástricos etc. (Sahoo et al., 2012; Gong, 2014).
A lisozima tem diversas funções, sendo que uma das principais é sua ação anti-inflamatória, imunológica e antibacteriana (Sahoo et al., 2012).
Como anti-inflamatório, a lisozima demonstrou inibir a quimiotaxia dos leucócitos ativados. Também possui interação com o Sistema Complementar (Cp) de maneira indireta, por uma inibição da resposta dos PMN às quimiotaxinas derivadas do Complemento. Também é capaz de modular diretamente toda a ativação da reação em cascata do Cp e amortece várias respostas de neutrófilos aos estimulantes inflamatórios (Ogundele, 1998).
A lisozima pertence a um grupo de substâncias que se difundem de forma natural, participando na imunoestimulação do organismo. É assim que eles são capazes de exercer uma atividade de estimulação à produção de anticorpos contra diversos antígenos, melhorar a resistência às enfermidades contra infecções, etc (Sahoo et al., 2012). Eles também participam como parte dos mecanismos de defesa do corpo associando-se com o sistema monocitomacrófago e as imunoglobulinas (Gong, 2014).
A função antibacteriana da lisozima é produzida através da ação direta bacteriolítica, fixando-se à parede celular bacteriana ou com a estimulação da função fagocítica dos macrófagos.
No caso das bactérias Gram positivas, a lisozima provoca a sua lise mediante a alteração das propriedades das estruturas da superfície da célula, destruindo a ligação glicosídica entre o ácido N-acetilmurâmico e N-acetilglucosamina no peptidoglicano bacteriano, que é um componente importante da parede celular (Sahoo et al., 2012, Gong, 2014). A composição química das paredes celulares das bactérias Gram negativas difere da das bactérias Gram positivas. Esta se compõe de duas camadas, a interna é composta de uma única camada de peptidoglicano e a externa por uma camada grossa de lipopolissacárideo.
A maioria das bactérias Gram negativas não são suscetíveis à ação da lisozima sozinha porque sua membrana externa impede o acesso da enzima à camada de peptidoglicano. No entanto, algumas lisozimas naturais que foram modificadas por diversas técnicas, como a fermentação bacteriana, são ativas contra bactérias Gram negativas ao conseguir penetrar a camada externa (Ellison III y Giehi, 1991; Sahoo et al., 2012).
Várias experiências realizadas em aves e suínos mostraram que se pode utilizar a lisozima via oral como promotor de crescimento, tendo como resultado um aumento dos parâmetros produtivos destas espécies.
Assim, em um experimento realizado por Liu e colaboradores (2010) em frangos de corte, se demonstrou que ao adicionar lisozima no alimento, houve melhora na taxa de conversão alimentar das aves, redução significativa da concentração de C. perfringens no íleo e pontuações das lesões intestinais, assim como inibiu o crescimento excessivo de E. coli y Lactobacillus no íleo.
Na Rússia, foi realizado um estudo em frangos de corte usando a lisozima nas rações, obtendo uma melhora nos parâmetros produtivos das aves. Ao finalizar o estudo, os resultados demostraram que o uso de lisozimas reduz o consumo de alimento, o percentual de gordura, melhora a digestibilidade e o ganho de peso diário (Fisinin, 2014).
Em 2012, May e colaboradores publicaram um estudo realizado em leitões de 10 dias de idade, utilizando uma dieta líquida com lisozimas. Eles demostraram que existe uma melhora no crescimento dos suínos em resposta ao consumo de lisozima. Também se observou a melhora da morfologia do intestino delgado e diminuição da prevalência de Campylobacter no trato gastrointestinal. Nos Estados Unidos se realizou um teste em leitões desmamados para comparar a taxa de crescimento e o ganho de peso dos mesmos ao utilizar três dietas experimentais, uma sem promotor de crescimento, outra com lisozima e a última com um antibiótico promotor de crescimento. Os resultados mostraram que os leitões que receberam as dietas com lisozima, ou antibióticos, cresceram cerca de 12 % mais rápido que os suínos não tratados (USDA, 2015).
Dada a necessidade de a indústria avícola e suína utilizarem promotores de crescimento e as restrições que se vem presentando em diferentes países para o uso de antibióticos, o uso da lisozima surge como uma boa alternativa para melhorar o ganho de peso, a conversão alimentar e otimizar a saúde intestinal.
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Bibliografía
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Cepero, R. 2006. Retirada de los antibióticos promotores de crecimiento en la Unión Europea: causas y consecuencias. Dpto. De Producción Animal y Ciencia de los Alimentos. Facultad de Veterinaria. Universidad de Zaragoza.2006.
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Ellison III, R.T.; Giehi, T.J. 1991. Killing of Gram-negative Bacteria by Lactofernn and Lysozyme. J. Clin. Invest. Volume 88, October 1991, 1080-1091 p.
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Fisinin, V. 2014. Report: Use of the drug LF- lysozyme in mixed fodder for broiler chickens. State Scientific Institution All-Russian Research and Technological Poultry Institute of the Russian Agricultural Academy. Russia, Sergiev Posad. 1-10 p.
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Gong, M. 2014. Efficacy of Lysozyme as an Alternative to Antibiotics for Broiler Chickens. Submitted in partial fulfilment of the requirements for the degree of Master of Science. Dalhousie University, Halifax, Nova Scotia. 1-114 p.
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Liu, D.; Guo, Y.; Wang, Z.; Yuan, J. 2010. Exogenous lysozyme influences Clostridium perfringens colonization and intestinal barrier function in broiler chickens. Avian Pathology (February 2010) 39(1), 17-24 p.
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May, K.D.; Wells, J.E.; Maxwell, C.V.; Oliver, W.T. 2012. Granulated lysozyme as an alternative to antibiotics improves growth performance and small intestinal morphology of 10-day-old pigs. J. Anim. Sci. 2012. 90:1118–1125 p.
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Sahoo, N.R.; Kumar, P.; Bhusan, B.; Bhattacharya, T.K.; Dayal, S.; Sahoo M. 2012. Lysozyme in Livestock: A Guide to Selection for Disease Resistance: a Review. J. Anim. Sci. Adv., 2012, 2(4):347-360 p.
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Ogundele, M.O. 1998. A novel anti-inflammatory activity of lysozyme: modulation of serum complement activation. Short Communication. Mediators of Inflammation, 7, 363–365 p.
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Vasco, K.; Trueba, G. 2015. Profilaxis/terapéutica e interacciones de los antibióticos: aparición de cepas resistentes. Resumenes del XXIV Congreso Latinoamericano de Avicultura. Guayaquil, Ecuador. 1-2 p.