Machos reprodutores: como obter bons indicadores de fertilidade na fase de produção
Passado a fase de cria e recria, a produção é o momento em que os indivíduos de uma população estão aptos a fase reprodutiva e com características adequadas para o bom desempenho.
A eficiência reprodutiva dos galos está diretamente relacionada ao potencial genético desses animais e aos fatores de meio ambiente, como temperatura, umidade relativa do ar, luminosidade, manejo alimentar e peso corporal (Maciel, 2006). Assim como no momento do alojamento na recria, a transferência das aves para a produção precisa contar com condições estruturais e de mão-de-obra aptas para aplicar as práticas de manejo recomendadas. É importante que o aviário esteja previamente preparado para receber as aves.
A transferência dos machos deve ocorrer entre cinco e sete dias antes das fêmeas e tem como objetivo o adestramento dos animais ao novo ambiente, principalmente nos aspectos relativos ao acesso a água e ao comedouro, evitando que, quando forem alojadas as fêmeas, os machos se alimentem no comedouro errado, essa prática é essencial para o melhor controle de peso dos machos. Nesta idade o bom desenvolvimento de crista também facilita o controle de ganho de peso dos animais, pois a crista bem desenvolvida não permite o acesso do macho a ração distribuída para as fêmeas.
O correto funcionamento do sistema de comedouro para os machos é fundamental para uma boa distribuição da ração. Os comedouros devem estar bem alinhados e dimensionados de acordo com o número de aves. O dimensionamento incorreto resulta na má distribuição da ração favorecendo animais maiores ou mais vorazes e consequentemente gerando perdas nos índices de uniformidade do lote. O consumo em excesso contribui para o sobrepeso corporal e por consequência a redução da fertilidade.
O momento crítico no controle de peso ocorre entre 22 e 30 semanas de idade, quando facilmente podem ocorrer perdas nos indicadores de uniformidade dos plantéis, pois neste novo ambiente, os sistemas de arraçoamento, a falta de adestramento das aves, a disposição dos equipamentos e o volume de ração consumida são pontos críticos que impactam nesse indicador e, portanto, devem ser cuidadosamente avaliados quanto as suas práticas.
Monitorar semanalmente o peso médio e o %CV através da amostragem de peso dos machos é fundamental para mantermos o melhor controle do desenvolvimento dos reprodutores. Esta prática nos permite gerenciar e tomar decisões com relação ao GAD (Gramas/Ave/Dia) a ser fornecido e a realização de seleções.
O uso de coletor de peso que forneça números prontos como, peso médio, peso por categoria, %CV e de uniformidade, são fundamentais para a confiabilidade dos dados gerados. Importante que além de bom equipamento, as pesagens sejam feitas por pessoal capacitado, sempre no mesmo dia da semana, horário e local.
- PONTOS-CHAVES NA PRODUÇÃO:
- De 21 – 24 semanas
Incrementos de ração devem levar em consideração os ganhos de peso semanal e escore de peito.
Ao fim desta fase os pesos médios podem ficar entre o STD a 1,5% abaixo.
Adestramento dos machos aos comedouros.
Utilizar espaçamento de comedouro de 20 – 22 cm.
Utilizar restritores (mangueira) de acesso dos machos aos comedouros das fêmeas.
Os aviários devem possuir pelo menos quatro boxes, isto auxiliará melhor a divisão das diferentes categorias de machos, diminuindo a competição, favorecendo a separação de diferentes escores de peito, recuperando animais que perderam conformação, além de diminuir a competição entre os reprodutores e favorecer as cópulas.
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- De 25 – 35 semanas
Nesta fase os pesos médios podem estar posicionados entre o STD e até 2% a menos, com ganhos de peso constantes, escore de peito controlado e %CV inferior a 6.
Incrementos de ração devem levar em consideração os ganhos de peso semanais e escore de peito. O alvo de escore de peito é “2,5”. Para John Dudgeon (2007) de 30 semanas em diante, o nível de alimentação deve ser aumentado gradualmente, desse modo os machos permanecem férteis, com adequado crescimento e sexualmente ativos.
Seleção de machos às 25 semanas (escore de peito/peso), e na sequência a cada 6 a 8 semanas.
Conferência de saldo de machos nas seleções.
Ajustar o centímetro de comedouro com relação ao saldo de machos.
Distribuição uniforme de ração, preferencialmente pesagem em sacas individuais para cada calha.
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- De 36 semanas ao abate
Manter os ganhos de peso conforme previsto no STD, com ganhos de 30 gramas semanais após as 30 semanas.
Incrementos de ração devem levar em consideração os ganhos de peso semanal e escore de peito (importante conciliar os ganhos de peso com incrementos de ração contínuos).
Seleção de machos as 45 semanas (peso/escore de peito). Após as 45 semanas realizar seleções catadas, procurando deixar animais com a mesma conformação de peito na mesma categoria.
Manter o centímetro de comedouro e saldo de machos sempre ajustados, fazendo conferências (contagens).
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- Outras considerações importantes:
A compartimentação dos aviários deve ser feita em pelo menos quatro boxes. Importante não ultrapassar 200 machos/box, e manter monitoramento do peso por box de cada aviário.
Nas seleções devemos separar em pelo menos três escores de peito.
Utilizar box de recuperação de machos, para animais com escores de peito inferior que “2”.
Recomendamos que tenha pelo menos uma pessoa especifica no lote que seja responsável pelo manejo e atenção diária aos machos.
Retirar continuamente do lote machos com defeitos/refugos/machucados.
Revisar frequentemente a condição física dos reprodutores, coloração e tamanho de crista, espessura e coloração de canelas, conformação corporal (fleshing de peito) e peso corporal. Esses são atributos físicos para a seleção visual, tanto para recuperação de aves, como para exclusão do plantel de animais que apresentam crista pouco desenvolvida e pálida, excesso ou falta de massa muscular peitoral, cloaca seca e pálida (RUTZ et al., 2007).
Segundo CELEGHINI et al. (2001), galos com crista bem desenvolvida apresentam maiores valores de volume seminal, concentração espermática, mobilidade progressiva, vigor e menor porcentagem de defeitos espermáticos, proporcionando consequentemente maiores índices de fertilidade.
Manter a cama em boa qualidade, sem a formação de cascão ou excesso de umidade, para evitar lesão nas patas dos reprodutores que interferem diretamente na sua atividade reprodutiva.
Referencias sob consulta junto ao autor
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