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NOVUS e o uso de enzimas e minerais quelatados em nutrição de aves

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entrevista novus

Conteúdo disponível em: Español (Espanhol)

Dr. Ricardo González Esquerra, Gerente Sênior de Pesquisa e Desenvolvimento para América Latina e África da Novus International Inc., trabalha na empresa desde 2003.

Iniciou como Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento em Nutrição de Monogástricos na sede corporativa da empresa em Saint Louis, Missouri, cargo que ocupou por três anos. Posteriormente, foi Gerente Técnico do Brasil, Gerente de Soluções da América Latina e, finalmente, há quatro anos, Gerente Sênior de Pesquisa e Desenvolvimento para América Latina e África.

“Nestes anos de trajetória com a Novus, vivo um período muito interessante da história da empresa, que foi parte do processo de transição de uma empresa de metionina para uma empresa com um portfólio robusto de especialidades e soluções”, indica.

Que importância têm as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento na NOVUS?

A Novus é, em essência, una empresa de tecnologia. A atividade inovadora, através da Pesquisa científica, tem sido historicamente um pilar fundamental nas atividades da Novus. É assim que desenvolvemos soluções novas para os desafios que apresenta a indústria pecuária global, desde a perspectiva da Nutrição Animal e da Saúde através da Nutrição.

Para garantir nossa relevância no mercado, há um meticuloso monitoramento das necessidades presentes e futuras da indústria pecuária que direciona nosso trabalho científico e esforços no desenvolvimento de novas soluções. A aprendizagem é constante e a mudança de rumo é rápida se a indústria assim o requer.

Quais são os principais problemas da indústria avícola na região, vinculados à nutrição?

Eu gostaria de mencionar somente alguns exemplos de problemas e conceitos que a indústria na região está discutindo atualmente pois a pregunta é aberta e o tema muito extenso.

O custo de alimentação é alto, não importa o quanto baratos acreditas que sejam seus insumos, sempre são caros. Basta observar os balanços contábeis de qualquer empresa avícola para se dar uma real dimensão a este custo. É assim que, de forma simplista, o principal problema de una empresa avícola relacionada a nutrição em geral é conseguir matéria prima barata em abundância e de boa qualidade. A maioria das empresas que não está hoje conosco não manejou bem este problema.

“Fazer uso eficiente dos ingredientes que temos é uma alta prioridade e há muita atividade na busca de aditivos nutricionais que ajudem a melhorar a eficácia da dieta”.

A avaliação e monitoramento da qualidade das matérias primas usadas nas dietas é um tema muito importante e, nesse contexto, há um interesse renovado numa melhor avaliação da qualidade de subprodutos da soja, com ênfase no entendimento do papel de inibidores de tripsina como parâmetro de importância. A baixa correlação dos parâmetros da qualidade da soja usados atualmente com a digestibilidade de aminoácidos e energia destes ingredientes, juntamente com o papel dos inibidores de tripsina na saúde intestinal e o desempenho das aves, justificam este interesse.

Outro universo que ocupa um espaço cada vez maior é a qualidade da carne, com uma preocupação crescente pela presença de miopatias como peito amadeirado, estrias brancas no peito, miopatia peitoral profunda, e a busca de estratégias para reduzir-las. A eficácia de estratégias nutricionais viáveis para este fim necessita ser estabelecida.

O uso cada vez mais restringido de antibióticos promotores de crescimento e opções terapêuticas tem crescido seja por restrições nas legislações locais ou por restrições comerciais, abrindo espaço para a avaliação de aditivos como óleos essenciais, probióticos, ácidos orgânicos etc.

Há anos deixamos de nos preocupar em entender melhor os requerimentos de microminerais e de vitaminas. A ideia predominante era de que eram insumos de baixo custo e que os níveis praticados industrialmente talvez não fossem os mais adequados, mas eram “seguros” e permitiam um ótimo desempenho e saúde.

Esta visão é cada vez mais desafiada e observamos oportunidades interessantes para fazer ajustes nutricionais que podem melhorar o desempenho zootécnico, rendimento da carne etc., e a rentabilidade da empresa.

