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Uso Racional de aditivos de Crescimento para Frangos de Corte

Escrito por: Christian Miles - Docente Universidade Metodista de São Paulo , Marcia Nishizawa - Docente Universidade Metodista de São Paulo , Mariane Faria Jácome - Universidade Metodista de São Paulo
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aditivos de crescimento mito

Neste trabalho foram abordados os principais mitos relacionados ao uso dos aditivos de crescimento na cadeia avícola, mostrando a realidade por trás das principais preocupações do consumidor.  Informar a sociedade sobre o real funcionamento da cadeia avícola deve ser um trabalho a ser executado com regularidade, para desfazer os mitos que envolvem o setor no Brasil.

A avicultura de corte no Brasil tem merecido uma posição de destaque nas últimas décadas no cenário do agronegócio brasileiro, pois é sem dúvidas, o setor de produção animal mais moderno e eficiente do país, além de um dos mais competitivos mundialmente. Certamente, a capacidade dos nutricionistas de utilizarem a enorme variedade de aditivos colabora para este cenário.

O uso de aditivos, como antibióticos, probióticos, prebióticos e simbióticos vêm sendo bastante enfatizado na alimentação animal, pois contribuem na melhoria do desempenho animal.

A utilização de aditivos muitas vezes não visa apenas o desempenho e a eficiência, mas também a prevenção e controle de doenças intestinais, imunomodulação, e o bem-estar animal. Obviamente, todos estes alvos resultam em impacto favorável sobre o desempenho e a posição que a avicultura de corte no Brasil se encontra.

O aumento da produtividade expôs os animais a uma situação maior de estresse, principalmente de origem nutricional. O estresse afeta diretamente o desempenho das aves de corte, causando queda no consumo alimentar seguido por uma deficiência energética e mobilização das reservas corporais.

A pouca diversidade da microflora intestinal de aves recém-eclodidas, além de ser considerada como um fator limitante para a digestão, também possibilita a colonização intestinal por patógenos entéricos. A má digestão e a má absorção podem agravar ainda mais a situação e resultar em perturbação digestiva principalmente devido ao crescimento bacteriano e fúngico no trato gastrointestinal.
Existem diversas preocupações por parte do grupo consumidor causando uma grande pressão sobre a utilização de aditivos de crescimento.

Muitos acreditam que são utilizados hormônios como aditivo para as aves devido a rápida conversão alimentar, e também muitos correlacionam o surgimento de resistência bacteriana com o consumo de carne de animais de produção.

Na verdade, muitas pessoas não tem conhecimento de como realmente funciona a produção destes animais e muitas notícias são veiculadas erroneamente através de grandes meios de comunicação, propagando ainda mais inverdades sobre a utilização dos aditivos.

Neste trabalho foram abordados os principais mitos relacionados ao uso dos aditivos de crescimento, mostrando a realidade por trás das principais preocupações do consumidor.

ANTIBIÓTICOS

Os antibióticos são instrumentos essenciais para tratamentos de doenças infecciosas. Na avicultura brasileira, começou a ser mais utilizado a partir da década de 60. Entretanto, a questão a se preocupar é se a produção de carnes e ovos é segura ao consumidor (BONATO, 2018).

Na medicina veterinária, o antimicrobiano é usado com finalidades diferentes:

Forma terapêutica

A forma terapêutica é feita quando há confirmação de animais doentes, podendo ela ser realizada de forma parenteral e individual, ou coletiva (terapia grupal) por via enteral, medicando as aves através da água ou ração (SPINOSA; TÁRRAGA, 2011).

É utilizada em doses consideravelmente elevadas e quando já se tem muitos indivíduos doentes (PALERMO-NETO, 2013).

TERAPIA METAFILÁTICA

A terapia metafilática também é realizada de forma grupal ou massal. Os animais de um mesmo lote, com alguns indivíduos apresentando sinais e sintomas indicando uma infecção, são medicados com concentrações terapêuticas de antibiótico (PALERMO-NETO, 2013).

De acordo com Barcellos et al. (2009), também pode ser utilizado como controle de clostridiose em áreas críticas. Faz-se o uso de antimicrobiano, em todas as aves e por curto período de tempo.
Uma questão levantada na avicultura quanto aos antimicrobianos é a respeito da possibilidade de se fazer associações entre moléculas dos mesmos antimicrobianos. Neste contexto devem-se evitar associações, segundo as boas práticas.

 

Nestes casos, é recomendado instruir-se por tabelas que contém as indicações das associações, efeitos sinérgicos, aditivos e antagônicos.

Desta forma, o uso profilático é a forma preventiva, quando não há animais enfermos (REGITANO; LEAL, 2010).

Um exemplo dessa terapia é a administração intraovo ou no 1° dia de vida, do ceftiofur ou da gentamicina para a prevenção da contaminação de pintinhos e/ou erradicação da Salmonella spp eventualmente presente nas matrizes ou a administração do ceftiofour juntamente com a vacina de Marek nos primeiros dias de vida dos animais.

De certa forma, as doses preventivas dos antibióticos são menores dos que as usadas de forma terapêutica e maiores das doses usadas de forma de aditivo, sendo administradas de forma contínua através da ração (REGITANO; LEAL, 2010).

Quadro 1: Uso dos antimicrobianos em produção animal* *Modificado de MCEWEN e FEDORKA-KREY, 2002.

ADITIVOS ZOOTÉCNICOS

Há também a terapia na forma de aditivos zootécnicos melhoradores de eficiência alimentar. Nesse caso não há animais doentes, o tratamento é realizado para aumentar o ganho de peso e melhorar a conversão alimentar, tendo assim uma melhora nos parâmetros de produtividade (PALERMO-NETO, 2013).

