O ano de 2019 foi bastante produtivo para o setor avícola brasileiro. Apesar dos aumentos no custo de produção – resultante do aumento dos preços dos insumos, principalmente milho e farelo de soja – a demanda aquecida permitiu adequar este quadro carne de frango e ovos. Isto graças ao significativo crescimento do consumo interno e das exportações.
O cenário tende a continuar positivo em 2020, frente à crise decorrente aos focos de peste suína africana na China e outros países da Ásia, que levou à morte e ao sacrifício sanitário de milhões de animais. O combate aos surtos da enfermidade trouxe como resultado um aumento nas importações de carne suína, bovina e de aves para suprir as demandas locais. O Brasil, maior exportador de carne bovina e de frango e quarto maior exportador de carne suína, naturalmente aproveitou esta janela de oportunidades.
O quanto aumentaremos nossas exportações, entretanto, irá depender da evolução das exportações de carne de frango dos Estados Unidos para a China, reabertas no final de 2019, e da evolução da epidemia de coronavírus. Quanto às exportações de carne de perus, bastante prejudicadas pela desabilitação de plantas pela União Europeia e pelas suspensões feitas pelo MAPA, o cenário é mais otimista já que existe a expectativa da vinda de uma missão ainda no primeiro semestre para reabilitar as plantas suspensas.
No caso específico do setor de postura, houve um aumento bastante significativo no consumo interno, passando de 192 ovos/habitante em 2017 para 230 ovos em 2019. Vários fatores foram responsáveis por esse incremento com destaque para a melhoria da imagem do produto como resultado do trabalho da Ovos Brasil e do esclarecimento da classe médica e dos nutricionistas sobre as qualidades do ovo.
Já no caso da genética avícola, cabe destacar que o Brasil se consolidou como uma plataforma de exportação de avós, matrizes e ovos férteis, tanto de corte como de postura. Além de trazer divisas para o país, ajuda a manter o mercado interno ajustado, evitando aumento nos alojamentos acima da capacidade de comercialização de carne de frango e de ovos.
Mas, nem tudo são flores. Temos vários desafios pela frente. Na área econômica, há os aumentos nas exportações de milho e na utilização do cereal para a produção de etanol. Na área técnica, restrições ao uso de antimicrobianos como melhoradores de desempenho, questões relacionadas ao bem-estar animal e uma agenda cada vez mais complicada para harmonizar a parte regulatória do MAPA e da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia, relacionadas a condenações e ergonomia, respectivamente.
Meu papel como diretor técnico será o de selecionar artigos que orientem os empresários sobre as tendências de mercado, capacitem os produtores e esclareçam o consumidor, as ONGs e a classe médica e nutricionistas. A tarefa não será fácil, mas como temos bons articulistas no Brasil, aliado ao excelente conceito da revista aviNews, tenho certeza que o resultado será positivo ao final de 2020.
Boa leitura a todos!
PDF