Em que medida as enzimas podem melhorar a eficiência alimentar?

O espaço que têm as enzimas é muito grande. Imagine que por umas 6 semanas das 52 do ano, você jogue fora 100% do milho, farinhas de origem vegetal e animal etc., que usas nas dietas das aves. Se, por 6 semanas você parar na porta da fábrica de alimento e mandar eliminar todos os carregamentos de insumos recebidos ao lixo. Parece uma loucura, porém algo parecido é feito no trato gastrointestinal das aves todos os dias. E mais ou menos nessa mesma proporção (6/52) se pensarmos na digestibilidade da dieta que estes animais consomem.

A eficiência na utilização desses insumos é um grande problema e, nesse cenário, a adição de enzimas é de grande interesse.

Observo na região um sólido aumento no uso combinado de enzimas como fitase, carbohidrolases e proteases, com diversas estratégias como a redução de custo do alimento, melhora da saúde intestinal e/ou melhora do desempenho zootécnico.

Com relação à quantidade variável de inibidores de tripsina que têm os lotes de soja recebidos nas fábricas de alimento e o efeito negativo que têm as variações na qualidade da soja na saúde intestinal e desempenho zootécnico das aves, fizemos um trabalho recente de monitoramento de farinhas de soja na região e observamos valores que podem causar problemas no campo, e que podem ser reduzidos com o uso adequado de uma protease.

Quais são os benefícios de utilizar microminerais quelatados no setor avícola latino-americano?

Precisamos rever alguns conceitos como, por exemplo, o da bio-eficácia relativa de uma fonte mineral versus outra. Os benefícios são muito diversos e dependem do tipo de mineral quelatado, do mineral per se (Zn, Cu, Mn, Se, etc.) e da finalidade zootécnica das aves em questão. Existem benefícios como a redução do risco de contaminação de metais pesados, dioxinas etc., e a redução da excreção de minerais no meio ambiente. Enfim, há muitas oportunidades de melhorar parâmetros de relevância econômica com um retorno sobre inversão mais claros como alguns dos mencionados anteriormente.

Para entender em que situações podemos usar minerais quelatados de forma rentável, vale a pena repensar como usamos o conceito de bio-eficácia de uma fonte mineral vs. uma fonte alternativa. Por exemplo, se dizemos que a bio-eficácia de um quelato de metionina hidroxianáloga (HMTBA) contra um sulfato é de 200%, não significa que podemos usar indistintamente a metade de quelato em relação ao sulfato e obter o mesmo resultado biológico no campo. Isto porque cada fonte mineral pode ter um potencial de desempenho diferente.

Por exemplo, o NRC (2001) de porcos mencionou que a biodisponibilidade do Cu de CuSO4 é de 5% e a de CuO é de 1%. É uma prática comum usar CuSO4 como promotor de crescimento em porcos. Esse efeito biológico não se replica se usamos óxido de Cu aumentando a dose 5 vezes. Os porcos respondem a CuSO4, e não a CuO. O efeito promotor é característico de CuSO4 e não de CuO.

Em estudos conduzidos na região temos demonstrado que esse fenômeno também pode ocorrer com minerais quelatados vs. sulfatos, de tal forma que, por exemplo, quando substituímos sulfato de Zn em frangos de corte por Zn quelato de HMTBA, as aves ganharam 42 g de peso e melhoraram seu índice de eficiência produtiva em 17 pontos; e que esse nível de desempenho não foi alcançado com ZnSO4, nem em níveis maiores de suplementação. O mesmo ocorreu com CuSO4 vs. Cu quelato de HMTBA. Portanto, este tipo de mineral quelatado pode viabilizar o alcance de níveis superiores de desempenho ao de minerais inorgânicos em parâmetros de relevância econômica. E é assim que, em frangos de corte, podemos melhorar o desempenho zootécnico, rendimento de carne, qualidade da carne, saúde intestinal e imunidade.

Na nutrição industrial o valor de bio-eficácia de uma fonte mineral vs. outra não é uma taxa de substituição fixa de um pelo outro, e tampouco significa que teremos a mesma resposta biológica usando esse valor como coeficiente de substituição.

