Concretizada a projeção de queda de 11 milhões de toneladas métricas na produção de milho na safra 2020/21 (março de 2021 – fevereiro de 2022), o Brasil deverá ter o menor volume de produção desde a safra 2017/18, quando a seca prejudicou severamente os rendimentos da colheita. A informação consta de relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), divulgado nesta segunda-feira (28/6).
Segundo o documento, que se baseia em dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a redução das previsões produtivas se deve ao grande atraso no plantio do milho safrinha, decorrente das persistentes condições de seca nas principais regiões produtoras. O ritmo de plantio para o milho safrinha foi, segundo algumas fontes do USDA, o mais lento dos últimos dez anos.
Outro problema refere-se à qualidade do milho. Segundo DERAL (Departamento de Economia Rural do Paraná), a qualidade da safra caiu significativamente devido à seca e, em meados de junho, apenas 23% da safra foi classificada como de “boa” condição, 45% de condição “média” e cerca de um terço classificado como estando em condição “ruim”.
Muitos produtores de Goiás, não querendo afundar o investimento em uma safra que já está fracassando, reduziram o uso de fertilizantes e produtos químicos agrícolas, o que pode vir a prejudicar ainda mais os rendimentos e a qualidade da colheita. Ao mesmo tempo em que se prevê redução na produção, o relatório aponta um aumento de 350 mil hectares em área plantada, chegando a um total de 19,85 milhões hectares (MHa).
Os preços recordes do grão motivaram os produtores a expandir a área plantada, mesmo quando arriscavam a queda na produtividade ao empurrar o ciclo de cultivo ainda mais para a estação seca. Em junho o milho foi comercializado a uma média R$ 95,92 por saca de 60 quilos (US $ 8,01 / bushel) na Bolsa de Mercadorias e Futuros do Brasil.
É uma ligeira queda em relação à média mensal de maio, quando o milho foi negociado a R$ 100,72 por saca de 60 kg (US $ 8,06 / bushel), porém é mais do que o dobro dos preços observados no mesmo período do ano passado. Diante da expectativa sombria em relação à safra de milho safrinha, a previsão é de que os preços do milho nacional permaneçam firmes ao longo de 2021, sustentados pela forte demanda doméstica por ração animal.
O consumo de milho no Brasil quase dobrou nas últimas duas décadas, à medida em que o país se tornou o maior exportador mundial de carne de frango e quarto maior exportador de carne suína.
Safra 2021/22
Preços historicamente altos e uma campanha estatal para aumentar a produção devem ter pelo algum impacto na área de milho plantada ainda no verão deste ano e, considerando as tendências de produtividade, o Brasil poderia facilmente quebrar seu recorde de produção de milho. No entanto, o resultado da próxima safra dependerá do plantio pontual do milho safrinha, bem como dos padrões climáticos.
Fonte: USDA