Para que os aditivos sejam considerados micronutrientes de alimentação, de acordo com Faria (2009), devem possuir as seguintes características:

Não ser mutagênico ou carcinogênico;

Melhorar o desempenho economicamente;

Melhorar a microbiota comensal normal;

Ser eficaz mesmo em doses pequenas;

Apresentar nula ou baixa capacidade de absorção oral (ou seja, não ter ação sistêmica);

Ter baixa capacidade de acúmulo residual;

Agir apenas contra bactérias gram-positivas;

Não ser tóxico para os animais nas dosagens recomendadas;

Não apresentar resistência cruzada com outros antibióticos;

Não ser criticamente importante para o uso terapêutico em medicina humana ou veterinária;

não ser prejudicial ao meio ambiente.

PROBIÓTICOS

Conforme Sanders (2000), probióticos são suplementos alimentares compostos de microrganismos vivos que beneficiam a saúde do hospedeiro através do equilíbrio da microbiota intestinal. Podem ser considerados como preparados de microrganismos, ou seus componentes, que têm um efeito benéfico sobre a saúde e o bem estar do hospedeiro.

Schrezenmeir e De Vrese (2001) consideram que o termo probióticos deveria ser usado para designar preparações ou produtos que contém microrganismos viáveis definidos e em quantidade adequada que alteram a microbiota própria das mucosas por colonização de um sistema do hospedeiro, produzindo efeitos benéficos em sua saúde. Independentemente do conceito utilizado.

Os probióticos trazem benefícios à saúde do hospedeiro e não deixam resíduos nos produtos de origem animal.

PREBIÓTICOS

Prebióticos são definidos como compostos não digeríveis por enzimas do organismo animal, e que proporcionam efeito benéfico ao hospedeiro por estimular seletivamente o crescimento e/ou metabolismo de um limitado grupo de bactérias no cólon.

Os prebióticos são representados, principalmente, pelos frutoligossacarídeos, glucoligossacarídeos e mananoligossacarídeos (UTIYAMA et al., 2006).

À medida que as bactérias probióticas e mananoligossacarídeos (MOS) são administradas, a saúde intestinal se torna permanente, impossibilitando o estabelecimento de patógenos como Escherichia coli, Clostridium, Salmonella (SILVA et al., 2009).

Silva (2000) especifica que a microbiota é favorecida pela ação dos prebióticos que têm a capacidade de se ligarem à fímbria de bactérias patogênicas, conduzindo-as junto com o bolo fecal.

A essa ação soma-se a dos probióticos, facilitando a nutrição das células (enterócitos) que recobrem todo o trato digestivo, reduzindo a produção de amônia e aminas, proporcionando equilíbrio e saúde intestinal às aves.

Os antibióticos a seguir estão registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) como aditivos zootécnicos melhoradores de eficiência alimentar:

 

O uso de probióticos tem um grande potencial para a redução do risco de infecção por patógenos, eliminando totalmente o risco dos antibióticos de indução a formas microbianas patogênicas resistentes. Além disto, o potencial de contaminação de carcaças por patógenos oriundos de contaminação intestinal é diminuída (EDENS, 2003).

BARCELLOS et al. (2009) comentam sobre a importância do uso de aditivos ou medicação profilática em produção animal, as consequências da impossibilidade do uso dos mesmos.

Entretanto, é necessário saber o tipo de procedimento farmacológico a se utilizado (profilático ou aditivo), adaptar a escolha do antibiótico e as doses a serem feitas de acordo com o que for necessário.

O uso prudente dos antibióticos na avicultura

Focando na eficácia dos antibióticos na avicultura há recomendações para usá-los tanto na medicina humana quanto na medicina veterinária.

É desejável diminuir o uso de antibióticos em animais de produção, monitorando a saúde dos animais e adotando medidas preventivas (como programas de melhoramento genético, nutricional e ambiental, etc).

Antes de escolher o princípio ativo, é necessário saber todas as vantagens e desvantagens dos antibióticos, usando-os apenas quando o resultado pretendido for certo.

É muito importante manter os protocolos de uso racional, medicando o animal sempre com orientação de um médico veterinário, seguindo corretamente a prescrição indicada de medicamentos devidamente aprovados pelo MAPA, tratando somente dos animais doentes e os que estejam em contato com os mesmos.

Evitar usar como aditivos e de forma profilática na produção animal, os antibióticos que são criticamente importantes para tratamento humano e animal, como cefalosporina de terceira e quarta geração,  macrolídeos, quilonas e fluroquinolonas (ACAR et al., 2001).

Conclusão

O crescente uso de aditivos, como antibióticos,  probióticos, prebióticos e simbióticos na alimentação animal, vem contribuindo não somente com o desempenho dos animais, mas também para a prevenção de doenças intestinais e imunomodulação das aves, tendo efeito sobre o bem-estar animal.

Todos esses aditivos seguem as devidas regras para serem administrados na produção animal, não comprometendo a qualidade do produto e a saúde humana. Como complemento, o melhoramento genético e nutricional avançou de forma surpreendente nas últimas décadas, sendo capazes de trazer os resultados esperados.

Cabe as instituições de ensino, empresas e órgãos públicos colocarem a população a par do real funcionamento da cadeia de produção avícola, a fim de esclarecer os protocolos nutricionais, avanço genético e manutenção das aves, além de informar sobre a legislação e fiscalização que rege a avicultura.

Esse trabalho informativo deve ser feito com regularidade, para que no futuro não exista esse mito envolvendo a produção avícola no Brasil, proporcionando ao setor comercial um crescimento seguro, e extinguindo o medo e preconceito da população sobre este importante produto do comércio brasileiro.

Referências Bibliográficas em arquivo anexo

 

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