Quando observamos o efeito biológico de uma molécula orgânica, esse efeito deve ser atribuído a essa molécula em particular e não a qualquer mineral orgânico. Menciono isto porque há muita confusão em relação aos tipos de minerais orgânicos no mercado. Inclusive, publicações científicas se confundem. Se vou fazer um trabalho de requerimentos de Zn com um mineral inorgânico, os editores de uma revista científica exigem que mencione o nome da molécula que usei no estudo, por exemplo, sulfato, óxido etc. Porém, às vezes isso não ocorre com minerais orgânicos, basta dizer que são “orgânicos”, apesar das grandes diferenças na estrutura, peso molecular etc., Entre eles, e apesar de classificações detalhadas independentes existentes que podem ser tomadas como referência, sugiro revisar alguma classificação independente destas moléculas, como por exemplo, a classificação dada pela Association of American Feed Control Officials (AAFCO).

Quais são as considerações no momento de elaborar a ração, para que se possa reduzir o impacto ambiental?

O impacto ambiental e a quantificação desse impacto é uma área de muito interesse para a indústria. Em algumas regiões como na Comunidade Europeia, a legislação limita os níveis de suplementação de alguns nutrientes como Zn e Cu, ou a excreção de alguns elementos.

Na América Latina o interesse em reduzir a excreção de minerais como ol Zn e Cu começa a ter visibilidade.

A preocupação é derivada de pesquisas que relacionam a concentração desses minerais em fezes ao aumento da frequência bacteriana de cepas resistentes a certos antibióticos, de tal forma que quanto maior a concentração de Zn e Cu em fezes, maior a frequência destas cepas. Nesse caso, o uso de minerais quelatados a menores doses não só produz os benefícios antes mencionados, como ajudam a reduzir a excreção destes minerais nas fezes.

De forma geral, a principal estratégia para reduzir o impacto ambiental é a própria melhora da conversão alimentar pois acarreta uma redução geral de excretas por kg de carne produzida. O uso de fitase tem contribuído muito para reduzir a excreção de fósforo, e o uso de proteases reduz a excreção de azoto. Os aminoácidos sintéticos têm ajudado muito a reduzir o impacto ambiental, pois permitem usar dietas com menos proteína e melhoram a eficiência na deposição dessa proteína na carne.

Atualmente há muitos fatores para avaliar e controlar quando se formula uma dieta. Quais são primordiais na hora de planejar os novos desenvolvimentos na Novus?

Estamos muito enfocados em projetar tecnologias que melhorem a rentabilidade do setor em general, seja através de melhoras no desempenho ou eficiência na utilização dos insumos. Queremos ajudar nossos clientes a melhorar o rendimento e a qualidade da carne, promover a saúde dos animais através da nutrição.

A Novus, como uma empresa global líder em nutrição animal, tem diversas equipes de técnicos e cientistas que trabalham em diferentes projetos. Isso é feito conforme as prioridades geográficas, ou sempre trabalham de maneira conjunta em projetos de pesquisa de âmbito global?

Desenvolvemos nossas atividades de pesquisa e desenvolvimento, além do suporte aos clientes, com equipes técnicas globais, com sua base em Saint Louis, Missouri, EUA; e equipes técnicas regionais atuando próximo ao cliente nos diversos países.

O perfil profissional de cada indivíduo é muito diferente, assim como o âmbito de seus conhecimentos. Desta forma, temos muita experiência acumulada em áreas muito diversas. Isto é importante para uma empresa de inovação tecnológica.

Há um esforço muito grande para manter um ambiente diverso e multicultural dentro da empresa. Basta visitar nossos escritórios ou ver os nomes de nossos colaboradores.

Da mesma forma, colaboramos ativamente com clientes, formadores de opinião, cientistas, acadêmicos, consultores, empresas de outras indústrias etc., multiplicando os recursos do nosso capital humano para servir melhor à nossa indústria.

Quais são as linhas mestras em termos de pesquisa que a Novus prioriza para seus projetos futuros na região?

Em termos gerais, estamos desenvolvendo trabalhos nas áreas que antes mencionei. Sempre com um foco muito grande na rentabilidade dos nossos clientes.

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